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IMPACTOS DA PANDEMIA
Biossensor detecta pela saliva vírus causador da Covid-19
Um biossensor, criado por pesquisadores da Universidade Federal Fluminense (UFF), é capaz de detectar a presença do vírus SARS-CoV-2, causador da Covid-19, no meio salino e na saliva contaminada. O método se comprovou eficaz como diagnóstico rápido, preciso e acessível, podendo ser aplicado no sistema de saúde e utilizado no controle de surtos epidemiológicos. O trabalho pode beneficiar o setor público e privado na implementação de novas estratégias de testagem. Coordenado pela professora Célia Machado Ronconi, o projeto “Desenvolvimento de um nanoimunoteste rápido de antígeno Sars-cov-2” foi um dos 40 selecionados pelo Programa de Desenvolvimento da Pós-Graduação – Impactos da Pandemia, lançado pela CAPES em 2021. A iniciativa investirá até 2026 cerca de R$ 25 milhões na concessão de 353 bolsas de mestrado, doutorado e pós-doutorado, além de recursos de custeio para estudos relacionados aos aspectos sociais, econômicos, culturais e históricos decorrentes da pandemia.
Qual o objetivo do projeto?
É a validação de um novo método de detecção do vírus SARS-CoV-2 simples e rápido utilizando a técnica de espalhamento de luz dinâmico (DLS) baseado em um biossensor produzido utilizando nanopartículas de ouro funcionalizadas com anticorpos policlonais equinos específicos para a proteína espícula do vírus. Além disso, o projeto concentrou-se na otimização do preparo dos biossensores, avaliando a utilização de diferentes morfologias e tamanhos de nanopartículas, bem como de diferentes agentes de ligação cruzada para tornar o biossensor mais sensível e barato, facilitando a sua futura aplicação.
O que você destacaria de mais relevante na pesquisa?
Do ponto de vista científico, um dos aspectos mais relevantes foi comprovar que o biossensor é capaz de detectar a presença do vírus SARS-CoV-2 tanto em meio salino quanto em saliva artificial contaminada, em baixas concentrações, 4 x 103 PFU/mL. Além disso, o projeto vem contribuindo na formação de recursos humanos. Durante sua execução, alunos de diferentes níveis acadêmicos participaram contribuindo com o avanço do projeto e tiveram a oportunidade de desenvolver habilidades fundamentais na produção científica, com apresentações de trabalhos e produção de artigos.
Quantos pesquisadores se envolveram no trabalho?
O projeto conta com a participação de pesquisadores de diversas universidades brasileiras, das áreas da química e biologia. Além disso, contou com a participação de quatro alunos de mestrado, um de doutorado, três pós-doutorandos e professores colaboradores A formação de uma equipe multidisciplinar foi importante para realização dos experimentos e para a análise dos dados obtidos.
Quais os resultados alcançados?
Os experimentos de validação do teste, ainda em andamento, mostraram a capacidade do biossensor de identificar o vírus SARS-CoV-2 em saliva artificial. O aumento do diâmetro hidrodinâmico medido no DLS variou conforme a concentração viral, demonstrando o potencial para quantificação em baixas concentrações. Os estudos identificaram o ácido 11-mercapto-1-undecanóico (MUA) como agente de ligação cruzada mais eficiente, resultando na preparação de um artigo para publicação. A metodologia desenvolvida no projeto também foi aplicada a nanopartículas com diferentes morfologias, como bastões e estrelas. Além disso, a abordagem utilizada foi adaptada para a detecção da proteína do vírus Zika, levando à publicação de um novo artigo.
De que forma esse trabalho pode contribuir com a sociedade?
O desenvolvimento de biossensores eficazes para detecção de vírus é importante para o diagnóstico rápido e acessível de doenças infecciosas. Além da possível aplicação prática desse teste nos sistemas de saúde, o método desenvolvido pode ser utilizado para outros patógenos, ampliando seu impacto na área da saúde. Além disso, ao investigar formas de reduzir os custos de produção do biossensor, o projeto contribui para tornar esse tipo de tecnologia mais acessível, o que pode beneficiar tanto o setor público quanto o privado na implementação de novas estratégias de testagem. Por fim, o projeto também está formando profissionais qualificados, capacitando novos pesquisadores em nanotecnologia e diagnóstico. As informações sobre o trabalho estão no site https://labqsn.com/ .
Qual a importância do investimento neste tipo de pesquisa?
Investir no desenvolvimento de biossensores é necessário para ampliar o acesso a diagnósticos rápidos e precisos, o que é importante no controle de surtos epidemiológicos e na obtenção de dados sobre doenças que afetam populações no Brasil, direcionando os tratamentos. Além disso, esse tipo de pesquisa promove a formação de novos pesquisadores e estimula colaborações entre instituições, consolidando a estrutura científica do país e gerando impactos diretos na sociedade.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
(Brasília – Redação CGCOM/CAPES)
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