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PLANEJAMENTO
Limitar aquecimento global a 1,5ºC pode gerar ganho de R$ 6,7 trilhões para o PIB até 2050
A limitação do aquecimento global a 1,5°C – o que demandaria uma ação mundial rápida e coordenada – poderia resultar num acréscimo de R$ 6,7 trilhões ao Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil até 2050 e na criação de 1 milhão de novos postos de trabalho, na comparação com um cenário de ausência de ação efetiva e com continuidade das emissões globais nos níveis atuais.
Essas projeções fazem parte do “Estudo estratégico sobre os impactos econômicos da mudança do clima no Brasil”. O documento, fruto da parceria entre a Secretaria Nacional de Planejamento do Ministério do Planejamento e Orçamento (Seplan/MPO), e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), está sendo apresentado nesta terça-feira (18/11) na COP30, em Belém
O evento conta com a participação da secretária Nacional de Planejamento, Virgínia de Ângelis. “O estudo reforça que enfrentar a mudança do clima é uma decisão de Estado, não de governo. Quando alinhamos ciência, planejamento e política pública, o país se torna capaz de transformar riscos em oportunidades e garantir um crescimento mais forte, inclusivo e resiliente até 2050”, destaca a secretária.
O estudo aponta que, entre as estratégias analisadas para garantir a limitação do aquecimento global a 1,5°C, a busca pela eficiência energética – que envolveria a priorização de programas de eficiência no setor industrial, de transporte e de edificações – é a que gera o maior retorno econômico e social, com aumento de 4,7% no PIB e de 10 pontos porcentuais na produtividade total dos fatores.
Outras estratégias envolveriam o investimento na agricultura de baixo carbono, com a aceleração de práticas de integração lavoura-pecuária-floresta, restauração de pastagens e uso sustentável do solo, e em infraestrutura resiliente, com o planejamento de obras públicas e privadas adaptadas para inundações e secas.
O estudo faz simulações do impacto de outros dois cenários: um aquecimento global de 2ºC, que estaria alinhado às metas do Acordo de Paris, e de 4ºC, que ocorreria sem a ausência de ação efetiva. Neste último caso – que, ressalte-se, não é o cenário principal, tendo em vista a magnitude do impacto de uma mudança como essa e a capacidade de resiliência do planeta – o Brasil perderia R$ 17,1 trilhões em PIB e 4,4 milhões de empregos até 2050.
Nesse horizonte, os efeitos seriam desproporcionais entre as regiões brasileiras, sendo maior no Centro Oeste, cujos estados poderiam se tornar “desertos econômicos”, e no Norte e Nordeste, que enfrentariam escassez hídrica severa, com aumento de até 25% no custo de acesso à água.
Estratégia e parceria
O “Estudo estratégico sobre os impactos econômicos da mudança do clima no Brasil” compõe o ciclo dos quatro estudos estratégicos transversais que subsidiam a Estratégia Brasil 2050, iniciativa do governo federal voltada para o planejamento de longo prazo do país. Os outros três estudos são Infraestrutura, Macroeconomia e Transição Demográfica.
A Estratégia Brasil 2050 tem como objetivo orientar políticas públicas que promovam o desenvolvimento sustentável, o crescimento econômico e a redução das desigualdades.
A cooperação técnica entre o MPO e o BID, por sua vez, foi fundamental para garantir o rigor metodológico, a sofisticação das modelagens econômicas e a profundidade das análises territoriais. O apoio do BID evidencia o reconhecimento internacional da relevância do planejamento de longo prazo e da atuação estratégica frente aos efeitos das mudanças climáticas no Brasil.
A parceria também reafirma o compromisso do Governo Federal com o planejamento baseado em evidências, na cooperação e na transparência da formulação de políticas públicas.