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PRÊMIO CAPES DE TESE
Pesquisa com biomarcadores pode otimizar imunoterapia para câncer de pele no SUS
Bruna Sorroche iniciou sua trajetória movida por um forte interesse em genética ainda no ensino fundamental. Ex-bolsista CAPES/MEC e graduada em Engenharia Biotecnológica pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), de Assis (SP), ela direcionou sua carreira para a oncologia, aprofundando-se na área de Genética Molecular. Depois, fez o mestrado e doutorado em Ciências da Saúde com ênfase em Oncologia no Hospital de Câncer de Barretos (SP), período em que estudou também em Lyon, na França, e em Leuven, na Bélgica. A coroação dessa trajetória foi o Prêmio CAPES de Tese na área de Medicina I, concedido ao trabalho intitulado Inibidores de checkpoint imunológico: desfecho clínico e biomarcadores para predição de resposta em pacientes com melanoma. A pesquisa investiga métodos para prever quais pacientes responderão à imunoterapia, cruzando dados biológicos do tumor para tornar a escolha dos tratamentos mais assertiva e personalizada.
Sobre o que é a sua pesquisa? Explique o conteúdo da sua tese.
Minha tese analisou amostras de pacientes tratados com inibidores de checkpoint imunológico, uma classe de imunoterapias voltada ao tratamento do melanoma avançado. Apesar de representarem um enorme avanço, apenas parte dos pacientes apresenta resposta duradoura a este tratamento, enquanto outros não se beneficiam e ainda sofrem com efeitos colaterais importantes. O foco central da pesquisa foi responder à seguinte questão: como prever quais pacientes têm maior chance de responder ao tratamento? Para isso, conduzimos um estudo integrado que combinou dados clínicos com análises moleculares complexas. Investigamos um amplo painel de biomarcadores, abrangendo expressão de genes imunológicos, características tumorais, citocinas circulantes e assinaturas genéticas específicas. Por meio de ferramentas de bioinformática e biologia molecular, cruzamos esses dados com os desfechos clínicos. Foi um trabalho de medicina translacional, que buscou na biologia do tumor e do paciente as chaves para uma oncologia mais precisa e personalizada.
O que vale destacar de mais relevante na sua pesquisa?
Dois pontos merecem destaque: a relevância clínica imediata, pois identificamos um conjunto de biomarcadores com forte poder preditivo que permitirão desenvolver um teste capaz de apoiar a decisão terapêutica, evitando que pacientes recebam um tratamento ineficaz e potencialmente tóxico. O outro destaque são a inovação e a propriedade intelectual. A relevância dos achados levou ao depósito de um pedido de patente, validando a originalidade e aplicabilidade do estudo e criando um ativo tecnológico para o país, com potencial de beneficiar muitos pacientes.
De que forma a sua pesquisa pode contribuir para a sociedade?
A contribuição social dessa pesquisa é direta e especialmente relevante no contexto do Sistema Único de Saúde (SUS). A imunoterapia é um tratamento de alto custo e, atualmente, não está amplamente disponível para toda a população. Nossa pesquisa oferece uma estratégia para otimizar o uso desses recursos. Uma ferramenta capaz de identificar previamente os pacientes que mais se beneficiarão do tratamento garante mais eficiência, menos desperdício e maior equidade. Isso significa salvar mais vidas, evitar efeitos colaterais desnecessários e assegurar um uso mais inteligente do orçamento público.
Qual a importância para você de sua tese ter sido escolhida a melhor na área?
Receber o Prêmio CAPES de Tese na área de Medicina I é uma honra que vai além do reconhecimento pessoal. É a validação de que a pesquisa realizada, muitas vezes em condições desafiadoras, atingiu excelência e impacto nacional e internacional. Para mim, este prêmio simboliza o reconhecimento da excelência do trabalho, a validação de um modelo de pesquisa profundamente conectado com a saúde pública e representa um estímulo para que eu continue na carreira científica, sempre buscando respostas para melhorar a vida das pessoas.
De que forma a bolsa da CAPES/MEC contribuiu para sua formação?
Fui bolsista da CAPES/MEC por dois anos, justamente durante o período mais crítico da pandemia de Covid-19 (entre 2020 e 2021). Nesse contexto, a bolsa representou muito mais do que apoio financeiro. Foi uma âncora de estabilidade que me permitiu manter o foco na pesquisa em meio a tanta incerteza. Enquanto o mundo parava, a bolsa garantiu que a ciência pudesse continuar. Ela me deu tranquilidade para me dedicar às análises complexas de bioinformática e iniciar os estudos em uma nova área de pesquisa, algo que teria sido extremamente difícil sem esse suporte. Sou profundamente grata por esse apoio, que tornou possível a realização desta tese.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
(Brasília – Redação CGCOM/CAPES)
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