Notícias
BOLSISTA EM DESTAQUE
Pesquisa analisa aspectos políticos da primeira “revista de fofoca” do País
Bolsista da CAPES na graduação, pelo Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid), e no mestrado, Maycon Vieira dos Santos é licenciado em História na Universidade Federal do Tocantins (UFT) e mestre pela Universidade de São Paulo (USP) na mesma área de conhecimento. Ele pesquisou os discursos políticos de um periódico voltado à cultura radiofônica brasileira, com especial atenção à representação da figura de Getúlio Vargas. Como desdobramento desse trabalho, lançou o livro digital Para além das amenidades: os debates políticos da Revista do Rádio (1948 – 1954). Atualmente, faz doutorado também na USP, onde segue no campo da história da mídia e da cultura. A ênfase agora é nas trajetórias de artistas negros da Era do Rádio no Brasil para compreender as estratégias de visibilidade, resistência e afirmação em um cenário marcado por desigualdades e disputas simbólicas.
Sobre o que é a sua pesquisa? Explique de forma mais detalhada o conteúdo do trabalho.
Minha pesquisa de mestrado, intitulada Na sintonia da política: Getúlio Vargas, "os campeões do microfone" e o trabalhismo na Revista do Rádio (1948–1954), teve como objetivo analisar a dimensão política da Revista do Rádio, um dos principais periódicos brasileiros dedicados ao universo radiofônico no período pós-Segunda Guerra Mundial. Embora conhecida por abordar a vida íntima de artistas e ser considerada a primeira "revista de fofoca" do país, a publicação também desempenhou um papel significativo na construção de discursos políticos, especialmente em torno da figura de Getúlio Vargas. Ao examinar edições, identifiquei como ela contribuiu para a promoção do trabalhismo e para a reabilitação da imagem de Vargas após o Estado Novo. Através de editoriais, entrevistas com artistas e representações visuais, a revista construiu uma narrativa que apresentava Vargas como um líder carismático e alinhado aos interesses populares. Essa abordagem foi particularmente evidente durante a campanha presidencial de 1950, quando a revista atuou como uma espécie de "palco político" para o varguismo, mobilizando o imaginário popular em favor de sua candidatura. A dissertação se transformou no livro Para além das amenidades: os debates políticos da Revista do Rádio (1948 – 1954), disponível em formato de e-book gratuito no site da Pedro & João Editores.
O que vale destacar de mais relevante na sua pesquisa?
Um dos aspectos mais relevantes da minha pesquisa foi demonstrar como a Revista do Rádio, apesar de seu caráter aparentemente apolítico, funcionou como um instrumento de mobilização política e construção de narrativas favoráveis ao trabalhismo e a Getúlio Vargas. A revista não apenas refletia as preferências políticas de seus editores e colaboradores, mas também atuava ativamente na formação da opinião pública, utilizando estratégias de representação que humanizavam Vargas e o associavam aos valores populares.
De que forma a sua pesquisa pode contribuir para a sociedade?
A sociedade brasileira contemporânea ainda lida com desafios profundos no campo da comunicação política, especialmente em um cenário de intensa circulação de informações pelas redes sociais e mídias digitais. Entender como, no passado, a cultura de massas foi mobilizada para moldar discursos e influenciar decisões eleitorais nos ajuda a decifrar fenômenos atuais, como a politização de influenciadores, a circulação de narrativas em plataformas de entretenimento, e a disputa simbólica em torno de figuras públicas.
De que forma a bolsa da CAPES contribui para sua formação?
A CAPES tem sido fundamental em toda a minha trajetória acadêmica. Durante a graduação, fui bolsista do Pibid, e essa bolsa foi minha principal fonte de renda e sustento. Em um contexto de vulnerabilidade socioeconômica, o apoio institucional da CAPES foi o que me permitiu permanecer na universidade com dignidade e tranquilidade. Foi um momento bastante significativo, pois me colocou em contato direto com o ambiente escolar já nos primeiros passos da minha formação. Essa experiência despertou em mim não apenas o gosto pela docência, mas também a consciência da importância da escola pública como espaço de transformação social. No mestrado, fui novamente contemplado com uma bolsa CAPES. Além do alívio financeiro, esse apoio significava, para mim, uma grande responsabilidade em relação à seriedade e ao rigor da pesquisa que eu estava produzindo. Como forma de retribuir à sociedade o investimento público, publiquei os resultados do mestrado em formato de livro digital gratuito, justamente por acreditar que o conhecimento deve ser acessível a todos, de forma universal e democrática.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
(Brasília – Redação CGCOM/CAPES)
A reprodução das notícias é autorizada desde que contenha a assinatura CGCOM/CAPES

