Tem no Guia de Atividade Física e você não sabia: gestantes e mulheres no pós-parto podem fazer atividade física?

Colocar o corpo em movimento, de forma regular, faz bem para todo mundo. Então, todas as pessoas, independentemente da idade, do sexo e das condições de saúde podem e devem praticar atividade física, considerando a sua individualidade e realizando as adaptações necessárias.  Pensando nisso, o Guia de Atividade Física para a População Brasileira, produzido pelo Ministério da Saúde, traz recomendações específicas voltadas para alguns públicos, incluindo gestantes e mulheres no pós-parto. 

Por que gestantes e mulheres no pós-parto devem praticar atividade física?

Existem alguns receios que permeiam o senso comum, sendo um deles que a prática de atividade física pode colocar em risco a gestação, ou ainda que o pós-parto requer repouso absoluto. Mas o Guia explica que a prática de atividade física durante a gestação e no período pós-parto é segura e traz diversos benefícios para a saúde da gestante e do bebê, incluindo, por exemplo, a redução dos riscos de desenvolvimento de algumas complicações relacionadas à gravidez, como o diabetes gestacional e a pré-eclâmpsia (pressão alta durante a gestação), a melhora da capacidade de fazer as atividades do dia a dia e a diminuição da intensidade das dores nas costas.

Ter uma vida ativa fisicamente, nesse período, reduz o risco de o bebê nascer prematuro e ainda o ajuda a nascer com peso adequado. Para desconstruir ainda mais essa ideia, o Guia reforça que a prática de atividade física durante a gestação não aumenta o risco de malformação do bebê, não aumenta o risco de ruptura da bolsa, não induz ao trabalho de parto, não aumenta o risco de aborto, não aumenta o risco de mortalidade do bebê após o nascimento, não altera a composição, a quantidade e o gosto do leite materno e nem seca o leite. 

A atividade física ajuda, inclusive, a melhorar o intestino preso, uma condição comum entre as gestantes. A Caderneta da Gestante, um material do Ministério da Saúde que ajuda no acompanhamento da gravidez, lembra que as atividades físicas promovem a sensação de bem-estar nas futuras mamães. Por isso, se não houver contraindicações médicas, a atividade física pode e deve ser mantida do início ao fim da gestação.

Já para as mulheres no pós-parto, a prática regular de atividade física oferece os mesmos benefícios vistos para a população adulta, mas com ênfase no controle do peso corporal, no relaxamento, no alívio do estresse, na redução da incontinência urinária (com a realização dos exercícios para o assoalho pélvico) e na melhoria da capacidade física.

Segundo Leony Morgana Galliano, doutora em Educação Física, existe uma grande variedade de modalidades, que podem, inclusive, ser realizadas nos momentos de lazer, no deslocamento, no local de trabalho ou estudo e ainda no ambiente doméstico. 

Para quem deseja optar por uma atividade estruturada, a profissional reforça que a escolha, tanto na gestação quanto no pós-parto, deve ser feita de acordo com as preferências e os interesses da mulher, buscando práticas que goste, que lhe tragam prazer e que encaixem em sua rotina. 

“Esses fatores são muito importantes para a manutenção do comportamento saudável. Se ela já era ativa antes da gestação ou do pós-parto, pode manter as atividades físicas habituais. Enquanto aquelas que não faziam atividades físicas podem iniciar em qualquer momento, aumentando progressivamente a intensidade e a duração, conforme a sua capacidade física”, afirma a profissional.

Quais atividades físicas são recomendadas?

Quanto às limitações, a profissional sugere que a gestante evite atividades que tenham risco de queda ou colisão, práticas que causem pressão na região abdominal e mergulho em profundidade. No período pós-parto não há restrições. Sendo assim, é possível afirmar que para a grande maioria a prática de atividade física é bastante segura e altamente recomendada, exceto em condições de saúde específicas. 

De acordo com o Guia, as mulheres durante a gravidez e no pós-parto podem praticar atividade física no seu tempo livre fazendo aquilo que gosta. Então vale caminhar, correr, dançar, nadar, pedalar, fazer ginástica, musculação, hidroginástica ou alongamentos, entre outras. É uma ótima oportunidade, inclusive, para compartilhar esse momento na companhia de alguém. 

É importante apenas estar atenta a algumas adaptações que passam a ser necessárias conforme a gravidez avança. Por isso, o acompanhamento de um profissional de saúde é aconselhado para a prática de atividade física como musculação, hidroginástica, yoga, pilates e exercícios físicos para o fortalecimento dos músculos que sustentam os órgãos da pelve (aqueles localizados na região do quadril).

Outra opção de atividade física são aquelas feitas durante o deslocamento. Vai para o trabalho ou para algum outro local? Aproveite para ir andando ou de bicicleta, por exemplo. Mas procure fazer esses deslocamentos da forma mais segura e agradável possível. E depois que já está no trabalho, opte por subir escadas ao invés do elevador. Esses movimentos do dia a dia já valem como atividade física. Até mesmo nas tarefas domésticas as gestantes e as puérperas podem se tornar mais ativas fisicamente no seu dia a dia. 

Leia também - A atividade física pode contribuir para melhorar a saúde do sono

Em tempo: consulte o Guia de Atividade Física para a População Brasileira

Produzido pelo Ministério da Saúde, o Guia de Atividade Física para a População Brasileira incentiva a prática regular de atividade física e traz exemplos de como manter uma vida fisicamente ativa em diferentes momentos. Dividida em oito capítulos, a publicação aborda a prática de atividade física em vários contextos, grupos e ciclos de vida, além de trazer recomendações sobre a quantidade, a intensidade e exemplos de atividades aeróbias, de força e de equilíbrio, com indicações para um estilo de vida ativo. Acesse agora para consultar informações e recomendações específicas para crianças de até 5 anos, crianças e jovens de 5 a 17 anos, adultos e idosos, gestantes e mulheres no pós-parto, pessoas com deficiência e para a educação física escolar.