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A sabedoria da mulher indígena revela-se na sabedoria da mata
Demarcação de terras, saúde, educação, segurança e violência contra a mulher foram temas de discussão do 5º Aty Guasu Kunhãngue Arandu Ka'aguy, realizado entre os dias 25 e 29 de junho na Terra Indígena Sucury'i - município de Maracaju (MS).
Participaram do encontro a presidenta da Fundação Nacional do Índio, Maria Augusta Assirati, uma equipe de servidores da Diretoria de Proteção Territorial, das Coordenações Regionais de Dourados e de Ponta Porã, juntamente com representantes do Ministério Público, da Associação de Juízes para a Democracia e da Liga das Camponesas Pobres.
Para Maria Augusta, estes espaços de Aty Guassu são os momentos para reforçar a luta e a organização social dos Guarani e Kaiowá. Mais uma vez, a presidenta reforçou o compromisso que assumiu com os indígenas, de estar presente e contribuir no processo histórico de superação dos desafios que se colocam para a promoção dos direitos desses Povos. "A Funai está presente para somar com os indígenas na luta pelo direito à Terra sagrada", afirmou a presidenta.
A troca de experiência entre as mulheres indígenas Kadwéu, Kanikinau foi importante para mostrar a necessidade da resistência e do fortalecimento da cultura Guarani.
Durante as falas das lideranças indígenas, enfatizou-se o pedido pela continuidade na demarcação das terras no Mato Grosso do Sul. A professora e conselheira do Aty Kunhã, Marlene, citou a preocupação de todos com as mortes de parentes na rodovia e com os constantes conflitos entre ruralistas e povos indígenas na região. "Nós estamos há muito tempo lutando pelas nossas tekohas, já perdemos muitos parentes, não queremos que morra mais ninguém", disse Marlene.
Segundo os indígenas da comunidade de ka'ajaré, Karajá Yvy, Samakuã do município de Amambai-MS, acampados na aldeia Limão Verde, a falta da demarcação da terra dificulta seu modo tradicional de vida, rituais de festa, e pedem uma solução urgente.
A representante da Liga das Camponesas Pobres do Norte de Minas e Bahia uniu-se ao coro das mulheres indígenas, pedindo mais respeito às tradições: "a luta das camponesas se assemelha à luta das indígenas, é preciso persistir e resistir, pois só assim manteremos as nossas tradições e costumes".
Ao final da participação da Funai, vários documentos com reivindicações dos indígenas foram entregues à presidenta, entre eles o pedido da comunidade Guarani Kaiowá do Tekoha Guaiviry, no município de Aral Moreira (MS), e do Tekora Serro'i, do município de Guia Lopes da Laguna, por melhores condições na educação escolar oferecida às crianças indígenas. Em alguns casos, segundo as lideranças e a comunidade de Serro'i, as escolas de ensino fundamental do município se recusam a realizar a primeira matrícula para os alunos indígenas e, desde então, várias crianças entre as idades de 5 a 7 anos estão fora da sala de aula.