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Brasil e Panamá reforçam integração em comércio, logística e conectividade
O secretário de Articulação Institucional do Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO), João Villaverde, participou nesta quinta-feira (28/8) do Diálogo Brasil-Panamá - Construindo Pontes para o Fórum Econômico Internacional América Latina e Caribe, promovido pelo Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe (CAF) e pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O encontro reuniu autoridades e representantes do setor privado dos dois países para debater comércio, logística e conectividade na região.
Em sua fala, João Villaverde destacou que o momento é estratégico para aprofundar as relações entre Brasil, Panamá e demais países latino-americanos. “Embora estejamos falando em política de Estado, não podemos perder a oportunidade de estarmos em um ambiente extremamente propício para a integração deslanchar”, afirmou. O secretário lembrou a visita do presidente Lula a Rondônia, na fronteira com a Bolívia, quando foi autorizada a construção de uma ponte binacional aguardada desde 1996. “A integração do Brasil com a América Latina está na Constituição. Façamos a integração”, ressaltou.
Villaverde citou ainda o projeto Rotas de Integração Sul-Americana, que busca ampliar conexões logísticas e comerciais. Ele chamou atenção para o peso do Panamá, que recebe quase o mesmo volume de exportações brasileiras que o Equador, cerca de US$ 990 milhões anuais. “Esse valor pode e deve crescer”, disse, lembrando também da instalação de uma infovia de internet na tríplice fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru, em Tabatinga. “Com conectividade, fortalecemos segurança, meio ambiente, aduanas e Receita Federal.”
O secretário também apontou o turismo como vetor essencial de desenvolvimento. Segundo ele, pesquisas recentes mostram que as novas gerações priorizam experiências internacionais. “Conheci o Panamá e é um país extraordinário. O turismo, especialmente o ecoturismo, atrai recursos para bares, restaurantes e hotéis, além de promover integração entre os povos”, defendeu. Para Villaverde, o momento exige ação. “Estamos em um tempo sem paralelos, que deve ser aproveitado para consolidar a integração regional.”
Comércio estratégico
O ministro do Comércio e Indústrias do Panamá, Julio Moltó, reforçou a posição estratégica do país como hub internacional. “O Panamá é um grande porto, um centro logístico que conecta continentes e abre caminho para o comércio global. Isso nos dá uma posição privilegiada para atrair investimentos produtivos de empresas brasileiras e panamenhas”, afirmou. Para ele, Brasil e Panamá podem se complementar em cadeias de valor, aproveitando a estabilidade e a infraestrutura disponível.
Na mesma linha, o ministro dos Assuntos do Canal do Panamá, José Ramón Icaza, ressaltou que a conectividade é a marca do país. “Comercializamos com 170 países e temos 180 rotas de navegação. O canal está ampliando sua capacidade hídrica em até 30% e construindo novas rodovias que ligam Pacífico e Atlântico”, informou. Icaza também destacou a relevância das telecomunicações. “O Panamá tem sete cabos submarinos e se consolida como polo de dados na região. Queremos fortalecer a relação com o Brasil e diversificar nossa agenda comercial.”
Desenvolvimento produtivo
O secretário-Executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Marcio Elías Rosa, apontou as oportunidades de integração industrial. “O Panamá tem o hub logístico mais relevante da América Central, ligando a América do Sul e a América do Norte. Podemos investir em agroindústria, defesa e novas cadeias produtivas. A Nova Indústria Brasil só se justifica se expandirmos o comércio bilateral”, disse. Para ele, a negociação de um acordo Mercosul-Panamá pode respeitar limites estratégicos, mas ainda assim ampliar o potencial de cooperação.
O embaixador Laudemar Aguiar, Secretário de Promoção Comercial, Ciência, Tecnologia, Inovação e Cultura do Ministério das Relações Exteriores, reforçou o papel das parcerias público-privadas. “As políticas de maior sucesso no Brasil, como Embraer, Embrapa e Fiocruz, só se consolidaram porque governos e setor privado atuaram juntos. Precisamos do mesmo modelo para ampliar inovação, digitalização e produtividade na região”, afirmou. Ele destacou ainda que a cooperação com o Panamá no âmbito da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) pode gerar novas oportunidades em conectividade e financiamento para pequenas empresas.
Inclusão social
O investidor regional Stanley A. Motta, ligado à Copa Airlines e a instituições financeiras panamenhas, defendeu que a integração regional só terá sucesso se enfrentar a pobreza. “Nosso propósito deve ser criar empregos, aumentar renda e ampliar educação. É isso que faz melhores países”, disse. Motta destacou a importância de uma governança sólida e de continuidade nas políticas públicas. “Quando há bom propósito e boa governança, o dinheiro aparece. A experiência do Canal do Panamá mostra isso. Em 25 anos, conseguimos resultados porque havia clareza e responsabilidade.”
O encontro Brasil-Panamá reforçou a percepção de que integração produtiva, conectividade e turismo são peças-chave para o desenvolvimento sustentável da região. As falas dos participantes convergiram na ideia de que a aproximação entre os dois países é estratégica para potencializar o Fórum Econômico Internacional América Latina e Caribe, que será realizado em breve.
