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Covid-19: Pesquisa constata sequelas gastrointestinais
Com graduação em Enfermagem, Dayllanna Feitosa é mestre pela Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) e doutora pela Universidade Federal do Ceará (UFC). A pesquisadora é especialista em terapia intensiva com foco em cuidados clínicos. Ao longo da formação, sempre se envolveu em projetos de iniciação científica, sem intervalos. Ex-bolsista da CAPES, ela investigou, no doutorado, as consequências gastrointestinais da infecção por Covid-19. O estudo acompanhou pacientes hospitalizados e após a alta, mensurou a frequência e a intensidade de sintomas como azia e refluxo ácido, e demonstrou um aumento significativo na permeabilidade da mucosa esofágica, indicando comprometimento da barreira epitelial. O trabalho constata que o coronavírus pode deixar sequelas gastrointestinais duradouras, especialmente no esôfago. O resultado, publicado em artigo na revista Digestive Diseases and Sciences (Springer Nature), em maio deste ano, pode orientar políticas públicas voltadas à reabilitação e incentiva o desenvolvimento de novas abordagens terapêuticas que promovam mais qualidade de vida aos sobreviventes da pandemia.
Sobre o que é a sua pesquisa? Explique de forma mais detalhada o conteúdo do trabalho.
Minha pesquisa investigou as consequências gastrointestinais da infecção por Covid-19, com foco específico nos sintomas gastroesofágicos persistentes após a recuperação da fase aguda da doença. Realizamos um estudo clínico prospectivo com pacientes que foram hospitalizados, avaliando-os durante a internação e novamente entre três e seis meses após a alta. Também utilizamos questionários clínicos validados para mensurar a frequência e a intensidade de sintomas como azia e refluxo ácido. Além disso, em uma parte dos pacientes, realizamos endoscopia digestiva alta com coleta de biópsias da mucosa esofágica para avaliar a integridade da barreira epitelial, incluindo testes de permeabilidade, resistência elétrica transepitelial e análise da expressão de marcadores inflamatórios e proteínas de junção celular.
O que vale destacar de mais relevante na sua pesquisa?
O aspecto mais relevante da minha pesquisa é a demonstração de que a infecção por Covid-19 pode causar danos persistentes à barreira epitelial do esôfago, mesmo após a recuperação clínica do paciente. Também observamos níveis elevados da citocina inflamatória IL-8 e da proteína Claudina-2, sugerindo uma resposta inflamatória persistente. Essas descobertas ajudam a explicar o aumento dos sintomas de refluxo gastroesofágico observados no período pós-Covid e aponta para um novo mecanismo fisiopatológico associado ao vírus.
De que forma a sua pesquisa pode contribuir para a sociedade?
O trabalho revela que a Covid-19 pode deixar sequelas gastrointestinais duradouras, especialmente no esôfago, causando sintomas como refluxo e azia mesmo após a fase aguda da doença. Esses dados são fundamentais para que profissionais de saúde reconheçam, investiguem e tratem adequadamente essas queixas no contexto pós-Covid, evitando diagnósticos incorretos ou tratamentos ineficazes. Além disso, os resultados reforçam a importância do acompanhamento a longo prazo desses pacientes e podem orientar políticas públicas voltadas à reabilitação pós-Covid. A pesquisa também incentiva o desenvolvimento de novas abordagens terapêuticas que visem restaurar a integridade da mucosa esofágica, promovendo mais qualidade de vida para os sobreviventes da pandemia.
De que forma a bolsa da CAPES contribui para sua formação?
A bolsa da CAPES tem papel essencial na minha formação como pesquisadora. Ela me permite dedicar-me integralmente à pesquisa, garantindo não apenas a continuidade do projeto, mas também a minha participação ativa em todas as etapas da investigação, desde a coleta de dados clínicos e realização de exames especializados até as análises moleculares em laboratório. Além disso, o apoio da CAPES viabiliza minha inserção em redes de pesquisa colaborativa, participação em eventos científicos e acesso a capacitações que ampliam minha formação técnica e acadêmica. Trata-se de um investimento direto na produção de conhecimento de qualidade, com impacto na ciência e na saúde pública. Sem esse suporte, seria inviável conduzir uma pesquisa com a complexidade e o rigor que o tema exige.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
(Brasília – Redação CGCOM/CAPES)
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