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Pesquisador explora relação entre doenças cardíacas e mentais
Leandro Bueno Bergatin é formado em Biomedicina pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e em Medicina pelo Centro Universitário Barão de Mauá. Com bolsa da CAPES/MEC, fez o mestrado e doutorado também na Unifesp. Também cursou o estágio sanduíche na Universidad Autónoma de Madrid, na Espanha. Em sua pesquisa, o cientista investigou a ligação entre uma arritmia cardíaca — a fibrilação atrial — e doenças psiquiátricas, como depressão, ansiedade, transtorno bipolar e esquizofrenia. O estudo partiu da hipótese de que disfunções na sinalização de Ca²⁺/cAMP, crucial para o funcionamento de células cardíacas e neurônios, seriam um elo fisiopatológico comum. Essa abordagem inovadora abre novas perspectivas para compreender a comorbidade frequentemente observada entre essas condições. O resultado do trabalho consta de artigo publicado no World Journal of Psychiatry. “Essa abordagem integrativa abre caminho para novas estratégias terapêuticas, de tratamento mais eficazes e de abordagens preventivas, além de contribuir para diagnósticos mais precisos, tratamentos personalizados e políticas públicas de saúde mais eficazes”, destaca. "Se pudermos identificar os mecanismos moleculares comuns que ligam o coração e o cérebro, poderemos, no futuro, personalizar terapias que beneficiem ambos os sistemas”, acrescenta.
Sobre o que é a sua pesquisa? Explique de forma mais detalhada o conteúdo do trabalho.
Minha linha de pesquisa investiga a interação entre os sinais intracelulares de cálcio e adenosina monofosfato cíclico, conhecida como sinalização Ca²⁺/cAMP. No artigo publicado no World Journal of Psychiatry, debato a possível ligação entre fibrilação atrial — uma arritmia cardíaca comum — e doenças psiquiátricas, como depressão, ansiedade, bipolaridade e esquizofrenia. A hipótese central é que a desregulação da sinalização Ca²⁺/cAMP pode ser um elo fisiopatológico entre essas condições, influenciando tanto o sistema nervoso quanto o cardiovascular. A fibrilação atrial afeta milhões de pessoas em todo o mundo, aumentando significativamente o risco de acidente vascular cerebral, insuficiência cardíaca e outras complicações graves. Paralelamente, a prevalência de transtornos psiquiátricos, como depressão, ansiedade e transtorno bipolar, também é crescente, gerando um enorme impacto na saúde pública global.
O que você destacaria de mais relevante no seu estudo?
O aspecto mais inovador é a proposta de que a interação Ca²⁺/cAMP pode representar um mecanismo comum entre doenças cardíacas e mentais. Essa abordagem integrativa abre caminho para novas estratégias terapêuticas, especialmente no uso racional de bloqueadores de canais de cálcio e moduladores de cAMP, que já são utilizados na prática clínica. Além disso, o artigo reúne evidências epidemiológicas e moleculares que sustentam essa conexão, oferecendo uma nova perspectiva para o entendimento da comorbidade entre essas doenças.

- Imagem: Leandro Bueno Bergantin recebendo a Medalha de Mérito Cívico na Câmara Municipal de Limeira (SP). Da esquerda para a direita: avó, mãe, Leandro Bueno Bergantin e tia (Arquivo pessoal)
De que forma o seu trabalho pode contribuir para a sociedade?
Ao propor um modelo unificado para entender a relação entre doenças psiquiátricas e cardiovasculares, minha pesquisa pode contribuir para diagnósticos mais precisos, tratamentos personalizados e políticas públicas de saúde mais eficazes. A fibrilação atrial e os transtornos mentais são condições de alta prevalência e impacto socioeconômico. Compreender seus mecanismos compartilhados pode melhorar a qualidade de vida de milhões de pessoas.
De que forma a bolsa da CAPES/MEC contribui para sua formação?
A CAPES/MEC foi essencial em todas as etapas da minha formação acadêmica. As bolsas de mestrado e doutorado me permitiram dedicação exclusiva à pesquisa, acesso a intercâmbios internacionais e participação em congressos científicos. Além disso, a CAPES/MEC promoveu a internacionalização da minha produção científica, como evidenciado pela publicação no World Journal of Psychiatry, periódico de alto impacto na área da saúde mental.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
(Brasília – Redação CGCOM/CAPES)
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