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Geógrafo estuda a exploração mineral no semiárido brasileiro
Fredson Pereira da Silva é graduado em Geografia pela Universidade de Pernambuco (UPE), mestre em Ecologia Humana e Gestão Socioambiental pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e doutor em Geografia pela Universidade Estadual do Ceará (UECE). Bolsista da CAPES, ele analisa a distribuição geográfica dos minérios encontrados no semiárido brasileiro entre 2003 e 2022.
Sobre o que é a sua pesquisa?
O semiárido brasileiro possui uma rica formação litológica, que versa em grandes áreas de diversos tipos de minérios, presentes em quatro grandes áreas geológicas: São Francisco, Borborema, Mantiqueira e Parnaíba, onde são encontrados diversos tipos de minerais ferrosos, minerais não-ferrosos, minerais preciosos, gemas e minerais industriais.
A pesquisa trata sobre a distribuição geográfica dos tipos de minérios encontrados no semiárido brasileiro entre os anos de 2003 e 2022, tendo em vista que os últimos levantamentos foram realizados em 1987 e 2009, sendo essas informações insuficientes. Até então, não existia pesquisa com o recorte em sua totalidade sobre a mineração no semiárido.
Como também demostra as principais fases de requerimento para exploração mineral, tais como, requerimento de pesquisa, autorização de pesquisa, requerimento de lavra, concessão de lavra e com destaque para permissão de lavra garimpeira para saber onde estão os garimpos no semiárido brasileiro. Logo, com esses tipos de requerimentos, podemos saber quais são os principias usos desses minérios no semiárido, assim como as implicações ambientais provocadas contra as populações humanas em seus territórios pela mineração, sendo também uma das causas que contribuem para o processo de desertificação, além dos decretos e projetos de leis no Brasil ligados à mineração entre 2019 e 2023.
O que você destacaria de mais relevante na sua pesquisa?
Destaco que foram mapeados 206 diferentes tipos de minérios no semiárido brasileiro, sendo os que apresentam os maiores números de requerimentos: granito, minério de ferro, areia, quartzito, minério de cobre, minério de ouro, argila, minério de magnésio, fosfato e calcário. Também destaco que, com a corrida por minerais críticos devido à transição energética no mundo, no semiárido brasileiro podem ser encontrados lítio, cobre, níquel, ferro, urânio entre outros. Existe um grande potencial mineral no semiárido, antes tido como lugar de atraso e pobreza.
A exploração mineral no semiárido tem provocado implicações ambientais. Entre 2004 e 2022, ocorreram cerca de 310 conflitos por água relacionados a mineração/garimpo. Em relação aos conflitos por terra envolvendo a mineração entre 2004 e 2022, foram listados 398 conflitos. Assim, os principais afetados pela exploração mineral foram os camponeses, fundo de pasto, posseiros, pequenos proprietários rurais, sociedade civil, quilombolas, geraizeiros, ribeirinhos, assentados, indígenas e pescadores.
De que forma a sua pesquisa pode contribuir para a sociedade?
O trabalho contribui para o entendimento da relação entre discussões territoriais e a exploração mineral sobre as populações rurais no semiárido brasileiro, seguido dos conflitos territoriais enfrentados pelas comunidades tradicionais devido à mineração no semiárido brasileiro. Também aborda quem são esses povos e comunidades, e quais foram as implicações que os afetaram, com o objetivo de pensar em alternativas para a redução dessas implicações. Além disso, apoia a criação de áreas de conservação e preservação no semiárido brasileiro, para a proteção do domínio das caatingas e outros domínios, contra a mineração ilegal e o garimpo.
De que forma a bolsa da CAPES contribui para a sua formação?
Durante minha graduação, tive a oportunidade de ser bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), da CAPES, o que contribuiu para minha formação inicial, além de ter sido um incentivo para continuar na universidade e apoiar outras formações continuadas. Da mesma forma, durante o mestrado, fui bolsista CAPES, o que me permitiu permanecer na universidade, desenvolver a pesquisa e participar de eventos. No doutorado, também fui bolsista CAPES, o que garantiu minha permanência na pós-graduação, permitindo ainda minha participação em viagens para coletas em campo e de eventos relacionados à Geografia e à mineração.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
(Brasília – Redação CGCOM/CAPES)
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