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States of the Future 2
Painel do States of the Future 2 debate iniciativas do sul global frente aos desafios tecnológicos
Participantes debatem a transformação digital do Estado diante dos desafios climáticos em painel do States of the Future 2. Foto: Ana Carolina Fernandes
O painel "Transformação Digital, IA e Infraestruturas Públicas Digitais: Riscos e Oportunidades para o Sul Global” do seminário internacional State of the Future 2: rumo à COP 30 debateu iniciativas do sul global frente os desafios tecnológicos e a criação de Infraestruturas Públicas Digitais (IDPs) nesta terça-feira (7/10). A mesa foi moderada pela Diretora de Serviços Públicos Digitais do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), Eleidimar Silva, e contou com a participação de especialistas da Dataprev e da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Logo em sua fala inicial, Eleidimar aestacou a agenda intensa de transformação digital do Estado brasileiro levada a cabo pelo governo federal nos últimos anos. Para ela, as tecnologias e plataformas que vem sendo disponibilizadas ao público não são ferramentas isoladas, mas partes de uma infraestrutura que visa garantir a cidadania digital aos brasileiros.
O grande desafio, segundo a diretora, é a evolução muito veloz da tecnologia. Para ela, por exemplo, a inteligência artificial é uma inovação que tem que ser adotada, mas que pode deixar muitas pessoas para trás. “Ao adotar essas tecnologias, não estamos excluindo? Os avanços tecnológicos trazem muitas oportunidades, mas riscos também”, refletiu.
Entre os riscos, a diretora destacou aqueles à soberania digital e tecnológica. “Como nós do sul global nos posicionamos nesse cenário?”, questionou ela aos presentes. “Quando o Estado se capacita para construir infraestruturas públicas digitais, ele se posiciona no seu papel de promover a cidadania e de garantir que todos estejam incluídos”, concluiu Eleidimar antes de passar a palavra aos convidados.
Um exemplo de IPD desenvolvida pelo governo brasileiro é o GOV.BR. Atualmente, a plataforma conta com mais de 170 milhões de usuários e possibilita o acesso a mais de 4600 serviços digitais federais e a outros mais de 8700 serviços de estados e municípios. Entre os serviços mais utilizados está a Assinatura GOV. BR, que tem validade jurídica e possibilita que as pessoas assinem documentos em meios digitais.
Participaram da mesa a assessora sênior para cybersegurança da Dataprev, Yasodara Cordova, a supervisora da clínica de direitos humanos da FGV Direito RIo, Celina Bottino, e o professor da FGV, Luca Belli.
Yasodara levantou a importância de levar em conta os valores e princípios democráticos na hora de criar uma infraestrutura digital capitaneada pelo Estado. “Precisamos manter a permeabilidade dessa infraestrutura e a participação da população no desenvolvimento e governança dela”, defendeu a assessora da Dataprev. Celina Bottino, da FGV, concordou e disse compartilhar a preocupação. Ela ainda adicionou que considera o uso de tecnologias abertas e interoperáveis essencial para o sucesso dessa transformação digital.
Já o professor de pós-graduação da FGV, Luca Belli, levou ao debate projetos de pesquisa sobre o tema dentro do contexto dos BRICS. “Transformação digital é um processo estrutural”, disse ele, lembrando a importância da cybersegurança para o bom funcionamento dessa estrutura. “se não prestarmos atenção nisso, estaremos construindo uma bomba-relógio”, alertou o professor.
States of the Future 2
Às vésperas da 30ª Conferência das Partes (COP 30), o seminário "States of the Future 2" propõe um diálogo estratégico sobre um pré-requisito fundamental para o desenvolvimento sustentável: a Capacidade do Estado. Esta é a segunda edição do seminário. Em 2024, em paralelo ao grupo de trabalho de desenvolvimento do G20, o evento reuniu cerca de 200 painelistas e líderes mundiais para debater as capacidades estatais necessárias para que governos e sociedades respondam de forma coordenada aos choques e às demandas do século XXI.
Este ano, o debate recai sobre as mudanças climáticas, especialmente as transformações institucionais, tecnológicas e climáticas necessárias para a construção de sociedades mais resilientes, justas e sustentáveis.
O evento, que se encerra nesta terça-feira (7/10), é promovido pelo MGI e realizado em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e apoios da Organização de Estados Ibero-americanos (OEI) e da FGV.