Ministério da Gestão reforça importância da cultura da análise de dados na área de gestão de pessoas

O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), em parceria com a Escola Nacional de Administração Pública (Enap), promoveu nesta terça-feira (13/8), o 1º Seminário de People Analytics no Setor Público. A iniciativa inédita é o resultado do trabalho que o órgão vem fazendo na área de gestão de dados de forma estratégica, a fim de avançar para os padrões mais modernos, inovativos e tecnológicos já utilizados em outros países do mundo.

José Celso Cardoso, secretário de Gestão de Pessoas do MGI, abriu os trabalhos celebrando a recente criação da Diretoria de Gestão e Inteligência de Dados do Ministério, que está à frente do gerenciamento do tema. “O people analytics é uma abordagem que aparece no momento oportuno de forma inovadora, nos dando a oportunidade de melhorar nossos processos e a gestão de pessoas por meio da análise de dados de forma estruturada”, afirmou o secretário.

Na mesa de abertura, os convidados reforçaram a necessidade de estruturar e qualificar a gestão de pessoas a fim de facilitar a promoção de políticas públicas. O people analytics permite conectar as diversas dimensões, como organização de dados, orientação e capacidade analítica, para a boa gerência de pessoal.

Segundo José Celso, o tema mobiliza a atenção, curiosidade e o desejo de aprendizado dos servidores, e o número de mais de 300 inscritos no evento mostra o interesse crescente e genuíno por conhecer os mecanismos da iniciativa. “Precisamos de pessoas trabalhando com sugestão e implantação de ideias inovativas e esse seminário inédito e em um momento oportuno nos fará colher ótimos frutos”, reforçou.

Eduardo Viana Almas, diretor da Diretoria de Carreiras e Desenvolvimento de Pessoas, disse que a atual gestão tem um olhar mais humano para os servidores públicos e o foco é ir além do capital humano, contemplando as necessidades e a realidade dos trabalhadores. “Nosso desejo com o people analytics é de nos qualificarmos a fim de termos a capacidade de fazermos a análise de dados mais profunda e com foco em objetivos e resultados”.

Para ele, o seminário marca o início de uma nova cultura dentro do setor público. “As empresas privadas já estão andando com o tema e temos que avançar nesse sentido de nos capacitarmos. Que possamos juntos alcançar a melhoria de nossas análises e consequentemente a melhoria do serviço público”, destacou o diretor.

Escola atualizada

Uma escola à frente do seu tempo, foi como definiu Lincoln Moreira Jorge, diretor de Gestão Interna da Enap, ao falar sobre os cursos que a entidade oferta à Administração Pública. O diretor falou da honra em sediar o primeiro evento sobre o tema, e a importância de investir em soluções diferentes, alinhadas com a inovação a fim de contornar problemas antigos.

A Enap tem investido em cursos e no desenvolvimento da capacidade analítica, com treinamentos práticos para os servidores, dentro da área de análise de dados a partir da metodologia people analytics. De acordo com Lincoln, a iniciativa está intimamente ligada a chegada da inteligência artificial, que vem mudando como a gente pensa e interage com o presente. “Esse momento é oportuno para compartilharmos os desafios antigos, soluções novas, o potencial desse conceito, os resultados e qual o melhor modelo a ser seguido, a fim de que possamos sair daqui com insights, propostas e ideias com o objetivo de mudarmos a nossa realidade dentro do setor público”, defendeu.

Projeto em andamento

O MGI desenvolveu o projeto Liderando com People Analytics no Governo Federal, com gerenciamento de Mirian Bittencourt Guimarães, diretora de Governança e Inteligência de Dados do ministério. A base para o desenvolvimento do programa é o uso de evidências científicas estabelecidas acerca de liderança e seus efeitos, e os insights e método da abordagem People Analytics adotada internacionalmente e no padrão de Business School Internacional.

Foram desenvolvidas duas ações em paralelo: o curso liderando estrategicamente com people analytics e mentorias individuais, também com a metodologia, para a alta gestão. O objetivo do curso é o desenvolvimento da mentalidade de tomada de decisão com base em dados e construção da gestão orientada por evidências para que a liderança atue de maneira estratégica e aplicando evidências para resolução das demandas do dia a dia. A mentoria, por sua vez, melhora a tomada de decisão por meio de insights com base em evidências e centrados em pessoas de maneira personalizada, desenvolvendo competências de liderança na alta gestão e contribuindo para desenvolver no órgão a cultura de gestão com base em evidências. 

De acordo com Guimarães, o projeto está traçando um caminho mais firme por meio de uma mudança estrutural na gestão de pessoas. “Temos servidores extremamente qualificados no serviço público e a maioria dos projetos que dão certo tem a luta pelo que acreditam como marca de sucesso, e o nosso programa tem sido um retrato dessa dedicação”, destacou a diretora.

Os servidores são um dos atores responsáveis por mover os projetos e as políticas públicas, desde a concepção até a aplicação, e alinha a essa visão, Mirian destaca que o objetivo maior é mudar a sociedade e o serviço público por meio das pessoas, e não apesar das pessoas. “O que se gasta com despesa de pessoas é na verdade investimento. Que possamos ser vistos com respeito, pois fizemos uma escolha de vida, e os melhores anos de nossa vivência é no serviço público”, defendeu Bittencourt.

Representatividade

Os dados sobre gênero, dentre tantos outros, é um fator importante para estabelecer um ambiente seguro e produtivo para as servidoras. Mirian conta que ser uma mulher negra em um posto de liderança e sabendo dos vários desafios enfrentados pelas mulheres, faz com que ela lute para investigar e tratar esse cenário da ascensão de mulheres aos cargos de gestão com o olhar de people analytics.

“Temos muita transformação digital pra fazer, precisamos ouvir as pessoas sistematicamente; toda uma cadeia de pessoas focadas nisso vai contribuir para chegarmos em nosso objetivo de desenvolvermos uma gestão de pessoas pensada estrategicamente”, reforçou.

O projeto pioneiro pretende implantar uma cultura com o olhar de gestão de pessoas de forma estratégica, alinhando tecnologia e análises com o que dá base para as vivências e que precisam ser desenvolvidas na gestão de pessoas, compreendendo na prática o ciclo laboral.

Dados e resultados

Juliana Almeida, CEO da Minder People Analytics e Leading Expert do Projeto Liderando Estrategicamente com People Analytics no MGI, explicou que a sustentabilidade nos resultados de pessoas e negócios em uma pesquisa é mais eficaz quando se faz um mapeamento cultural, compreendendo quais as iniciativas para tomar e as demandas para atender.

Segundo Almeida, existem seis competências dominantes para quem trabalha com pessoas focadas em dados: psicologia organizacional, que trabalha o conhecimento científico aplicado; negócio, que conecta com o que a organização precisa, para dar voz às necessidades; recursos humanos, que compreende o gerenciamento das pessoas; consultoria, que abrange a curadoria de conhecimento e estabelece laços; comunicação, que faz a conexão para fazer algo que tenha início, meio e fim; e análise de dados, que coleta informações com o instrumento validado cientificamente.