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HISTÓRIAS DA AVALIAÇÃO
“Percebo esforços concretos da pesquisa em melhorar a vida da população”
Maria Lúcia da Cruz Robazzi é enfermeira formada pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP), onde iniciou sua carreira docente. Ingressou como auxiliar de ensino e acompanhou o crescimento da pós-graduação, obtendo o título de mestra e doutora pela instituição paulista. Atualmente é professora sênior, orientando alunos e ministrando disciplinas. Sua trajetória de pesquisa esteve voltada principalmente para a saúde do trabalhador. Ela ressalta que a pós-graduação em Enfermagem no Brasil se expandiu de forma significativa, mas ainda precisa de maior interiorização e equilíbrio regional. Como avaliadora de programas de pós-graduação da CAPES/MEC, destaca o impacto positivo das pesquisas para a sociedade e o compromisso em fortalecer a qualidade acadêmica. Para ela, é essencial que a pós-graduação avance em maturidade acadêmica, inovação e busca por financiamento, com pesquisadores dispostos a ir além do mínimo esperado.
Professora, conte um pouco da sua trajetória acadêmica e profissional.
Sou enfermeira formada pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da USP. Após a graduação, trabalhei em hospital até ser convidada para ingressar no corpo docente da USP, inicialmente como auxiliar de ensino. Acompanhei o movimento das colegas que faziam mestrado e também me desenvolvi: fiz mestrado, doutorado e concursos da USP até me tornar professora titular. Hoje, estou aposentada, mas sigo como professora sênior, com atividades na graduação e na pós-graduação tanto na USP quanto na Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
Qual foi o principal foco das suas pesquisas?
Meu mestrado foi sobre trabalhadores da coleta de lixo. A ideia surgiu ao observar, diariamente, garis recolhendo sacos de lixo. Defendi a dissertação nesse tema e aprofundei a pesquisa no doutorado e na livre-docência, com foco na saúde do trabalhador. Também orientei alunos nessa área, investigando desde condições de trabalho até alterações dos ritmos biológicas causadas pelo estresse e pelo ambiente.
A senhora foi bolsista da CAPES em algum período?
Sim. Quando eu fazia pós-graduação, eu recebi uma bolsa da CAPES. Depois também participei de projeto financiado pelo Programa da CAPES com o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen). Ao me aposentar, em 2020, ingressei como docente visitante na UFPB. Lá, estimulei o desenvolvimento de projetos e articulei um convênio com o Mato Grosso para formar mestres em enfermagem, o que resultou em 10 novos titulados.
Como avalia a pós-graduação em enfermagem hoje?
Houve avanços importantes na pesquisa. No início, havia poucos programas e apenas um mestrado profissional; hoje, temos vários cursos, mais localizados em capitais e concentrados no Sudeste e Sul. Precisamos ampliar a presença no Norte, Nordeste e Centro-Oeste para reduzir as assimetrias. Hoje, temos 99 cursos de mestrado e doutorado acadêmicos e 34 profissionais na área de Enfermagem.
E quanto ao impacto da pesquisa, com devolutivas para a sociedade, qual a sua visão?
Vejo mais produtos técnicos e tecnológicos surgindo, como aplicativos e protótipos voltados à assistência, principalmente nos mestrados profissionais. Isso tem aproximado a pesquisa da população e ampliado o alcance social dos estudos. A CAPES incentivou muito esses produtos técnicos e tecnológicos logo que surgiram os programas profissionais.
Como foi sua experiência nas comissões de avaliação da CAPES?
Muito positiva. Participei de processos que envolveram meses de preparação e contato com coordenadores. Avaliar programas me deu satisfação, pois pude observar esforços concretos para levar conhecimento para populações vulneráveis e melhorar a qualidade da formação.
O que significa para a senhora ter sido lembrada para essas avaliações?
Fiquei muito feliz e valorizada. Há muitos ícones na enfermagem, mas ser chamada para contribuir reforça o respeito pelo meu trabalho e pela área.
Como enxerga os desafios da pós-graduação?
Há uma boa perspectiva, mas ainda falta maturidade acadêmica em algumas instituições. Precisamos avançar com mais projetos, financiamentos e dedicação. Acredito que devemos sempre fazer além do esperado para fortalecer a pesquisa e a formação de novos profissionais.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
(Brasília – Redação CGCOM/CAPES)
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