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Seminário no Parque Nacional do Iguaçu (PR) reúne, pela primeira vez, mulheres que atuam na Proteção de UCs Federais
Com as Cataras do Iguaçu como cenário, as servidoras puderam trocar experiências e avançar em demandas. Foto: Stephanie Rocha/ICMBio
O Parque Nacional do Iguaçu, no Paraná, recebeu, entre os dias 9 e 11 de dezembro, o 1º Seminário de Mulheres na Proteção das Unidades de Conservação (UCs) Federais. O evento reuniu, pela primeira vez, servidoras de todo país que atuam na agenda da Proteção, o que engloba os processos de fiscalização e Manejo Integrado do Fogo.
O evento abordou os principais desafios enfrentados pelas servidoras, identificou as lacunas formativas e fomentou uma maior atuação das mulheres na fiscalização e no manejo integrado do fogo, áreas ainda interpretadas por um olhar majoritariamente masculino. Além disso, foi possível a troca de experiências e conhecimentos, fortalecendo e solidificando uma rede de apoio que envolve as servidoras efetivas do ICMBio, brigadistas, agentes temporárias ambientais (ATAs), voluntárias, colaboradoras e servidoras de órgãos parceiros, como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Na abertura, o Seminário contou com a participação do presidente do ICMBio, Mauro Pires. Em sua fala, Pires reforçou o compromisso da gestão em promover a equidade de gênero na instituição. “A desigualdade entre homens e mulheres não é destino, nem lei da natureza. Ela é construída no dia a dia – nas piadas que se aceita, nas oportunidades que se abrem ou fecham, na forma como se distribui confiança e poder dentro das equipes”, refletiu. Ele também ressaltou que o recorte do Seminário – as mulheres da Proteção – é bastante estratégico, já que esta área temática concentra muito da cultura masculina, em que assimetrias ocorrem com mais força.
“Ter consciência do nosso valor, do nosso potencial e capacidade, é fundamental para que a gente possa superar barreiras e ter condições de promover a transformação, a mudança de paradigma. Por isso, as trocas que estamos tendo aqui são muito ricas”, pontuou a diretora de Criação e Manejo das Unidades de Conservação (DIMAN), Iara Vasco.
Temas em debate
O evento foi dividido em cinco painéis, que trataram de temas como as origens e desafios da Proteção no Instituto Chico Mendes; inspirações para enfrentar os desafios institucionais; e fomento à liderança feminina. Para além, o Seminário proporcionou um espaço com a Ouvidoria e Corregedoria, que informaram sobre encaminhamentos e canais de atendimento. Concomitantemente, as participantes realizaram atividades em grupo que discutiram temas como assédio, maternidade, predominância masculina, mulheres em espaços de chefia e proposições de melhorias para as condições em campo.
Simone Santos, ponto focal de proteção do Núcleo de Gestão Integrada (NGI) Cuniã-Jacundá, em Rondônia, foi uma das convidadas dos painéis. Ela já ocupou cargos de liderança no Instituto, o último, como Coordenadora de Fiscalização (COFIS/DIMAN). “Eu sou uma mulher negra, amazônida, e tive bastante dificuldades e desafios. Sempre exerci cargos de chefia e costumava ser a única mulher no meio de vários homens, então sempre precisei me posicionar sendo mulher”, pontuou, relembrando de dois dos maiores desafios de sua carreira, como a retirada de todo o rebanho bovino da Reserva Biológica do Jaru e a retirada de invasores da Floresta Nacional do Bom Futuro. Simone colocou que nas duas ocasiões possível sentir um peso distinto de responsabilização por erros, marcado por seu gênero.
Para Jackeline Nóbrega, analista ambiental do NGI Grandes Unidades Oceânicas, o Seminário é uma oportunidade de construção de ferramentas que levem em conta a pluralidade do ser mulher no Instituto, especialmente na Proteção. “Nós precisamos de melhorias que contemplem a nossa realidade enquanto servidoras públicas, enquanto mães, enquanto mulheres que ocupam cargos de liderança. Da cozinheira da brigada à fiscal da operação. Este é um espaço de acolhimento, mas também para construirmos pontes e oportunidades melhores”, refletiu.
Outro tema em pauta foi o etarismo, um desafio em superação para a técnica administrativa do Centro de Manejo Integrado do Fogo (CEMIF), Rita de Cássia. Rita conta estar experimentando um novo momento da carreira, realizando coisas novas e desafiando o etarismo. Ela foi uma das novas instrutoras formadas pelo CEMIF em 2025, num processo seletivo inédito, que buscou incentivar a participação feminina. “É revigorante descobrir novos desafios, ter outras atuações e ser útil para a minha instituição, mesmo num cenário onde muitos apontam que não tenho idade para isso”, revelou.
Organização
O evento foi organizado pelo Coletivo Jacarandá, um grupo independente formado por servidoras que atuam na Proteção, apoiado pelo Parque Nacional do Iguaçu (PR), pela Diretoria de Manejo e Criação de Unidades de Conservação (DIMAN) e sua Coordenação de Fiscalização (COFIS/CGPRO) e Centro Especializado em Manejo Integrado do Fogo (CEMIF/CGPRO).
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