No Brasil, 60,1% das pessoas com tuberculose são pretas e pardas

O Ministério da Saúde divulgou dados de boletins epidemiológicos que apontam que 60,1% dos acometidos por tuberculose são pessoas pretas e pardas. No Brasil, em 2023, foram notificados mais de 84 mil novos casos da doença, em sua maioria pacientes do sexo masculino (69%). Entre os anos de 2010 e 2020 foram registrados no país em média 4,8 mil óbitos ao ano. Os dados também revelam que nos anos de 2010 e 2021 foi constatado um aumento no índice de mortes de pessoas negras, passando de 14,5%.

Os atendimentos ambulatoriais e hospitalares referentes à doença, no período do ano de 2023 ao primeiro semestre de 2024, dados do Departamento de Regulação, Avaliação e Controle de Sistemas (DRAC), vinculado à Secretaria de Atenção Especializada, chegaram a 36.456.

A doença 

Os pulmões são os mais afetados pela doença, embora outros órgãos e/ou sistemas possam ser afetados. Essa evolução da doença é mais frequentemente em pessoas vivendo com vírus HIV, especialmente aquelas com comprometimento imunológico.

A transmissão se dá pela via respiratória, pela eliminação de aerossóis (partículas sólidas ou líquidas suspensas no ar) produzidas pela tosse, fala ou espirro de uma pessoa com tuberculose ativa pulmonar, ou laríngea, sem tratamento.

Para o diagnóstico da tuberculose são utilizados os exames bacteriológicos, baciloscopia, teste rápido molecular para tuberculose e cultura para micobactéria. Além disso, a radiografia de tórax deve ser realizada em todas as pessoas com suspeita clínica de tuberculose pulmonar.

Sintomas

Os principais sintomas da Tuberculose pulmonar são: tosse (com ou sem secreção) por mais de três semanas; febre vespertina; sudorese noturna; cansaço/fadiga e emagrecimento.

Tratamento 

O tratamento da TB dura no mínimo seis meses, disponível gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS). São utilizados quatro medicamentos para o tratamento, esquema básico: rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol.

O Tratamento Diretamente Observado (TDO) é uma parte fundamental para a recuperação do paciente. O TDO consiste na observação da tomada do medicamento pela pessoa com Tuberculose supervisionada por um profissional de saúde ou por outros profissionais capacitados, como profissionais da assistência social, entre outros, sob supervisão.

Mesmo com a melhora nas primeiras semanas o paciente deve permanecer sob orientações médicas até a conclusão do tratamento. Familiares e demais pessoas de seu convívio devem realizar exames para detectar uma possível contaminação. Principalmente crianças, portadores do HIV, pessoas em uso de tratamentos imunossupressores.

Vacina

A vacina BCG (bacilo Calmette-Guérin) protege a criança das formas mais graves da doença, como a Tuberculose Miliar e a Tuberculose Meníngea. A vacina é ofertada no SUS, disponível nas salas de vacinação das unidades básicas de saúde e maternidades. 

Os pais e responsáveis devem estar atentos, a vacina deve ser ministrada às crianças ao nascer, ou, no máximo, até os quatro anos, 11 meses e 29 dias.

A bactéria causadora da tuberculose é sensível à luz solar e a pouca circulação de ar impossibilita a dispersão das partículas infectantes. Por essa razão, deve-se deixar os ambientes ventilados e com luz natural, minimizando o risco de transmissão. Ao tossir, é muito importante que a pessoa proteja a boca com o antebraço ou com um lenço descartável e evite aglomerações. Todas as pessoas possuem papel importante para reduzir a transmissão da doença.

Política para a população negra 

A Política Nacional de Saúde Integral da População Negra foi estabelecida em 2009. É uma estratégia para combater o racismo institucional e a discriminação no SUS, além de reduzir as desigualdades étnico-raciais. A política visa promover a saúde da população negra por meio de ações de prevenção, cuidado, formação profissional e participação popular.

Foi criada como resposta às desigualdades de saúde enfrentadas pela população negra no país e para buscar a promoção da equidade. O documento estabelece orientações, metas e diretrizes para garantir que as especificidades em saúde desse grupo sejam atendidas pelo SUS, englobando ações em cuidados de saúde, vigilância, prevenção de doenças e combate ao racismo institucional nos serviços de saúde.

Isabel Alves
Ministério da Saúde