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TRANSFORMAÇÃO DIGITAL
Ministra Esther Dweck destaca o papel da inteligência artificial para o desenvolvimento do país durante seminário do BRICS
A ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), Esther Dweck, participou, nesta terça-feira (1/7), do seminário “Governança e Estratégias Públicas em Inteligência Artificial”, na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Rio de Janeiro (RJ), como parte das preparações para a 17ª Cúpula do BRICS. O evento reuniu autoridades e especialistas para discutir as perspectivas globais da IA, a governança internacional da tecnologia e o papel das políticas públicas em promover o desenvolvimento sustentável e a cooperação no Sul Global.
Em seu discurso, a ministra Esther Dweck afirmou que o Brasil precisa aproveitar o momento de transformação tecnológica global para desenvolver soluções de inteligência artificial, baseadas em valores nacionais e focadas no bem-estar da população. “Desde a entrega do Plano Brasileiro de Inteligência Artificial, temos trabalhado com a lógica de que a inteligência artificial no Brasil seja inclusiva, soberana, ética e justamente centrada nas pessoas. Que ela venha para somar, e não para substituir pessoas. Temos atuado em todas essas frentes para garantir um uso ético, mas também que nos potencialize nessa disputa, nessa capacidade de avançar tecnologicamente”, explicou.
“Estamos coordenando ações em várias frentes para aproveitar o potencial transformador do digital, especialmente da inteligência artificial. O uso do poder de compra do Estado como motor do avanço tecnológico é uma das estratégias centrais dessa agenda", disse Esther Dweck
Segundo a ministra, o governo federal tem buscado estruturar políticas públicas que garantam a soberania tecnológica do país e evitem a dependência de soluções estrangeiras. “Estamos coordenando ações em várias frentes para aproveitar o potencial transformador do digital, especialmente da inteligência artificial. O uso do poder de compra do Estado como motor do avanço tecnológico é uma das estratégias centrais dessa agenda”, afirmou. Ela também destacou a atuação do governo na articulação com estados, municípios e com o setor privado para viabilizar o desenvolvimento de soluções nacionais.
Ao falar das desigualdades geradas pela revolução tecnológica, Dweck destacou três desafios prioritários que estão no centro das ações do Ministério da Gestão. “A revolução tecnológica pode gerar muitos avanços, mas também corre o risco de aprofundar desigualdades. Por isso, estamos enfrentando três grandes desafios, que são o da desigualdade de infraestrutura, da falta de soberania sobre os nossos dados e da necessidade de desenvolver talentos e capacidades técnicas no país”, disse.
Para enfrentar esses desafios, o governo tem investido na ampliação da infraestrutura de dados e na formação de servidores públicos com mentalidade digital. “A gente precisa que todo mundo, não importa onde esteja, seja na saúde, na educação, na cultura, na justiça, pense as soluções de maneira digital, dado que o governo está cada vez mais digital. E é uma maneira de ampliar a qualidade dos serviços públicos. Obviamente, com foco nas pessoas. Não é um digital para excluir ninguém, é um digital para incluir e poder potencializar as nossas capacidades”, ressaltou a ministra.
Dweck também apontou as limitações do modelo atual de uso de dados no país e defendeu uma mudança de paradigma. “O Brasil tem sido um grande alimentador de inteligência artificial no mundo, oferecendo seus dados e depois comprando soluções prontas. Precisamos romper com essa lógica e garantir soberania sobre os nossos dados, tratando-os como um ativo estratégico do país”, alertou.
Ao encerrar sua fala, a ministra reforçou o compromisso do governo com uma tecnologia centrada nas pessoas e orientada por princípios democráticos. “A inteligência artificial não deve ser um instrumento de exclusão e dominação, e sim uma ferramenta de emancipação, solidariedade, inovação compartilhada e sustentabilidade ambiental. Esse é o compromisso que o governo brasileiro tem, e é com essa visão que reafirmamos a nossa disposição para trabalhar conjuntamente, especialmente no ambiente da cooperação dos países do BRICS, para que a inteligência artificial seja, de fato, para o bem de todos e todas”, finalizou.
Governança e Estratégias Públicas em Inteligência Artificial
Durante a abertura do seminário, o diretor de Planejamento e Estruturação de Projetos do BNDES, Nelson Barbosa, destacou o papel do banco na promoção da transformação digital no país e ressaltou a importância de atrair investimentos em infraestrutura tecnológica, com foco especial no Rio de Janeiro. “Organizamos este evento para destacar as oportunidades de investimento em inteligência artificial e data centers no Brasil. O mundo vive uma nova revolução tecnológica, impulsionada pela alta capacidade de processamento e pela disponibilidade massiva de dados”, afirmou.
Ele também defendeu a necessidade de formar mão de obra qualificada para garantir o protagonismo brasileiro nesse novo cenário. Segundo ele, é fundamental que os investimentos em tecnologia caminhem lado a lado com o fortalecimento da educação e da pesquisa. “Para termos um bom setor de inteligência artificial no Brasil, precisamos investir também em inteligência natural, formar especialistas em estatística, tecnologia, engenharia e matemática, e gerar emprego para esses profissionais”, disse.
A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Luciana Santos, destacou que o Brasil está superando o negacionismo científico e retomando o caminho do investimento em inovação. Para ela, o enfrentamento dos desafios impostos pela inteligência artificial exige uma visão estratégica e investimentos robustos. “Estamos virando a página do negacionismo no Brasil. O investimento em ciência, tecnologia e inovação é essencial para enfrentarmos os desafios do nosso tempo, como a inteligência artificial. O BNDES, com esse seminário, cumpre seu papel histórico de indutor do desenvolvimento nacional”, disse.
Luciana também enfatizou a dimensão geopolítica da disputa por soberania tecnológica e o papel do Estado brasileiro no enfrentamento das desigualdades e na defesa da democracia frente aos riscos do uso indevido de tecnologias emergentes. “Sabemos que esses avanços e essas revoluções tecnológicas não são neutros. Elas carregam desafios éticos de governança, de impactos decisivos no mercado de trabalho e riscos de concentração tecnológica”.
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, ressaltou a vocação natural da cidade para sediar empreendimentos de tecnologia e inovação, como os voltados à inteligência artificial. Ele destacou a infraestrutura de conectividade, a presença de centros de pesquisa e universidades de excelência, além da disponibilidade de energia limpa como vantagens competitivas do Rio no cenário global. “Existe hoje uma necessidade cada vez maior de força computacional. O Brasil tem aquilo que o mundo deseja: energia limpa, infraestrutura de conectividade e capital humano de qualidade. Com apoio do governo federal e do BNDES, temos condições de atrair investimentos em inteligência artificial e data centers”, disse.
Protocolo de intenções
Ao final do evento, foi assinado um protocolo de intenções envolvendo o BNDES, o MGI, o MCTI, o Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, a Prefeitura do Rio de Janeiro, a Finep e a Eletrobras, com o objetivo de promover ações coordenadas e esforços conjuntos para a implementação e o desenvolvimento do projeto Rio AI City. A iniciativa busca posicionar o Rio de Janeiro como um hub estratégico de data centers na América Latina, fortalecendo a colaboração público-privada e o avanço tecnológico em setores-chave como inteligência artificial e infraestrutura digital.
O BNDES, como articulador institucional vai promover estudos técnicos, mobilizar recursos e fomentar a cooperação entre entidades públicas e privadas, estabelecendo um modelo replicável para outros estados e contribuindo para políticas de capacitação tecnológica e modernização produtiva alinhadas ao desenvolvimento tecnológico e econômico equilibrado em todo o país.
BRICS
No âmbito do BRICS, O MGI realizou recentemente o Seminário sobre Compras Públicas Sustentáveis. O evento reuniu representantes dos países do grupo para debater práticas e políticas voltadas à sustentabilidade nas aquisições governamentais, reforçando o compromisso do Brasil e dos parceiros em promover uma gestão pública eficiente, transparente e alinhada aos objetivos ambientais e sociais. Essa iniciativa é parte das ações do MGI para fortalecer a cooperação internacional e incentivar a adoção de práticas inovadoras e responsáveis na Administração Pública.
