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BALANÇO DO MGI 2025
CPNU, um serviço público com a cara do Brasil
Em Tauá, no sertão do Ceará, Luiz Vital nunca imaginou que faria uma prova de concurso federal na própria região e, meses depois, estaria em Brasília iniciando a carreira no serviço público. A mudança é consequência direta do Concurso Público Nacional Unificado (CPNU), iniciativa do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI que levou as provas para perto de casa das pessoas e abriu caminho para que brasileiras e brasileiros de todas as regiões ingressassem na administração pública federal. A história de Luiz se repete em centenas de municípios e revela como o CPNU vem transformando trajetórias pessoais e renovando o serviço público brasileiro.
A aplicação nacional do concurso resultou em um perfil diverso entre os aprovados. Do total, 24,5% são pessoas negras, 2,29% indígenas e 6,79% pessoas com deficiência. Os novos servidores são oriundos dos 27 estados e de 908 municípios, o que evidencia o caráter nacional e inclusivo do modelo unificado. Ao todo, pessoas de 5.555 cidades se inscreveram para a primeira edição, e 37% dos aprovados são do interior do país.
Depois de conquistar a aprovação no interior do Ceará, Luiz Vital destaca que a descentralização do concurso foi decisiva para sua trajetória. “Estou muito feliz e grato por ingressar no serviço público e por ter feito a prova tão perto da minha cidade. Em concursos federais, isso nunca tinha acontecido. Antes, para disputar uma vaga, eu precisava me deslocar até a capital, Fortaleza. Fazer a prova próximo de casa facilitou muito. E ser aprovado foi extraordinário. Passar no interior do Ceará e hoje estar em Brasília, vivendo essa experiência lotado na Secretaria do Patrimônio da União (SPU), é algo muito especial para mim”, afirmou.
Mudanças semelhantes aconteceram com candidatos de outras regiões. Em Salvador, Rodrigo Meneses também encontrou no CPNU uma oportunidade que, até então, parecia distante. “Se não fosse o modelo do CPNU, eu nunca teria vindo a Brasília fazer uma prova para o MGI. Hoje trabalho no ConectaGente, conheço pessoas do país inteiro e quero crescer cada vez mais na carreira pública”, explicou.
A posse no serviço público federal também marcou o início de uma nova etapa para Tauana Jadna Ribeiro Carneiro, que integrou o grupo de 26 servidores do Ministério do Planejamento e Orçamento empossados em maio. Ao lembrar da própria trajetória, ela destaca as barreiras que superou até chegar à capital federal.
“Esse é o meu primeiro cargo público. Eu nunca tinha vindo a Brasília e nunca tinha feito prova de concurso federal na minha cidade”, disse.
Depois de anos de estudo, Fernanda Farias também celebrou o ingresso na administração pública ao ser aprovada para o cargo de Analista-Técnico Administrativo no MGI. Para ela, o certame representou uma virada decisiva. “Foi muito gratificante ingressar no serviço público. O CPNU me permitiu escolher cargos e órgãos de interesse e fazer tudo em uma única prova. Agora, na minha primeira experiência na administração pública, estou trabalhando com o que gosto. Até a posse digital pelo SouGov facilitou muito o processo”, contou.
O Impacto do CPNU ganha ainda mais força quando se observa o avanço da presença indígena no funcionalismo público. Um dos exemplos é o servidor Ykarunĩ Nawa, que ingressou na Fundação Nacional dos Povos Indígenas por meio das vagas reservadas a indígenas. Ele destaca que a aprovação representa um marco coletivo para os povos originários. “Eu me lembro de uma frase da nossa liderança e atual presidente da Funai, Joenia Wapichana, que dizia que só bastava uma oportunidade para nós, povos indígenas, e essa oportunidade chegou com o CPNU. Este é o momento de mostrar que temos competência e de afirmar ao Estado brasileiro e à sociedade que o nosso lugar não é apenas na floresta. O nosso lugar é lá, defendendo nosso território, mas também é aqui, dentro dos órgãos públicos, ajudando a construir políticas públicas escritas por nós, indígenas. Hoje, a nossa luta não é apenas com flechas e bordunas, é também com a caneta”, afirmou.
Natural do Acre, Ykarunĩ é do povo Nawa, que vive no Parque Nacional da Serra do Divisor, no município de Mâncio Lima, no extremo oeste do país. Para ele, a conquista reafirma a presença indígena no Estado. “Essa aprovação não é só minha, é dos povos indígenas e, especialmente, do meu povo, o povo Nawa. Essa vitória representa a possibilidade de construir um espaço mais representativo e adequado para nós dentro da administração pública”, completou.
De Recife (PE), Pedro Lima foi nomeado para o cargo de Analista Técnico Administrativo. Sendo esse também seu primeiro contato com o serviço público federal, ele destaca o acolhimento recebido na nova etapa da carreira e avalia positivamente o modelo do concurso. “Fui muito bem recebido pelos meus novos colegas aqui no ministério e estou muito feliz por assumir meu primeiro cargo público. O CPNU foi uma oportunidade muito boa para as pessoas fazerem a prova e ingressarem no serviço público. Foi um modelo de prova muito interessante”, afirmou.
A ideia de um serviço público como instrumento de transformação social também aparece no relato de Levinsky Alves de Sousa, que fez a prova em Teresina (PI), empossada no cargo de Analista-Técnica Administrativa, com lotação na Coordenação de Promoção da Diversidade, Equidade e Inclusão, da Assessoria de Participação Social e Diversidade. Ela afirma que, ao assumir o cargo, teve reforçada a percepção de que o serviço público é um espaço voltado ao bem coletivo, com responsabilidade e propósito.
Levinsky também ressaltou o caráter democrático do Concurso Público Nacional Unificado e o impacto da sua atuação na área social. “Já estudava havia três anos para a área de tribunais e vi no CPNU uma oportunidade inovadora e inclusiva de ingresso no serviço público. Hoje, sinto que meu trabalho contribui para fortalecer a democracia participativa, valorizar a diversidade, dar visibilidade a grupos da sociedade civil e melhorar políticas públicas. Estou muito grato por estar aqui”, disse.
A aprovação de Suelen da Silva dos Santos para o cargo de Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental (EPPGG) marcou a realização de um sonho cultivado ao longo de dez anos de estudo. Após atuar em outros cargos públicos, ela agora ingressa na carreira que sempre desejou, por meio do Concurso Público Nacional Unificado. “Estar aqui hoje é um sonho realizado. Eu estudei por dez anos e sempre quis ser EPPGG. Essa é uma carreira muito importante, que permite atuar em diferentes ministérios e áreas. O CPNU tornou esse caminho possível e hoje eu posso dizer que cheguei onde sempre quis chegar”, afirmou.
Já Claudirene Rodrigues, nova servidora vinda do interior da Bahia, celebrou a conquista. “Eu sou de um povoado baiano perto de Xique-Xique, hoje moro em Planaltina (GO), e tenho quatro filhas. Não foi fácil conciliar tudo, mas deu certo. Só consegui me dedicar de verdade aos estudos quando saiu o CPNU, e foi a primeira vez que passei dentro do número de vagas. É uma conquista muito importante pra mim”, comemorou.
Lorena Rodrigues Soares ingressou no serviço público federal como Analista Técnico de Políticas Sociais (ATPS) após aprovação no CPNU e destacou a importância do concurso como porta de entrada para uma nova etapa profissional. A nomeação simboliza uma reentrada na administração pública, agora em uma carreira estratégica para o Estado. “A minha preparação foi muito autônoma, conciliando estudo com trabalho e maternidade. O CPNU exigiu muita persistência. Não é fácil, mas quando a gente decide, encontra brechas no dia a dia para estudar. Para quem está se preparando agora, meu conselho é esse: assumir a decisão e não desistir”, afirmou.
Na mesma carreira, a aprovação de Allan Aruil de Sousa no CPNU representou a consolidação de uma trajetória voltada à formulação de políticas públicas. Para ele, o novo ciclo no serviço público amplia as possibilidades de atuação em áreas fundamentais para a população. “Eu me preparei buscando aprofundar os debates sobre políticas sociais e acompanhando o trabalho dos ministérios. Também fiz cursos e estudei bastante por conta própria. O CPNU abriu essa porta e hoje eu tenho a chance de contribuir diretamente para políticas que podem transformar o país e melhorar a vida das pessoas”, destacou.
A dimensão social do concurso se reforça em histórias como a do paulista Bruno Pantojo de Godoy e da mineira Leila Juliana Silva dos Santos. Godoy deixou o cargo na Assembleia Legislativa de São Paulo para assumir a vaga na Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) e ressaltou o simbolismo da nomeação. “Essa posse é a realização de uma trajetória que vem desde a universidade, em 2006. Entrei pelo Prouni, então ser servidor é uma maneira de devolver ao Estado brasileiro a importância que ele teve na minha vida e na da minha família.”
Já Leila, que trabalhou em navios de cruzeiro e conheceu cerca de 60 países, celebrou a aprovação como uma ruptura de padrões históricos. “Sou a primeira da minha família a chegar ao ensino superior, a sair do país e agora a ser servidora pública. Sou mulher, negra, de origem periférica, e chegar até aqui é uma vitória muito grande”, disse.
CPNU 2
O acesso de forma democratizada ao serviço público segue sendo a base do CPNU, também na sua segunda edição. Na capital do Pará, Belém, Renilda da Silva Barbosa, saiu de casa no domingo de prova, no dia 5 de outubro, determinada a disputar uma vaga federal não apenas em busca de estabilidade, mas pela vontade de continuar cuidando das pessoas. Voluntária como fisioterapeuta em sua comunidade, ela encontrou no Concurso Público Nacional Unificado (CPNU 2) a oportunidade de transformar experiência em política pública e ampliar seu impacto social. Assim como Renilda, milhares de brasileiros e brasileiras participaram da segunda edição do certame, que manteve a aplicação nacional e aprofundou as políticas de inclusão no acesso ao serviço público.
Para Renilda, o concurso representa a chance de aliar estabilidade profissional ao compromisso com o próximo. “Quero ter estabilidade, mas também quero servir. Se for para trabalhar no interior, onde me mandarem, eu vou. O importante é cuidar das pessoas com respeito e dedicação”, afirmou.
Além das convocações iniciadas em 2025 pela primeira edição do CPNU, a primeira fase da segunda edição do certame foi realizada em 2025 com 3.652 vagas distribuídas entre 32 órgãos federais. O CPNU 2 manteve o modelo de aplicação nacional e aprofundou as ações afirmativas, garantindo reserva de vagas para pessoas negras, indígenas, quilombolas e pessoas com deficiência, além de adotar mecanismo de equidade de gênero que assegura paridade na segunda fase.
A primeira etapa foi aplicada em 228 municípios, com 761 mil inscrições homologadas e forte participação de jovens, mulheres e candidatos do interior. O modelo também assegurou que as pessoas fizessem a prova em um raio de até 100 km do local de residência, ampliando o acesso e reduzindo desigualdades regionais. Os resultados finais estão previstos para o início de 2026, quando uma nova leva de servidoras e servidores reforçará a administração pública federal.
O CPNU 2 também incorporou ação afirmativa de equidade de gênero. Quando o percentual de mulheres classificadas para a segunda fase por cargo ficou abaixo de 50%, houve equiparação no número de convocadas, desde que as candidatas tivessem atingido a nota mínima. O modelo foi inspirado em experiências anteriores, como o concurso para diplomata.
Após a aplicação da medida, do total de 42.499 pessoas classificadas para a segunda fase, 57,12% são mulheres e 42,86% homens. Sem a política afirmativa, cargos tradicionalmente masculinos continuariam concentrando maior proporção de homens. Todos os candidatos que atingiram a nota mínima em cada cargo seguem classificados e convocados para a segunda etapa.