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Pesquisador cria estrutura sustentável de 30 g que suporta 700 kg
Rodrigo José da Silva é engenheiro mecânico pela Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), onde iniciou os estudos em análise estrutural estática e dinâmica, sustentabilidade e modelos matemáticos. Na mesma instituição mineira, ele fez o mestrado e o doutorado. Bolsista da CAPES nas duas etapas de formação, ele desenvolveu uma estrutura treliçada híbrida feita com hastes de bambu e juntas poliméricas vegetais derivadas de soja e mamona, com massa de 30 gramas e capaz de suportar 700 quilos. O material pode ser aplicado na construção de drones, componentes aeroespaciais e equipamentos automotivos. “Ao substituir materiais sintéticos por opções biodegradáveis, é possível reduzir o impacto ambiental e oferecer soluções viáveis para países em desenvolvimento”, destaca. O trabalho, que alia engenharia de ponta e sustentabilidade, já foi publicado em diversas revistas científicas internacionais. Também com bolsa da agência, o pesquisador estudou na University of Bristol, na Inglaterra. Atualmente, integra o European Organization for Nuclear Research (CERN) da Suíça.
Sobre o que é a sua pesquisa?
Minha pesquisa sempre foi voltada para a inovação em materiais compósitos e estruturas leves e sustentáveis. No mestrado, busquei corrigir limitações nas normas existentes para caracterização de estruturas sanduíche, um material composto por duas placas rígidas e um núcleo leve, que oferece alta resistência com pouco peso, presente na engenharia civil, naval, aeronáutica e aeroespacial e usado em estruturas que exigem leveza, isolamento e durabilidade. A tecnologia permite construções e veículos mais eficientes, seguros e sustentáveis.
No doutorado, concentrei meus estudos nas metaestruturas treliçadas de bambu, projetadas para funcionar como núcleos leves e resistentes
de vigas sanduíche. Essas metaestruturas são compostas por elementos que manipulam vibrações, ondas ou esforços mecânicos de maneira inteligente e personalizada. Usadas em aeronaves, navios, edifícios e pontes, elas ajudam a reduzir ruídos, dissipar impactos e melhorar o desempenho estrutural. O grande destaque foi o desenvolvimento da célula híbrida com bambu, soja e mamona, capaz de suportar elevadas cargas de compressão com peso extremamente reduzido. Essa solução ecológica e de alto desempenho tem potencial para aplicações em drones sustentáveis e outros projetos onde resistência e leveza são fundamentais.
O que destacaria de mais relevante?
Destaco a criação da célula treliçada híbrida que alia sustentabilidade, leveza e resistência mecânica. Ver um elemento estrutural natural, com apenas 30 gramas suportando 700 kg, me mostrou que é possível unir engenharia de ponta e sustentabilidade. Outro ponto marcante foi o reconhecimento do meu trabalho pela UFSJ, que divulgou amplamente minha pesquisa e conquistas, destacando a publicação em revistas internacionais e a projeção internacional da universidade através da minha atuação.
Como o seu trabalho pode contribuir a sociedade?
Acredito que minha pesquisa contribui para a sociedade ao propor soluções estruturais sustentáveis e alto desempenho, utilizando materiais naturais renováveis. Ao substituir materiais sintéticos por opções biodegradáveis como bambu, soja e mamona, é possível reduzir o impacto ambiental e oferecer soluções viáveis para países em desenvolvimento. As estruturas desenvolvidas podem ser aplicadas na construção de drones sustentáveis, componentes aeroespaciais, sistemas construtivos leves e equipamentos automotivos. Além disso, pode ser empregado por engenheiros e pesquisadores para a caracterização de diferentes configurações de estruturas sanduíche, ampliando o leque de possibilidades para novos materiais.
De que forma a bolsa da CAPES ajudou na sua formação?
A CAPES foi essencial em toda a minha trajetória. Durante o mestrado, a bolsa me possibilitou dedicação exclusiva à pesquisa e a oportunidade de estruturar e validar o meu trabalho. No doutorado, além de permitir a continuidade da pesquisa, a CAPES viabilizou o período sanduíche na University of Bristol por meio do Programa de Doutorado Sanduíche no Exterior (PDSE). Essa experiência foi determinante para o refinamento técnico do projeto, expansão do conhecimento e consolidação de parcerias internacionais. O apoio da CAPES refletiu diretamente na qualidade das publicações, no impacto acadêmico da pesquisa e na minha inserção no cenário internacional, que culminou com minha atual posição como engenheiro de P&D no CERN, na Suíça.
Acesse o artigo: https://link.springer.com/article/10.1007/s42114-025-01359-1
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
(Brasília – Redação CGCOM/CAPES)
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