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Pesquisa analisa reinserção social de público LGBTQIA+
Graduado em Administração pela Universidade Estadual de Goiás (UEG), João Vitor Rodrigues Gonçalves é mestre em Administração Pública e Governo pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) de Brasília. Atualmente, na FGV de São Paulo, faz doutorado na mesma área. Como professor voluntário na Universidade de Brasília (UnB), orienta estudantes na elaboração de monografias sobre Gestão de Políticas Públicas e leciona, semestralmente, em módulos livres, a disciplina Diversidade Sexual, de Gênero e Políticas Públicas. Bolsista da CAPES, o pesquisador busca compreender, em seu doutorado, como políticas e programas voltados ao público LGBTQIA+ ao redor do mundo resistem a governos e cenários políticos conservadores. O assunto é tema de seu interesse desde a graduação. No mestrado, também como bolsista da CAPES, analisou o modelo de reinserção social adotado pelo Programa Transcidadania de São Paulo, política nacional de referência para promover a reinserção social e o acesso à cidadania de travestis e transexuais.
Sobre o que é a sua pesquisa? Explique de forma mais detalhada o conteúdo do trabalho.
A dissertação de mestrado analisou o modelo de reinserção social adotado pelo Programa Transcidadania da cidade de São Paulo - que se mantém há mais de 10 anos em atividade -, como um caso passível de replicação em outros países emergentes que, assim como o Brasil, enfrentam graves violações de direitos humanos, sobretudo contra pessoas trans. Utilizei análise documental combinada com entrevistas de participantes da elaboração e gestores do programa. Esse modelo de reintegração social está estruturado em torno de três grandes pilares: acolhimento, incentivo e acompanhamento. Além de institucionalmente viável, o programa apresenta uma estrutura institucional simplificada, concisa e clara, o que potencializa o controle administrativo e um possível gerenciamento eficiente de recursos humanos e investimentos públicos necessários. Essas características reforçam sua capacidade de difusão para países com contextos políticos, econômicos e sociais semelhantes aos do Brasil e a cidade de São Paulo. O meu trabalho foi convertido em artigo científico publicado no periódico Development Policy Review.
O que vale destacaria de mais relevante na sua pesquisa?
A pesquisa ajuda a sanar a escassez de estudos empenhados em discutir e analisar a inadiável necessidade de implementar políticas afirmativas para outros grupos historicamente marginalizados em países emergentes e outras nações. Enquanto questões de gênero e raça predominam na literatura sobre políticas afirmativas, pesquisas como esta, focadas em programas afirmativos para pessoas trans e LGBTQIA+, oferecem soluções viáveis para aprimorar grande parte do debate acadêmico existente.
De que forma a sua pesquisa pode contribuir para a sociedade?
Os resultados desta pesquisa, além de despertar a atenção e o devido interesse de atores políticos e membros da sociedade civil, podem orientar gestores e técnicos na promoção de transformações sociais tangíveis por meio da formulação e implementação de políticas afirmativas condizentes e minimamente comprometidas em sanar desigualdades históricas de acesso à cidadania para grupos historicamente marginalizados, incluso, sobretudo, pessoas trans e minorias sexuais. Os resultados sugerem e indicam uma nítida possibilidade de replicação e adesão do modelo de reinserção social do Transcidadania para possíveis países e organizações interessadas em propor e implementar políticas e programas semelhantes para pessoas trans e, de modo indireto, para minorias sexuais e demais grupos historicamente marginalizados.
De que forma a bolsa da CAPES contribui para sua formação?
Desde o início da pós-graduação, a CAPES tem papel protagonista em minha formação acadêmica. Durante o mestrado na FGV de Brasília, fui contemplado com uma bolsa da instituição, o que me permitiu dedicar-me exclusivamente à pesquisa e, de modo direto, garantir o mínimo de subsistência longe de casa. No doutorado, a parceria se manteve ao ingressar na FGV de São Paulo. No entanto, o apoio institucional e financeiro, por vezes, não se limita somente às bolsas regulares concedidas. Eventuais auxílios para custear atividades de pesquisa, custeio de projetos temáticos e acordos de cooperação nacional e internacional recentes também têm desempenhado um papel coadjuvante na condução de minha agenda de pesquisa. Destaco aqui, inclusive, o acordo firmado entre a CAPES e a Editora Wiley que, de modo protagonista, viabilizou e assegurou os investimentos necessários para garantir que minha primeira publicação internacional estivesse, necessariamente, em formato de acesso livre a todo e qualquer pesquisador interessado. Além disso, a CAPES esteve e ainda se faz presente, mesmo que de forma indireta, em diversas etapas da minha formação acadêmica e profissional, seja por meio do financiamento contínuo e periódico de projetos de pesquisa de colegas, professores, pesquisadores e grupos de pesquisa que, de algum modo, desempenharam papéis importantes nos diferentes aspectos da minha vida. O investimento contínuo na formação de recursos humanos qualificados, promovido de modo protagonista pela CAPES, foi, e ainda é, essencial para garantir um modelo de sociedade baseado em um modelo de desenvolvimento socioeconômico transformador, mais justo, inclusivo e sustentável.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
(Brasília – Redação CGCOM/CAPES)
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