Notícias
INTERNACIONAL
Presidente Lula anuncia aporte de US$ 5 milhões para o Banco de Desenvolvimento do Caribe para atender ações sociais
O presidente da República, Luis Inácio Lula da Silva, anunciou na manhã desta sexta-feira (13/6), durante discurso na Cúpula Brasil-Caribe, o aporte de US$ 5 milhões para o Banco de Desenvolvimento do Caribe, direcionado ao Fundo de Desenvolvimento Especial (Special Development Fund, SDF, na sigla em inglês). "Esses recursos atenderão os países mais vulneráveis da região. Garantir que caminharemos lado a lado e com o olhar no futuro será a tarefa mais urgente do Fórum Ministerial Brasil-Caribe", disse o presidente ao anunciar também a instância de debate entre o Brasil e a região caribenha. "Fortalecer a nossa conexão entre nossos países é uma tarefa inadiável. Não podemos mais abrir mão das oportunidades que serão geradas pela integração", afirmou Lula no início do seu discurso.
O presidente lembrou que nesta semana, Brasília foi palco de duas atividades dedicadas ao Caribe. A primeira delas foi a 55ª Assembleia de Governadores do Banco de Desenvolvimento do Caribe, concluída nesta quinta-feira (12/6). O evento foi organizado pelo Banco em parceria com o Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO), que representa o governo brasileiro nesta instituição multilateral de desenvolvimento e encerrou seu período de um ano à frente da Assembleia de Governadores do Banco. "Hoje, teremos a oportunidade de aprofundar nosso diálogo. O lema desta reunião – “aproximar para unir” – vem da frase final do discurso que proferi na Cúpula Brasil-CARICOM de 2010", destacou Lula.
Durante a Cúpula, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) anunciou que irá destinar USD 3 bilhões em projetos para a região, especialmente Guiana e Suriname, que são as portas do Brasil para o Caribe. Além disso, o CAF – Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe anunciou que irá realizar fórum no Brasil em agosto para aprofundar as relações com a região.
O presidente Lula destacou os esforços do Governo Federal para reaproxima o Brasil da Região e que busca resultados concretos com este movimento "Identificamos cinco áreas nas quais a colaboração entre o Brasil e o Caribe tem potencial de render resultados concretos. A primeira delas é o da mudança do clima. Precisamos chegar unidos à COP30 em Belém", conclamou Lula. Em seguida ele apresentou as demais quatro áreas de colaboração: transição energética, conectividade aérea, viária e marítima, plano de desenvolvimento do Haiti e segurança alimentar.
Falando sobre a integração com a região caribenha o presidente ressaltou que a escassez de conexões faz com que o Caribe importe mais dos Estados Unidos, da China e da Alemanha do que do Brasil. Os itens que abastecem a região vêm de lugares distantes, mesmo que os portos de Santana, no Amapá, e o de Pecém, no Ceará, sejam vizinhos.
O presidente lembrou programa brasileiro das Rotas da Integração Sul-Americana, coordenado pelo MPO, que busca criar e aprimorar a infraestrutura que liga o Brasil ao seu entorno regional. "O Brasil acordou com o BID [Banco Interamericano de Desenvolvimento] que US$ 3 bilhões de sua carteira fossem destinados a projetos em países sul-americanos. Parte desses recursos está sendo empregada em iniciativas na Guiana e no Suriname, que são nossas portas naturais para o Caribe", apontou.
Lula lembrou que o Brasil tem acordos de serviços aéreos vigentes com apenas três países caribenhos "mas queremos - e precisamos - ir além. Firmaremos hoje instrumentos com Barbados e Suriname", anunciou.
A 55ª Reunião Anual do Banco de Desenvolvimento do Caribe
Com o tema “Construindo o Futuro: Instituições Resilientes para um Caribe Mais Verde, Mais Forte e Inclusivo”, a 55ª Reunião Anual do BDC, realizada entre os dias 9 e 12 de junho, contou com a participação de mais de 350 pessoas em uma extensa programação que envolveu reuniões estatutárias do Banco e painéis de debates sobre temas como resiliência climática, combate à fome e COP-30. “Essa reunião marca a reaproximação do Brasil com o Caribe e o compromisso comum que temos com o multilateralismo, o combate à fome e o enfrentamento às mudanças climáticas” expressou a Ministra de Planejamento e Orçamento Simone Tebet durante a cerimônia de abertura da 55ª Reunião Anual.
O BDC é formado por 28 países membros, sendo 19 do Caribe. O Brasil é sócio desde 2015 e exerceu a presidência do Conselho de Governadores, a mais alta instância diretiva da instituição, entre junho de 2024 e junho de 2025. “Compartilhamos experiências exitosas de políticas públicas no Brasil que podem servir de referência para o Caribe. Ficou muito claro durante o evento o interesse dos países caribenhos em estreitar laços econômicos e culturais com nosso país” disse a Secretária de Assuntos Internacionais e Desenvolvimento Viviane Vecchi, que exerceu a presidência do Conselho de Governadores em nome do Brasil.
O Fundo de Desenvolvimento Especial do BDC
O Fundo de Desenvolvimento Especial (Special Development Fund, SDF, na sigla em inglês) foi criado em 1970 e é o braço concessional do Banco, financiado por recursos doados pelos países membros, com aplicação voltada à redução da pobreza, vulnerabilidade e resiliência, sustentabilidade ambiental e mudança climática, desenvolvimento do setor privado e capacidade de implementação.
Desde 1984, o SDF aprovou mais de US$1,7 bilhão em empréstimos para enfrentar os desafios de pobreza e desenvolvimento social da região, desembolsando no mesmo período US$1,3 bi. Nos últimos 10 anos, o SDF treinou e certificou quase 8.850 professores em todo o Caribe, construiu 2.760 salas de aula, e garantiu estudo para 343.000 estudantes. Aproximadamente $106,4 milhões em empréstimos do SDF foram comprometidos para apoiar os países membros mutuários do CDB na resposta à COVID-19. Entre 2013-2022, mais de 94.000 famílias se beneficiaram com o acesso melhorado a serviços de água e saneamento graças ao SDF.
O fundo tem uma destacada atuação no setor educacional. No Haiti, por exemplo, o apoio ao ensino secundário foi expandido para os departamentos do Oeste, Centro e Grand'Anse, beneficiando 2.533 estudantes em situação de vulnerabilidade — dos quais 40% eram meninas — com subsídios para mensalidades em 80 escolas. O SDF aloca recursos para combate à pobreza e inclusão social através do Basic Needs Trust Fund (BNTF), que já desembolsou US$250 milhões para projetos em 10 países do Caribe, nos 10 ciclos do SDF.
O SDF realiza recomposições de capital em ciclos de quatro anos. O próximo ciclo de recomposição, o SDF 11, cobrirá o período 2025-28 e terá como foco iniciativas para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) até 2030. A meta de captação de recursos na rodada é de US$ 460 milhões, ao passo que as doações anunciadas até o momento somam pouco mais de US$ 126,36 milhões. Mesmo considerando as parcelas oriundas de repagamentos de operações e outras fontes (pouco mais de US$ 250 milhões), ainda faltarão outros US$ 82,4 milhões para alcançar a meta. Os maiores contribuidores do SDF 11 até o momento são: Canadá (US$ 59 milhões), Jamaica (US$ 16,5 milhões), Trinidad e Tobago (US$ 11,3 milhões) e Guiana (US$ 9,2 milhões).
Confira o Discurso do presidente na íntegra
