Notícias
PLANEJAMENTO
Vitória abre debates regionais para construir Estratégia Brasil 2050

- Crédito:Vitor Ribeiro
Como será o Brasil em 2050? A resposta começou a ser construída nesta quinta-feira (20/03), em Vitória (ES), com o primeiro encontro regional dos "Diálogos para Construção da Estratégia Brasil 2025-2050". O auditório do Sebrae foi palco do evento promovido pelo Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO), que reuniu autoridades, especialistas e representantes da sociedade civil para desenhar um plano inclusivo e sustentável para o país.
“Temos a missão de elaborar um plano de longo prazo que seja capaz de mobilizar parcerias e investimentos numa direção convergente com o desenvolvimento do país nos próximos 25 anos. Para isso, é necessário que a Estratégia Brasil 2050 tenha robustez e legitimidade, o que temos buscado a partir de uma construção amplamente colaborativa e participativa”, destacou Virgínia de Ângelis, secretária Nacional de Planejamento que representou na cerimônia a ministra Simone Tebet.
A força do projeto reside na integração de múltiplas perspectivas sobre o futuro do Brasil, o que, nas palavras da secretária, assegura um plano sólido, amplo e representativo. “A formulação da Estratégia Brasil 2050 tem como pilar central a participação social, com o engajamento de atores-chaves dos mais diversos setores, nas esferas pública e privada, nos três níveis de governo”, afirmou.
Este foi o primeiro de uma série de encontros que vão acontecer até junho. “Os diálogos, que iniciamos hoje no Espírito Santo e passarão por grande parte dos estados brasileiros, são etapa fundamental desse processo. Por meio deles, vamos ouvir lideranças e especialistas de diversas áreas que apresentarão desafios e potencialidades que devem ser enfrentados desde já para que possamos chegar ao futuro que queremos para o Brasil”, explicou Virgínia.
No painel inaugural do evento, a secretária ainda explicou que construir um planejamento de longo prazo não significa detalhar cada passo dado no futuro, mas estabelecer diretrizes claras capazes de unir diferentes setores e superar divergências políticas. Ela trouxe dados e detalhes dos diagnósticos feitos até agora e que devem nortear as discussões nos encontros que acontecerão neste semestre. “A gente vive em uma federação, com 27 unidades federativas, 5.570 municípios, um setor privado extremamente diversificado. Se a gente tiver uma visão de futuro integrada, talvez seja mais fácil juntar esforços", disse.
Para alcançar um país "mais próspero, mais justo, mais inclusivo e sustentável", explicou Virgínia, será fundamental mobilizar a sociedade e garantir que o plano ultrapasse mandatos políticos. "A gente precisa construir um pacto federativo pelo desenvolvimento no longo prazo. Pensar apenas no curto prazo não tem sido eficaz", afirmou.
Desafios: Que futuro queremos?
A mesa de abertura do evento contou com a participação de Fabrício Marques, presidente do Conselho Nacional dos Secretários Estaduais de Planejamento (Conseplan). Segundo ele, o
Brasil já tem clareza dos principais desafios a serem enfrentados para consolidar um plano de longo prazo até 2050.
O desafio central, na opinião de Marques, é a agenda de infraestrutura resiliente às mudanças climáticas. Segundo ele, apesar dos estados e municípios serem responsáveis por 83% dos investimentos públicos no país, ainda há resistência em adotar métodos modernos que considerem a resiliência climática. “Nós ainda estamos muito no discurso. Não fazemos isso na prática”, alertou.
Marques defendeu que a solução é construir um plano de desenvolvimento consistente, democrático e mobilizador, capaz de efetivamente transformar os avanços democráticos do país em prosperidade econômica e social. “Infelizmente, não conseguimos transformar os benefícios da democracia em prosperidade. Nosso desafio é criar algo crível e mobilizador para que possamos alcançar resultados como redução das desigualdades e uma vida adaptada às mudanças climáticas”, concluiu.
O secretário de Planejamento do Espírito Santo, Álvaro Duboc, por sua vez, destacou que o principal desafio ao construir um planejamento de longo prazo está nas rápidas e profundas transformações sociais que vêm passando ano a ano. Segundo ele, o planejamento deve focar não apenas na resolução de problemas históricos como "desigualdade social" e "desigualdade regional", mas também em desafios inéditos da sociedade moderna.
A Estratégia Brasil 2050 também conta com a participação do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Durante a abertura, o especialista sênior da entidade, Andre Martinez Fritscher, afirmou que o banco apoia diretamente o desenvolvimento da iniciativa do Governo Federal por meio de estudos temáticos sobre diversos temas, desde mudanças climáticas e infraestrutura a mudanças demográficas e economia.
Martinez destacou ainda que há “muita convergência entre a Estratégia Brasil 2050 e a estratégia do BID recentemente aprovada para o Brasil”, especialmente nas questões relacionadas a segurança alimentar e a sustentabilidade. Segundo ele, o Brasil ocupa um papel central nesses desafios globais e pode traduzi-los “em benefício para os brasileiros, suas empresas e cidadãos”.
Após a abertura, o evento em Vitória focou na discussão em torno de painéis com representantes da sociedade civil em temas como educação, meio ambiente, economia e energia, trazendo à tona as potencialidades e desafios específicos da região Sudeste e do Espírito Santo. Especialistas locais apresentaram suas visões, colaborando para que as particularidades regionais sejam contempladas e valorizadas nas políticas públicas futuras. Todas as discussões apontamentos serão utilizados na formatação da Estratégia prevista para ser entregue ainda este ano.
Conseplan reforça parceria estratégica
Antes dos debates sobre o futuro, a secretária Virgínia de Ângelis participou da abertura do XVCII Fórum Nacional de Secretários Estaduais de Planejamento (Conseplan), também realizado na capital capixaba. O evento promoveu uma troca importante de experiências sobre planejamento governamental entre secretários de todo o país.
“O Conseplan tem se consolidado como o principal espaço de troca de boas práticas e discussão sobre planejamento e orçamento governamental”, afirmou Virgínia. Para ela, a colaboração constante entre o Ministério e os estados fortalece o planejamento como uma função essencial para enfrentar desafios futuros e modernizar a gestão pública.
Segundo Virgínia, a participação do MPO no Conseplan é estratégica para a construção e implementação da Estratégia Brasil 2050. "Compartilhamos os desafios de fortalecer o planejamento como função essencial de Estado e modernizar o orçamento público, para que possamos avançar juntos", destacou.
A secretária ainda ressaltou a importância do apoio dos secretários estaduais de Planejamento nesse processo: "Essa parceria é especialmente relevante na construção do nosso plano de longo prazo. O Conseplan abraçou a missão de desenhar a governança do plano, garantindo sua implementação e continuidade para nos levar ao país que queremos nos próximos 25 anos”