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Redução de emissões do setor Uso da Terra e Florestas é relevante para todos os setores, apontam especialistas
Foto: Rodrigo Cabral (ASCOM/MCTI)
Diferentes grupos brasileiros de pesquisa e representantes dos Ministérios que integram o Comitê Interministerial sobre Mudança do Clima (CIM) discutem, nesta semana (06 e 07 de fevereiro), aspectos técnicos que possam aprimorar a modelagem para o setor Uso da Terra e Florestas. O objetivo é captar melhor a dinâmica do setor para produzir cenários futuros com maior acurácia. A oficina “Trajetórias de Mitigação no Setor de Mudança do Uso da Terra e Florestas” integra as atividades do Grupo Técnico Temporário do Plano Clima – Mitigação.
Cerca de 70 profissionais participam da oficina que é realizada de modo híbrido (presencial e online). A programação inclui apresentações dos pesquisadores das Universidades Federais de Minas Gerais (UFMG) e do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade de São Paulo (USP), Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e Instituto de Pesquisa da Amazônia (Ipam).
A atividade é decorrente do seminário técnico-científico realizado em novembro do ano passado, quando foi identificada a necessidade de aprofundar os debates em torno dos parâmetros e informações técnicas do setor para subsidiar o modelo matemático integrado BLUES (acrônimo para Brazilian Land Use and Energy System), que analisa simultaneamente todos os setores da economia. A ferramenta é utilizada para produzir cenários sobre as trajetórias de mitigação, ou seja, projeções futuras de redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE).
Serão gerados panoramas gerais e setoriais com horizonte até 2050 para subsidiar a elaboração do Plano Clima – Mitigação, que vai estabelecer diretrizes e estratégias de como atingir as metas brasileiras estabelecidas na Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC).
Na abertura, o diretor do Departamento para o Clima e Sustentabilidade do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Osvaldo Moraes, destacou que a oficina é estratégica para atender ao que o Plano Clima está se propondo. “Nosso papel é fornecer o subsídio, as informações iniciais, para os cenários que vão ser delineados pelos modelos”, exemplificou. Ele complementou que a pasta é responsável pela elaboração do Inventário Nacional de Emissões de GEE, cujos dados são utilizados nos processos de modelagem.
A secretária de Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Ana Toni, ressaltou o esforço do governo em lastrear as políticas públicas em evidências científicas e mencionou a área climática como um exemplo. “O tema de mudança climática é todo baseado e lastreado na ciência. No Brasil, a gente tem, junto com o MCTI, uma base científica muito forte que sempre pautou a política climática brasileira e assim vamos continuar”, afirmou Toni.
A secretária considera que o tema é fundamental para o Brasil e destacou o protagonismo da comunidade científica brasileira no setor Mudanças de Uso da Terra em relação à clima. “Os maiores cientistas do mundo estão aqui nessa sala hoje”, disse. Além disso, Toni destacou as especificidades e a diversidade dos biomas presentes no território brasileiro que demandam diferentes índices de absorção de carbono, entre outros parâmetros. “O setor de Mudança de Uso da Terra depende de cada região. A floresta tropical brasileira é diferente da Caatinga, que é diferente do Pampa. O que se absorve de carbono, o que se mede de carbono em cada uma desses biomas é muito diferente. A ciência da Mudança de Uso da Terra é absolutamente prioritária para o Brasil. Nós dominamos essa ciência. Vamos fazer a concertação desses cientistas para nos orientarem na melhor política climática”, avaliou.
Segundo especialistas que efetuaram apresentações no primeiro dia de oficina, do ponto de vista metodológico, o setor de Uso da Terra é o mais complexo para qualquer país. No caso do Brasil, é preciso adicionar os desafios da dimensão continental do território, com cerca de 8,5 milhões de km2, da presença de seis diferentes biomas e suas especificidades. Além disso, historicamente, o setor de LULUCF (acrônimo em inglês para Uso da Terra, Mudança do Uso da Terra e Florestas) é o principal emissor de gases de efeito estufa (GEE) do Brasil. Segundo a 6a edição das Estimativas Anuais de GEE elaborado pelo MCTI, em 2020 o setor respondeu por 38% das emissões totais.
Plano Clima - O Plano Clima consolidará estratégias, planos e metas do governo federal para atingir os objetivos da Política Nacional sobre Mudança do Clima e o alcance das metas climáticas estabelecidas na Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) do Brasil. O Brasil se comprometeu a ter limite de emissões de 1,32 GtCO2e - consistente com uma redução de 48,4% até 2025, e de 1,20 GtCO2e -consistente com uma redução de 53,1% até 2030, comparado ao ano de 2005. Os dados consideram como parâmetro o último inventário nacional submetido à UNFCCC.
O Plano, que terá vigência entre 2024 e 2035, contemplará estratégia geral e planos setoriais. Além disso, deverão ser estabelecidos ciclos de avaliação e revisão.
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