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Registro inédito de harpia reforça riqueza da biodiversidade no Parque Nacional e Histórico do Monte Pascoal
A harpia é considerada um indicador da integridade dos ecossistemas florestais. Foto: Leonardo Merçon/Projeto Harpia
Um registro emblemático da harpia (Harpia harpyja), uma das maiores águias do mundo e espécie de topo da cadeia alimentar, foi realizado no Parque Nacional e Histórico do Monte Pascoal, no extremo sul da Bahia, no último dia 27 de novembro. O flagrante reforça a importância da área como um dos mais relevantes remanescentes de Mata Atlântica do país.
O Parque Nacional e Histórico do Monte Pascoal e os vizinhos Parque Nacional do Descobrimento e do Pau Brasil formam um corredor ecológico estratégico para a conservação da Mata Atlântica, conservando florestas que ainda sustentam alta diversidade biológica. O Monte Pascoal, além de ser um marco histórico do Brasil, por ter sido o primeiro ponto avistado pelos portugueses em 1500, é, acima de tudo, um território indígena Pataxó, reunindo patrimônio natural, cultural e histórico em um mesmo espaço.
Segundo a gestora do parque, Raiane Viana, o registro da harpia confirma aquilo que o monitoramento da biodiversidade vem demonstrando nos últimos dois anos: “Apesar de todas as dificuldades e desafios, o monitoramento tem comprovado o contrário do senso comum. Ainda existe uma rica biodiversidade protegida no Monte Pascoal, e esse registro evidencia isso de forma muito clara”, destaca.
Havia um esforço contínuo para confirmar a presença da ave na unidade. O registro ocorreu em um período extremamente simbólico, na semana em que o Parque Nacional celebrava seus 64 anos de criação.
Saber indígena
Um dos aspectos mais marcantes do registro é que a presença da harpia já era conhecida pelas comunidades indígenas locais. “Desde que começamos a falar do gavião-real, os indígenas já diziam que ele estava ali, que já haviam visto. Esse registro é uma comprovação do saber tradicional indígena”, afirma a gestora.
O flagrante foi feito por um grupo de indígenas Pataxó, liderado por Caxiló, jovem liderança da Aldeia Pé do Monte. Ele é condutor capacitado e monitor da biodiversidade, formado por meio das ações de gestão do parque. “O registro ter sido feito por indígenas, no principal atrativo turístico e natural da unidade, que é a trilha de subida ao Monte Pascoal, dá um significado ainda mais forte a esse momento”, completa Raiane.
Conservação, parceria e gestão integrada
O registro da harpia reforça a importância de fortalecer as ações de monitoramento da biodiversidade e parcerias institucionais, incluindo iniciativas com atuação direta das comunidades locais, um exemplo sendo o Projeto Harpia.
Além de sua importância ecológica, a harpia é considerada um indicador da integridade dos ecossistemas florestais e esse registro mostra que é possível compatibilizar os direitos e interesses indígenas com a proteção ambiental da Unidade de Conservação. Para o Parque Nacional e Histórico do Monte Pascoal, a ocorrência da harpia por lá reforça seu objetivo como unidade.
