Seminário internacional discute políticas de saúde mental, álcool e outras drogas voltadas para crianças, adolescentes e jovens

O Departamento de Saúde Mental e Outras Drogas (Desmad) realizou o Seminário Internacional Saúde Mental, Redes e Desafios Atuais - Crianças, Adolescentes e Jovens, com a colaboração da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas). Com objetivo de discutir experiências e práticas intersetoriais voltadas ao cuidado e à promoção da saúde mental de crianças, adolescentes e jovens, o evento buscou aprofundar temáticas atuais e os desafios para o cuidado a esse público na Rede Atenção Psicossocial (Raps). Vinculado à Secretaria de Atenção Especializada (Saes), o Desmad foi criado no início da atual gestão. 

Houve participação e colaboração de gestores municipais, estaduais, federais e de equipamentos públicos nos territórios, do controle social da Saúde e da Infância, promotores públicos, redes universitárias de pesquisa, de movimentos sociais e especialistas estrangeiros. Na abertura dos trabalhos, dada na quinta-feira (10), Dia Mundial da Saúde Mental, o secretário da Saes, Adriano Massuda, destacou a importância do fortalecimento da Raps, com especial destaque aos Centros de Atenção Psicossocial (Caps), além de reforçar a necessidade de se trabalhar de maneira intersetorial, tanto entre as diferentes áreas do governo, como com a sociedade civil. 

A diretora do Desmad, Sônia Barros, destacou a importância das ações tomadas em conjunto e da visão integral no cuidado de crianças, jovens e adolescentes. Após as apresentações, duas mesas de debate acerca da intersetorialidade das ações da Saúde Mental para o público infanto-juvenil. 

Na sequência, os participantes foram divididos em quatro oficinas, e trabalharam os temas Sistema de Justiça; Escola; Rede de Atenção Psicossocial e territórios; e Desinstitucionalização e Direitos Humanos. 

Questões relacionadas ao suicídio e outras violências autoprovocadas, o uso de álcool e outras drogas, o Transtorno do Espectro Autista (TEA), foram temas do segundo dia de seminário. Cada grupo ficou responsável por redigir cinco diretrizes e recomendações para a política de Saúde Mental voltada a este público. Também foi realizada uma mesa sobre participação social e protagonismo de crianças, adolescentes, jovens, e de seus familiares.  Ao final do seminário, na sexta (11), todas as diretrizes foram apresentadas em plenário e aprovadas pelo conjunto de especialistas. 

Neli Castro de Almeida, coordenadora-geral de Redes e Serviços do DESMAD e uma das idealizadoras do seminário, comemorou o esforço coletivo em torno de uma pauta tão sensível. “É um evento muito importante,  pois significa uma retomada do processo democrático de construção de uma política nacional de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas para crianças, adolescentes e jovens”, pontua. “A gente se debruçou sobre situações muito agudas que a sociedade brasileira vem enfrentando, principalmente no pós-pandemia, com um aumento significativo de suicídios, de violências autoprovocadas, e também a questão do uso muito precoce de álcool e outras drogas”, frisa.

Almeida ainda alerta para um aumento na demanda dos serviços de Saúde Mental. “Temos, hoje, um grande número de crianças, adolescentes e jovens em processos sensíveis de sofrimento mental, e é dever do SUS cuidar dessas crianças”, completa. As diretrizes, recomendações e proposições serão compiladas em um documento oficial, que subsidiará o planejamento de ações do Desmad voltado para o campo da saúde mental infanto-juvenil. 

Ministério da Saúde