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ACADEMIA E SOCIEDADE
Programa da CAPES aproxima sociedade da pós-graduação
Os pilares do tripé universitário são ensino, pesquisa e extensão. O terceiro deles é o que aproxima academia e sociedade. Apesar disso, é historicamente menos citado que os outros dois na CAPES e no Sistema Nacional de Pós-Graduação (SNPG) como um todo. Para mudar essa situação, a Fundação criou o Programa de Extensão na Pós-Graduação (Proext-PG), em 2023. Nada menos que 191 instituições participam, e os investimentos superam R$ 90 milhões.
No Amazonas, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) tem na agroecologia e na biodiversidade os temas principais dos trabalhos. O objetivo é beneficiar a sociedade a partir do compartilhamento do conhecimento. Para isso, estabeleceu-se um procedimento chamado pesquisa participativa, no qual os produtores rurais participaram da construção das propostas. Além de Manaus, capital do estado, os municípios envolvidos foram Careiro da Várzea, Codajás, Maraã, Maués e Presidente Figueiredo.
A sustentabilidade é chave nas ações. Essas envolvem o desenvolvimento de um programa de capacitação em sistemas agroecológicos e produção orgânica para produtores familiares, a implantação de unidades demonstrativas de produção orgânica de abacaxi, a produção de biocarvão a partir dos resíduos de agroindústria do açaí e o estudo do estoque de carbono e da fertilidade do solo em quintais agroflorestais indígenas do povo Sateré-mawé.
As experiências envolveram a troca do conhecimento científico da academia e do conhecimento tradicional dos povos locais, por meio de oficinas de treinamentos, técnicas e experimentações desenvolvidas pelas comunidades com avaliação e monitoramento dos pesquisadores.
“É possível produzir nos solos pobres da Amazônia, fazendo uso dos recursos disponíveis localmente, contribuindo para uma maior compreensão dos danos ambientais causados por atividades não sustentáveis”, afirma a coordenadora da proposta, Sonia Alfaia, do Programa de Pós-Graduação em Agricultura no Trópico Úmido do Inpa.
O Instituto Federal Goiano (IF Goiano), por sua vez, concentra esforços para popularizar a ciência no interior do estado de Goiás. O projeto envolve os 14 programas de pós-graduação do Instituto e é coordenado por Rhanya Rodrigues, professora do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico na instituição. O público-alvo inclui estudantes da educação básica e produtores rurais.
Alunos do ensino médio das redes públicas de ensino municipal e estadual de escolas de Rio Verde passaram por atividades de experimentação e iniciação científica sob o tema “Água Fonte da Vida: estações pedagógicas explorando ciência e sustentabilidade socioambiental”. O evento ocorreu no campus do IF Goiano no município. Já na cidade de Ceres, produtores rurais e integrantes do Instituto promoveram um dia de campo intitulado “Produção sustentável de grãos no cerrado”.
Essas foram algumas das atividades promovidas por Rhanya e sua equipe ao longo de 2024. “Contabilizamos quase 2 mil pessoas alcançadas no Centro-Norte e Sudeste Goiano”, relata a pesquisadora. “Houve articulação de parcerias interinstitucionais, incluindo a Emater, sindicatos de trabalhadores rurais e secretarias municipais de Educação”, frisa.
Há também projetos que se concentram em uma localidade. A proposta da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), intitulada “Projeto Ciência na Comunidade” é voltada para o povoado de Duas Irmãs, no município de Manoel Vitorino. As ações envolvem áreas como educação, agricultura familiar, saúde e qualidade de vida, sustentabilidade ambiental e cultura, esporte e lazer. A comunidade tem uma escola municipal para anos iniciais do ensino fundamental e educação de jovens e adultos (EJA), o abastecimento de água se dá por carro-pipa e a agropecuária é a principal atividade econômica.
“Pretendemos realizar um diagnóstico pautado em diferentes parâmetros (social, educacional, ambiental, cultural, artístico, econômico, trabalho e violência) para compreender as principais demandas da comunidade”, explica o coordenador do projeto, Robério Silva. “Com base nisso e com a participação dos grupos sociais, vamos propor ações visando a construção de alternativas para a melhoria das condições de vida da população”, continua o pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da Uesb.
Participação de grupos sociais é um ponto de destaque no projeto “Construindo juntos”, da Universidade Federal de Alfenas (Unifal), em Minas Gerais. O projeto trata de um observatório do clima, da defesa territorial da Serra da Mantiqueira, da gestão sustentável de resíduos orgânicos e agroindustriais, além de nutrição saudável. O trabalho é dividido em três dimensões: educação, sociedade e geração científica.
“Criamos uma rede colaborativa com diversos parceiros regionais e nacionais, como a organização não-governamental Rizomar, a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), prefeituras municipais, escolas estaduais, universidades nacionais e internacionais e cooperativas de viticultores do Sul de Minas”, relata a coordenadora-geral de Pós-Graduação da Unifal, Fernanda Borges, que destaca a aprovação de um projeto conjunto com a Epamig no valor de R$ 2,5 milhões, quantia financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).
Já na Universidade Federal do Pampa (Unipampa), no Rio Grande do Sul, o principal aspecto é a divulgação científica. As ações incluíram a apresentação a estudantes da educação básica de materiais e matérias-primas do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais, oficinas do PPG em Educação em escolas públicas de Jaguarão, ação do programa de Administração em cozinhas solidárias junto a organizações como o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), bem como a atuação do PPG em Ciência Animal em abrigos de animais resgatados nas enchentes de maio de 2024 na cidade de Canoas.
Coordenador do projeto, Fábio Gallas Leivas diz que o trabalho se dá em conjunto, “privilegiando o diálogo e a escuta do conjunto da sociedade, possibilitando a melhoria da formação dos alunos de pós-graduação”. O acadêmico, que é pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da Unipampa, afirma que a extensão é um processo de compartilhamento “com a comunidade onde a Unipampa está inserida”.
Sobre o Programa
O Proext-PG tem por objetivo contribuir para a elaboração de políticas públicas voltadas ao desenvolvimento sustentável, à cidadania, à justiça, ao fortalecimento da democracia, à participação social, à qualidade de vida e à redução das assimetrias no Sistema Nacional de Pós-Graduação. Com o programa, a CAPES também pretende promover a integração entre ensino, pesquisa e extensão em interação com diversos segmentos da sociedade.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
(Brasília – Redação CGCOM/CAPES)
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