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Funai participa de Assembleia das Mulheres Potiguara e reafirma apoio à luta por direitos e território
Nos dias 28 e 29 de novembro, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) participou da Assembleia das Mulheres Indígenas Potiguara da Paraíba, realizada na Aldeia Tramataia, no município de Marcação (PB). Promovido pela Associação das Mulheres Guerreiras Indígenas Potiguara da Paraíba (AMGIP), o evento reuniu cerca de 200 mulheres de diferentes aldeias e reforçou a importância do protagonismo feminino na defesa dos direitos indígenas e da integridade do território tradicional Potiguara.
A Assembleia, criada em 2015, é um espaço anual de fortalecimento político, espiritual e cultural das mulheres Potiguara. A edição de 2025 foi realizada em parceria com a Coordenação Regional (CR) João Pessoa e contou com apoio da Coordenação-Geral de Acesso à Justiça e Participação Social (CGAJ) vinculada à Diretoria de Direitos Humanos e Políticas Sociais (DHPS) da Funai.
A iniciativa também teve o apoio das prefeituras de Marcação e Rio Tinto, da Secretaria de Estado da Mulher e da Diversidade Humana (SEMDH), da Secretaria Estadual da Agricultura Familiar e Desenvolvimento do Semiárido (SEAFDS), da Associação Toré Forte e de outras instituições do território.
Debates, vivências e fortalecimento coletivo
Durante os dois dias de atividades, os diálogos abordaram temas como “Mulheres Guerreiras em Defesa do Território” e “Formas de Combate à Violência contra a Mulher”, para promover um espaço de escuta, articulação e construção coletiva.
O evento também possibilitou articulação direta entre lideranças indígenas e representantes de órgãos públicos. Maria Soares da Silva, conhecida como Comadre Guerreira e presidenta da AMGIP, destacou que a Assembleia fortalece a resistência cultural e amplia a visibilidade do movimento feminino Potiguara, reafirmando a existência, a voz e a luta das mulheres indígenas da Paraíba.
Îasypytã, representante da SEMDH e da Organização dos Jovens Indígenas Potiguara (OJIP), enfatizou a importância de políticas públicas que reconheçam a diversidade cultural, racial e de gênero. Ela também ressaltou o papel da Secretaria como espaço de acolhimento e proteção às mulheres em situação de vulnerabilidade para reforçar que a violência de gênero atravessa múltiplos recortes sociais, inclusive nas comunidades indígenas.
Conhecimentos tradicionais e saúde das mulheres
Cida Potiguara, conhecida como Ninho, parteira tradicional e profissional da saúde, compartilhou os conhecimentos transmitidos por Mãe Grossa, liderança ancestral respeitada por seus saberes espirituais e medicinais. Ela relatou como o cuidado com a alimentação, os chás, os rituais e os defumadores sempre estiveram presentes nos partos realizados nas aldeias, integrando espiritualidade e ciência.
Cida também reafirmou seu compromisso com a valorização dos conhecimentos tradicionais indígenas no cuidado com a saúde da mulher. “Junto o que aprendi na faculdade com os ensinamentos da minha cultura. Nunca deixo de lado as nossas práticas no cuidado com a saúde da mulher”, completou.
Fortalecimento institucional
A prefeita de Marcação, Ellys Sônia, mulher indígena Potiguara, participou da Assembleia e destacou o compromisso da gestão municipal com o fortalecimento de políticas públicas voltadas às mulheres indígenas. Ela ressaltou o orgulho da comunidade em contar com mulheres que constroem diariamente o território com coragem, sabedoria e ancestralidade.
O coordenador regional da Funai em João Pessoa, Eugênio Herculano, parabenizou a realização da Assembleia, ressaltou a força organizativa das mulheres Potiguara e a importância da formalização jurídica da AMGIP, que permitirá ampliar parcerias e fortalecer ações coletivas.
Herculano apresentou ainda as ações da Funai voltadas à promoção dos direitos das mulheres indígenas, com foco na prevenção e enfrentamento à violência, fortalecimento da autonomia econômica e incentivo a iniciativas como rodas de conversa, campanhas educativas e apoio a projetos de geração de renda e artesanato.
Mulheres Potiguara
As mulheres indígenas Potiguara são guardiãs de conhecimentos ancestrais, da espiritualidade e da continuidade cultural de seu povo. Presentes, há séculos, no litoral norte da Paraíba, elas desempenham papel essencial na organização das comunidades, na preservação dos modos de vida tradicionais e na transmissão de conhecimentos ligados ao território, à saúde e à coletividade.
Parteiras, rezadeiras, educadoras e artesãs Potiguara também ocupam espaços de liderança política e institucional e contribuem de forma ativa para a construção de políticas públicas que assegurem os direitos dos povos indígenas, com foco na proteção territorial, no enfrentamento às violências e na promoção da equidade.
A Assembleia das Mulheres Potiguara representa um marco no fortalecimento da participação das mulheres indígenas nos processos decisórios, bem como na articulação de ações voltadas ao bem-viver em seus territórios. A Funai segue comprometida com a valorização dos conhecimentos tradicionais, com a defesa dos direitos das mulheres indígenas e com a promoção da diversidade sociocultural dos povos originários.
Coordenação de Comunicação Social/Funai