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MIR e Ufopa inauguram Afroteca Abayomi no Quilombo Peafú, no Pará
Foto: João Albuquerque Dzawi Filmes
O Ministério da Igualdade Racial (MIR) e a Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) inauguram a Afroteca Abayomi, instalada na Escola Municipal Peafú, no Quilombo Peafú, município de Monte Alegre, no Baixo Amazonas.
Com investimento total de R$ 700 mil do MIR para expansão da rede de Afrotecas, essa é a quinta unidade entregue pela parceria, consolidando uma estratégia de fortalecimento das identidades, memórias e saberes das infâncias quilombolas na região.
O novo espaço beneficiará diretamente cerca de 300 famílias da Escola Municipal Peafú e de comunidades vizinhas, como Passagem e Nazaré do Airi, além de atender assentamentos rurais no entorno. A Afroteca Abayomi será um polo de referência pedagógica e cultural, com acervo de leitura infantil afrocentrada, atividades lúdicas, formações para professoras/professores e processos de articulação comunitária para uso compartilhado e preservação do espaço.
De acordo com o chefe de Planejamento de Ações Afirmativas na Educação, da Diretoria de Ações Afirmativas do MIR, Jefferson Acácio, a parceria entre governo federal, universidades, secretarias municipais de educação, lideranças locais e comunidades quilombolas reforça o compromisso com políticas públicas integradas para a primeira infância, educação e valorização cultural. “Essa articulação estratégica fortalece ações que unem saberes tradicionais e práticas pedagógicas, alinhando-se às diretrizes da Política Nacional Integrada da Primeira Infância (PNIPI), instituída pelo Decreto nº 12.574/2025, e aos marcos legais do Mês e Biênio da Primeira Infância”, afirma.
A cerimônia de inauguração contou com apresentações culturais de crianças e grupos de terreiro e as presenças de representantes da reitoria, diretoria e acadêmicos da Ufopa, da Secretaria Municipal de Educação, lideranças quilombolas, integrantes do Grupo de Pesquisa em Literatura, História e Cultura Africana, Afro-brasileira, Afro-Amazônica e Quilombola (AFROLIQ) e as implementadoras da Afroteca, Larissa Wanzilé e Sarah Melém e a matriarca mais idosa da comunidade, Sra. Rosita.
Parceria da Ufopa – O coordenador do projeto na Ufopa, professor Luiz Fernando de França, destaca que a implementação das novas unidades representa um avanço estratégico na consolidação do modelo pedagógico afrocentrado e na ampliação das políticas públicas de combate ao racismo desde a primeira infância. Ele enfatiza que a presença do MIR na região é um marco avaliativo e, sobretudo, uma oportunidade para conhecer de perto as Afrotecas, fortalecendo a cooperação institucional e reafirmando o compromisso com a educação antirracista.
“A parceria da Ufopa com o Ministério da Igualdade Racial na consolidação das Afrotecas é um marco decisivo para expansão da tecnologia. No contexto da COP30, no qual a Amazônia entra na centralidade do debate internacional, é indispensável dizer que este território é também produtor de uma tecnologia educacional antirracista que pode ser compartilhada com todo Brasil e com o mundo”, destacou o professor.
Natureza quilombola e iorubana – O nome “Abayomi”, de origem iorubá foi escolhido pelas crianças da comunidade após a leitura do livro Abayomi, da escritora Niní Kemba Náyð. A escolha simboliza a resistência e a força da ancestralidade quilombola, reforçando a integração entre educação, cultura e identidade.
Já o Quilombo Peafú, certificado pela Fundação Cultural Palmares, é patrimônio cultural e socioterritorial de relevância histórica, fruto de décadas de luta por regularização fundiária. Sua trajetória preserva saberes tradicionais, práticas espirituais e a memória coletiva de resistência que atravessa gerações.
Afrotecas – Coordenado pela Ufopa, por meio do Grupo de Pesquisa em Literatura, História e Cultura Africana, Afro-brasileira, Afro-Amazônica e Quilombola (AFROLIQ), o projeto que deu origem à Afroteca Abayomi está alinhado às Leis nº 10.639/2003 e nº 11.645/2008, que determinam o ensino da história e cultura africana, afro-brasileira e indígena nas escolas, ampliando as possibilidades pedagógicas para o reconhecimento, a valorização e o fortalecimento das identidades negras, quilombolas, indígenas e afro-brasileiras no ambiente educacional.
Com esta inauguração, já são cinco Afrotecas entregues em parceria com o MIR. Afroteca Curumim (Campus Tapajós/Ufopa, Santarém), Afroteca Kiriku (Escola Municipal Vitalina Motta, Belterra), Afroteca Bucala (Quilombo Saracura) e Afroteca Marina dos Santos (Quilombo Boa Vista). Juntas, essas unidades beneficiam aproximadamente 1.100 famílias, consolidando uma rede de espaços culturais e educativos comprometidos com a valorização das identidades afro-brasileiras na Amazônia.
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