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PLANEJAMENTO
Tebet defende reconstrução do planejamento nacional para enfrentar um futuro repleto de desafios
Reconstruir o planejamento nacional é essencial para o Brasil enfrentar com sucesso os desafios futuros e romper com a lógica do imediatismo, que custa caro ao país. Foi o que defendeu a ministra Simone Tebet ao abrir, nesta terça-feira (6/5), em Brasília, o 1º Congresso do Conselho Nacional de Secretários Estaduais do Planejamento (Conseplan). “Planejar é um ato de altruísmo com as futuras gerações”, enfatizou a ministra diante de secretários estaduais e municipais, servidores e especialistas.
Ao apontar as dificuldades que o país tem para implementar políticas estratégicas, Tebet afirmou que o foco apenas no presente dificulta o debate sobre planejamento. “Num país de urgências, num país que só pensa o presente, é muito difícil ter ouvidos quem quer ouvir falar de futuro”, ressaltou. A ministra defendeu uma comunicação clara e simples para mostrar à população como decisões de médio e longo prazo impactam diretamente o cotidiano.
“A primeira coisa que a gente tem que fazer é falar de forma muito simples, porque se a gente não explicar para a população e para a própria mídia, a gente acha às vezes que está falando óbvio, mas é esse óbvio que precisa estar em cima da mesa”, pontuou.
Durante sua palestra, Tebet citou o exemplo da inflação dos alimentos para mostrar como decisões estratégicas anteriores poderiam ter mitigado impactos atuais. Ela enfatizou que o Brasil poderia estar mais bem protegido contra aumentos de preços se tivesse adotado uma política de segurança alimentar há 20 anos. “Se tivéssemos feito o dever de casa no Plano Nacional de Segurança Alimentar, não estaríamos hoje com o preço dos alimentos dessa ordem de grandeza”, avaliou.
Planejar é fazer escolhas no presente
Outro ponto abordado pela ministra foi a importância do Plano Plurianual (PPA) para evitar desperdícios e sobreposições nas políticas públicas. Ela criticou propostas anteriores que defendiam abolir o planejamento de médio prazo. “Como começar direto em Lei de Diretrizes Orçamentárias sem saber que a primeira peça do orçamento é o planejamento?”, questionou, ressaltando que planejar também envolve revisar e avaliar periodicamente as políticas públicas em vigor para garantir eficiência.
Para Tebet, planejamento não significa apenas traçar metas futuras, mas também fazer escolhas concretas no presente. Ela ressaltou a necessidade de reduzir desigualdades e transformar crescimento econômico em prosperidade efetiva para os cidadãos. “Não é uma dicotomia social ou fiscal. Não se faz social sem fiscal, não se faz social sem cuidar do orçamento brasileiro”, frisou.
A ministra lembrou ainda que o governo federal inovou ao lançar, pela primeira vez, uma Secretaria específica para Monitoramento e Avaliação de Políticas Públicas, reforçando a importância dessa prática para corrigir rumos e aperfeiçoar programas governamentais. “Ter a coragem de revisar essas políticas públicas é fundamental. Não para fazer superávit, mas para zerar filas da aposentadoria, da saúde, das creches”, complementou.
Ao falar do planejamento de longo prazo que está sendo construído de maneira colaborativa entre todos os brasileiros, Tebet enfatizou que o Estratégia Brasil 2050 visa garantir um desenvolvimento inclusivo e sustentável nas próximas décadas. Para isso, o planejamento precisa incorporar os impactos das mudanças climáticas, da transição demográfica e das transformações tecnológicas. “O Brasil está envelhecendo antes de ficar rico. Este, talvez, junto da mudança climática, seja o maior problema”, alertou, destacando que enfrentar essas questões exige políticas consistentes e integradas entre União, estados e municípios.
A integração regional também recebeu atenção especial da ministra. Tebet afirmou que o Brasil precisa se voltar mais para a América do Sul como forma de expandir seu comércio e promover desenvolvimento conjunto. “Temos um Brasil inteiro do nosso lado pronto para consumir os nossos produtos”, argumentou, defendendo iniciativas como as Rotas de Integração Sul-Americana, projeto prioritário do ministério.
Ao encerrar seu discurso, Tebet reforçou o papel estratégico do planejamento como compromisso social e geracional. “Planejar é fazer escolhas, planejar é pensar o futuro. Não significa necessariamente que vamos estar aqui para ver, mas nossos filhos e nossos netos estarão. Esse é um compromisso social que nós devemos ao Brasil”, concluiu. O congresso segue até quinta-feira (8/5), reunindo secretários, especialistas e agentes públicos para debater avanços no planejamento estratégico do país.
