Notícias
PLANEJAMENTO
Brasil e União Europeia se unem em diálogo sobre construção de políticas públicas
Em um momento global marcado por transformações tecnológicas aceleradas e desafios intergeracionais, o Ministério do Planejamento e Orçamento, por meio da Secretaria Nacional de Planejamento (Seplan), em parceria com a Delegação da União Europeia no Brasil, promoveram nesta quarta-feira (28/5) o seminário “Diálogo UE-Brasil Planejamento de Cenários/Foresight – Moldando a Agenda Global do Futuro”.
O evento reuniu especialistas, representantes governamentais e organizações nacionais e internacionais em um amplo debate sobre como antecipar tendências globais, construir cenários e utilizar ferramentas de foresight estratégico para orientar políticas públicas com visão de futuro. O ministro do Planejamento e Orçamento substituto, Gustavo Guimarães, destacou a importância de se refletir sobre o futuro não apenas como um destino inevitável, mas como algo que pode e deve ser moldado por decisões políticas fundamentadas e participativas.
“Nos reunimos hoje não apenas para debater tendências e projeções, mas também para refletir sobre o tipo de futuro que queremos e o que podemos fazer para que ele se torne real. O Brasil e a União Europeia compartilham valores como sustentabilidade, igualdade e democracia. Nós sabemos que só com instituições fortes e uma política séria será possível enfrentar os grandes desafios que nos aguardam”, afirmou Guimarães.
Durante o evento, foram discutidos temas como o Relatório de Tendências Globais 2040 da União Europeia (EU Global Trends Report 2040), a Estratégia Brasil 2050 e as experiências brasileiras de planejamento de longo prazo. Segundo ele, o planejamento estratégico brasileiro precisa articular responsabilidade fiscal com justiça social, inovação e visão de longo prazo. “Planejar o futuro passa pelas questões sociais. Temos que olhar para ele não como destino, mas como caminhos e estratégias”, completou.
Do planejamento à implementação
A secretária Nacional de Planejamento, Virginia de Ângelis, participou do painel “Da prospectiva estratégica à implementação de políticas”, que abordou como ferramentas de foresight, que explora cenários futuros possíveis, podem ser integradas aos processos decisórios atuais, incluindo orçamentos públicos e prioridades nacionais como o Pacto para o Futuro e a preparação para a COP30.
“É fundamental que a prospectiva estratégica deixe de ser apenas uma atividade de especialistas e passe a orientar políticas públicas reais e efetivas. Estamos avançando com iniciativas como o Brasil 2050, mas sabemos que transformar visão em ação exige instituições coordenadas, transparência e a escuta ativa da sociedade. Esse é o caminho para uma governança capaz de enfrentar os dilemas da era digital, da emergência climática e das desigualdades persistentes”, pontuou.
A secretária destacou a importância da Estratégia Nacional de Longo Prazo – Brasil 2050, iniciativa liderada pela Seplan que além de pensar o desenvolvimento do país nos próximos 25 anos, pretende integrar e harmonizar planos setoriais e regionais. A estratégia tem como objetivo proporcionar maior previsibilidade na atuação governamental, melhorar o ambiente de negócios e aumentar a transparência.
Com previsão para conclusão em 31 de julho de 2025, a Estratégia Brasil 2050 representa a compreensão de que os desafios de desenvolvimento exigem esforços coordenados que transcendam fronteiras setoriais e mandatos presidenciais. A construção da Estratégia envolve análise situacional, definição de megatendências, elaboração de cenários e identificação de forças e fraquezas, com foco no desenvolvimento sustentável e na redução das desigualdades.
Trata-se de um exercício de planejamento de longo prazo que visa antecipar riscos e fortalecer a capacidade de resposta do Estado diante das incertezas. O processo é participativo, envolvendo setor público e privado, sociedade civil e academia, e busca mobilizar parcerias institucionais e recursos para viabilizar a transformação da visão estratégica em realidade.
União estratégica
Representando a Delegação da União Europeia, o chefe de Missão Adjunto Jean-Pierre Bou, reforçou a afinidade entre os dois blocos e a relevância de pensar conjuntamente os rumos da governança global. “O Global Trends Report 2040 é mais do que uma análise de tendências — é um convite à ação conjunta. Estamos muito felizes em construir essa parceria com o Brasil, especialmente porque partilhamos valores fundamentais: o compromisso com a democracia, com o multilateralismo e com o desenvolvimento sustentável”, afirmou.
A Major-Brigadeiro Carla Lyrio Martins, Comandante da Escola Superior de Defesa, destacou que o planejamento de cenários também é uma ferramenta essencial no campo da segurança e da soberania nacional. “A integração entre diferentes esferas do Estado, como vemos hoje aqui entre Brasil e União Europeia, fortalece nossa capacidade de construir respostas coordenadas e sustentáveis aos desafios globais — da segurança climática à revolução digital. A prospectiva e a defesa caminham juntas na missão de proteger a soberania e promover o desenvolvimento”, afirmou.
O seminário marcou o início de uma cooperação mais intensa entre Brasil e União Europeia na área de planejamento estratégico. Com base em ciência, dados e diálogo multilateral, os organizadores esperam consolidar uma agenda comum orientada por evidências, valores democráticos e foco em soluções de longo prazo para os desafios do século XXI.