Qual é o papel da alimentação na prevenção do câncer?

A alimentação adequada e saudável pode prevenir várias doenças. Isso é muito importante ser lembrado, afinal na maioria das vezes as enfermidades são associadas aos tratamentos – e não ao autocuidado que pode evitá-las. Prevenir é sempre mais vantajoso em todos os sentidos.

Segundo Gisele Bortolini, Coordenadora-Geral de Alimentação e Nutrição no Ministério da Saúde e doutora em Nutrição pela Universidade de Brasília, são inúmeras as evidências que comprovam o quanto uma alimentação saudável contribui com melhores condições de saúde da população. Ou melhor, as condições de alimentação e nutrição determinam e condicionam a saúde dos indivíduos.

Doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs), como diabetes, hipertensão arterial e doenças cardiovasculares, podem ser evitadas ou tratadas por meio a adoção de uma alimentação saudável, e isso também inclui o câncer. Estudos comprovam o surgimento de tumores associados à má alimentação, entre outros fatores.

Abordando especificamente o câncer, alguns grupos de alimentos conferem uma proteção em particular. No Guia Alimentar para a População Brasileira, material elaborado pelo Ministério da Saúde, estão descritas as recomendações adequadas não somente para a promoção da saúde, mas também para a prevenção de doenças, inclusive do câncer. Seguindo nesse caminho e colaborando com o tema, Gisele sinaliza que já existem inúmeras evidências que explicam como a alimentação pode influenciar os processos biológicos que sustentam o desenvolvimento e a progressão do câncer.

“O papel da alimentação saudável na prevenção do câncer é inquestionável e as recomendações para uma alimentação adequada e saudável devem ser vistas como um importante aliado quando falamos em prevenção de doenças e promoção de melhores condições de vida, saúde e nutrição”, afirma a especialista.

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Quais são os alimentos mais protetores

A regra de ouro do Guia Alimentar, que orienta a preferir sempre alimentos in natura ou minimamente processados e preparações culinárias a alimentos ultraprocessados, não existe à toa. São esses os alimentos melhores amigos da nossa saúde, principalmente quando o assunto é prevenção do câncer. Segundo Gisele, as frutas, legumes e verduras possuem vários antioxidantes que conferem proteção contra alguns tipos da doença.  

“Além de excelentes fontes de várias vitaminas e minerais, esses alimentos são fontes de fibras e fornecem, de modo geral, muitos nutrientes em uma quantidade relativamente pequena de calorias. Essas características os tornam ideais para a prevenção do consumo excessivo de calorias, da obesidade e das doenças crônicas associadas a esta condição, como o diabetes, as doenças do coração e o câncer”, explica a Coordenadora.

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E por falar nas fibras, é importante destacar ainda que elas são essenciais para evitar o surgimento dos tumores. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), alimentos ricos em fibras são importantes na prevenção de câncer, principalmente porque regulam o funcionamento do intestino, diminuindo o tempo de contato de substâncias que causam câncer com as paredes intestinais. Para um adulto saudável, a recomendação diária de fibras é de 25g a 30g, o que representa pelo menos cinco porções de frutas e vegetais sem amido.

Mas além de serem ótimas fontes de fibras, as frutas, verduras e legumes formam um grupo de alimentos que possui uma variedade de fitoquímicos. Esses compostos não são considerados nutrientes, mas sim substâncias que exercem efeitos anticancerígenos, como por exemplo: os licopenos presentes no tomate, os betacarotenos em vegetais de cor laranja, as isoflavonas dos vinhos tintos. Vale lembrar ainda que esse é um resultado percebido apenas por meio da alimentação. A ingestão de suplementos isolados não garante o mesmo efeito protetor. Por esse motivo, o Guia Alimentar sempre reforça o consumo de alimentos combinados e variados para suprir a necessidade nutricional do corpo.

Indo na contramão de tudo isso, temos os alimentos ultraprocessados. Se a comida de verdade traz benefícios à saúde, alimentos industrializados, ricos em sal, açúcar, gorduras e conservantes, atuam no sentido contrário. Segundo Gisele, uma alimentação inadequada pode promover um desordenamento nos níveis celular e molecular, podendo criar um ambiente propício ao acúmulo de danos no DNA das células e, portanto, ao desenvolvimento do câncer.

Esses alimentos não saudáveis são desbalanceados nutricionalmente e também hipercalóricos, ou seja: criam as condições perfeitas para o ganho excessivo de peso e o acúmulo de gordura corporal, fatores de risco para o câncer e outras doenças.

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Quais são os tipos de câncer associados à má alimentação?

Falando de alimentos, parece evidente considerar que a maior incidência dos tumores relacionados à alimentação seja associada aos órgãos em tudo que é ingerido, sólido ou líquido, é processado: no sistema digestivo. Colaborando com isso, o INCA produziu um relatório em 2020 mostrando que, de fato, alguns cânceres relacionados à má alimentação se manifestam, em maior parte, nos seguintes lugares: boca, faringe e laringe, estômago, esôfago (adenocarcinoma), endométrio, pâncreas, vesícula biliar, fígado e rim.

Sobre o Guia Alimentar do Ministério da Saúde

O Guia Alimentar para a População Brasileira é um instrumento para apoiar e incentivar práticas alimentares saudáveis no âmbito individual e coletivo. Foi feito para todos os brasileiros e brasileiras! Ele reúne um conjunto de informações e recomendações sobre alimentação que contribuem para a promoção da saúde de pessoas, famílias e comunidades e da sociedade como um todo, hoje e no futuro. Acesse agora para consultar todas as orientações e garantir mais saúde e qualidade de vida.