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PRÊMIO CAPES DE TESE
Estudo analisa impactos humanos na biodiversidade aquática
Dieison André Moi, doutor em Ecologia pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), foi vencedor do Prêmio CAPES de Tese 2024 na área de Biodiversidade. Sua tese, intitulada Human-induced pressures driving biodiversity and functioning of freshwater ecosystems, from spatial to temporal scales, aborda a biodiversidade e o funcionamento dos ecossistemas de água doce, analisando os impactos causados por pressões humanas em escalas espaciais e temporais.
Fale da sua trajetória acadêmica, da graduação ao doutorado.
Fiz a graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR) e concluí em 2017. No ano seguinte, iniciei o mestrado no Programa de Pós-Graduação em Ecologia de Ambientes Aquáticos Continentais, na Universidade Estadual de Maringá (UEM), onde adquiri o título de mestre em Ecologia. Em 2019, também pela UEM, comecei o doutorado, na mesma área, onde obtive o título de doutor em Ecologia. Desde 2023, sou pesquisador de pós-doutorado na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).
Sobre o que é a sua pesquisa?
Na minha pesquisa de doutorado, procurei compreender como atividades humanas (como agricultura, pastagens, cidades e outros processos), impactam a biodiversidade aquática, e como isso pode influenciar o funcionamento dos ecossistemas aquáticos e, por fim, os serviços e bens que os ecossistemas aquáticos oferecem à sociedade humana incluindo água potável, alimento, controle de pragas, entre outros. Para esse propósito, estudei vários ecossistemas aquáticos, como lagos, lagoas, riachos e rios. Também utilizei dados de diversos grupos de organismos aquáticos, englobando peixes, insetos, plantas, protozoários, algas e zooplâncton. Minha tese foi realizada em ambientes do Brasil e da América do Sul, e meus estudos abrangeram várias escalas espaciais, locais e continentais. Meus estudos também incluíram múltiplas escalas temporais, desde amostragens em um único período até amostragens realizadas ao longo de 20 anos.
O que você destacaria de mais relevante na sua pesquisa?
A principal contribuição da minha pesquisa foi mostrar que a intensificação das atividades humanas leva a declínios na biodiversidade de vários grupos de organismos aquáticos. A perda da biodiversidade, por sua vez, resulta em impactos negativos em vários processos ecossistêmicos, como ciclagem de nutrientes, heterogeneidade de habitat, produtividade primária e secundária e fluxo de energia. Por fim, a perda da biodiversidade reduz a capacidade dos ecossistemas aquáticos de fornecer bens e serviços que são muito importantes para a sociedade humana, como água potável e alimento (produção pesqueira).
Qual a importância para você de sua tese ter sido escolhida a melhor na área?
Para mim, é uma grande alegria ter minha tese selecionada como a melhor na área de Biodiversidade. Sinto-me honrado e com o sentimento de dever cumprido, pois sei que fiz um bom trabalho e pude devolver o investimento e a confiança que a sociedade depositou em mim. Além disso, o prêmio reflete que a comunidade científica validou meu trabalho como pesquisador, o que é de grande importância também.
De que forma a sua pesquisa pode contribuir para a sociedade?
Minha pesquisa é de conhecimento básico e revelou importantes informações que poderão/deverão ser utilizadas em medidas de manejo de ambientes aquáticos continentais. Especificamente, ela destaca a necessidade de atividades humanas mais sustentáveis, que visem à manutenção da biodiversidade aquática. Além disso, revelou que, se as atividades humanas intensivas e insustentáveis continuarem a aumentar, isso comprometerá a capacidade dos ecossistemas aquáticos de fornecer serviços à sociedade humana. É importante salientar que milhões de pessoas no Brasil e bilhões no mundo dependem dos ecossistemas aquáticos e dos serviços que eles fornecem para a sua subsistência. Como mostrei na pesquisa, a perda da biodiversidade deverá impactar essas pessoas. Portanto, são necessárias medidas de conservação urgentes para proteger a biodiversidade aquática e salvaguardar os serviços ecossistêmicos.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
(Brasília – Redação CGCOM/CAPES)
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