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Funai e Ibama iniciam ações de prevenção contra incêndios em Terras Indígenas no Noroeste do Mato Grosso
Treinamento da brigada de incêndio da etnia Manoki. (foto: CR Noroeste do Mato Grosso/Funai)
Com o início da temporada de seca em boa parte do território nacional, começa também a atuação das brigadas de incêndio indígenas, principalmente na região Norte e Centro-Oeste do país. No Noroeste do Mato Grosso, a Fundação Nacional do Índio (Funai) e o Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Prevfogo/Ibama) já iniciaram as ações de Manejo Integrado do Fogo (MIF) com a atuação da brigada da etnia Manoki na Terra Indígena Irantxe. As ações de prevenção tiveram início na primeira semana de maio.
De acordo com a chefe do Serviço de Gestão Ambiental e Territorial (Segat) da unidade descentralizada da Funai em Juína (MT), Consuelo Tamiris Cardoso, houve a antecipação das queimas prescritas para obedecer à janela climática de segurança das queimadas na Terra Indígena Irantxe, onde prevalece o bioma cerrado. Já na Terra Indígena Menkü – da etnia Myky, as ações de manejo do fogo devem começar a partir da segunda quinzena de junho. “Na Terra Indígena Menkü o bioma é de floresta, e não de cerrado. Lá não trabalhamos com a queima prescrita, mas com a construção de aceiros e a proteção da aldeia”, relata Consuelo.
As ações seguem o calendário de queima do Ibama. Em ambas as Terras Indígenas atuam duas brigadas de prevenção a incêndios, que somam 28 brigadistas indígenas formados. “O Ibama apoia as ações com o suporte técnico e a capacitação dos brigadistas indígenas. Já a Funai fornece suporte logístico e operacional, por meio fornecimento de combustível para a queimas prescritas, do transporte das brigadas e do custeio do auxílio financeiro para cada indígena brigadista”, completa Consuelo.
A instrutora do Prevfogo/Ibama, Maristella Aparecida Corrêa, explica que as ações de manejo do fogo na Terra Indígena Irantxe tiveram início com a reativação da brigada indígena da etnia Manoki no ano passado. “Dessa forma, o longo período de acúmulo de combustível (vegetação seca do Cerrado) na Terra Indígena aumentou o risco de grandes incêndios e prejudicou também a produção de frutas nativas como pequi, mangaba, cajuzinho, murici, entre outras, que são utilizadas para o consumo da comunidade indígena e a comercialização”, afirma.
Maristella comenta a importância da participação dos indígenas nas ações de prevenção, já que eles são detentores do conhecimento de seu território e de saberes tradicionais sobre o manejo ancestral do fogo. “Durante o treinamento e a atuação direta nessas ações acontece a reapropriação de práticas que foram estruturadas a partir dos costumes dos povos indígenas contemplados pelas atividades e que devem permanecer presentes na gestão territorial e ambiental das Terras Indígenas”, ressalta a instrutora.
Para o coordenador regional substituto da Funai em Juína, Adegildo José do Nascimento, a parceria entre a Funai e o Ibama tem resultados fundamentais do ponto de vista ambiental e cultural nas Terras Indígenas. “Não só para a proteção das aldeias na temporada de seca, mas também para o resgate dos saberes tradicionais dos indígenas sobre o domínio do fogo em diferentes biomas. Há o resgate e a valorização de formas tradicionais de manejo do fogo que já eram praticadas há gerações por muitas etnias”, declara Santos.
Prevenção
Desde 2020, a pandemia tem exigido de todos os servidores da Funai a execução de protocolos específicos para realizar as atividades em campo nas Terras Indígenas inclusive nas ações de Manejo Integrado do Fogo nas TIs. Para o ano de 2021, a Funai tem articulado junto ao Ibama/Prevfogo ações em TIs consideradas prioritárias para a fundação, especialmente relativas a prevenção a incêndios florestais. Entre ações estão a queima prescrita, a construção de aceiros, a formação de novas brigadas que incluem a seleção, capacitação e contratação de Brigadas Federais em Terras Indígenas (BRIFs - I), entre outras.
A parceria da Funai com o Prevfogo/Ibama via ACT ocorre desde 2013. A Funai, por meio da Coordenação de Prevenção a Ilícitos (Copi), também apoia os processos de formação e contratação dos brigadistas, descentralizando recursos para as Coordenações Regionais, responsáveis por organizar a logística dos cursos, e disponibilizando servidores para acompanhar as formações e operacionalização das brigadas. Os cursos de capacitação valorizam os conhecimentos tradicionais e promovem o diálogo intercultural acerca das práticas de manejo do fogo.
Assessoria de Comunicação / Funai
Com informações da Coordenação Regional Noroeste do MT