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III Encontro Nacional dos Cecampes fortalece gestão e equidade do PDDE
Nos dias 30 e 31 de outubro, o campus da Universidade Federal do Pará (UFPA), em Abaetetuba (PA), recebeu o III Encontro Nacional dos Centros Colaboradores de Apoio ao Monitoramento e à Gestão de Programas Educacionais (Cecampes). Com o tema “Educação, Diversidade e Equidade: PDDE Transforma”, o encontro reuniu representantes das cinco regiões brasileiras, gestores escolares, técnicos do Ministério da Educação (MEC) e do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
Ao longo de dois dias, a programação incluiu mesas de debate, apresentações acadêmicas, reuniões administrativas e atividades culturais. O objetivo foi compartilhar boas práticas, avaliar resultados das ações regionais e planejar estratégias para aprimorar a gestão escolar e a aplicação dos recursos do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE).
Um dos momentos centrais do evento foi a mesa sobre boas práticas na aplicação do PDDE, com participação de gestores escolares das cinco regiões: Sheila Cristina Alves Passos (Centro-Oeste), Tamara Valentin Pina (Sul), Milene Gomes Ferreira dos Santos (Nordeste), Francisco Gomes Moura de Lima (Norte) e Odair Nunes de Almeida (Sudeste). Cada relato trouxe propostas concretas e contextualizadas para os desafios locais.
A professora Milene, gestora da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Arlindo Bento de Morais, em Santa Luzia (PB), destacou a valorização dos saberes da comunidade quilombola local, além da gestão democrática. “Os recursos do PDDE só são investidos após consulta à comunidade escolar, que define as prioridades. Isso reforça o sentimento de pertencimento e o diálogo entre escola e comunidade.”
O professor Odair, da Escola Estadual Antônio Corrêa e Silva, em Januária (MG), relatou melhorias estruturais financiadas pelo PDDE — como a perfuração de um poço artesiano — e enfatizou a importância da interlocução entre escolas, Cecampes, MEC e FNDE. “Estamos na linha de frente; temos muitas sugestões de melhoria para o programa. É essencial estreitar esses laços.”
A gestora Edinéa Bandeira Ribeiro, de Belém (PA), emocionou a plateia ao lembrar os 15 anos de luta para que sua escola voltasse a receber recursos do PDDE, ressaltando a autonomia e a representatividade dos conselhos escolares no uso dos recursos públicos. “Nos anos de 1990, nós fomos à rua para que os conselhos escolares tivessem voz e autonomia financeira. Esse dinheiro é nosso, esse dinheiro é da escola pública, é o que a gente merece.”
Autoridades presentes destacaram o papel do PDDE Equidade. Caio Calegarri, coordenador-geral de Equidade Educacional da SECADI/MEC, afirmou que o programa é “uma ferramenta importante no enfrentamento da desigualdade social” e que os relatos dos Cecampes inspiram avanços na agenda de equidade.
Além das trocas de experiências, cada Cecampe apresentou projetos, resultados e desafios locais. A professora Irlanda Mileo, coordenadora de Formação Presencial do Cecampe-Norte, chamou atenção para as dificuldades de deslocamento na região — uma capacitação já chegou a demandar cerca de 12 dias de viagem — evidenciando a necessidade de soluções logísticas adaptadas às realidades regionais.
Para Hilda Souza Pereira, coordenadora de Assistência, Monitoramento e Avaliação do PDDE, o encontro reforçou a importância dos Cecampes como "braço" do FNDE junto às escolas. “De Brasília não conseguimos estar tão próximos das escolas; os Cecampes chegam como agentes de apoio na aplicação e prestação de contas do PDDE.”
O III Encontro Nacional dos Cecampes reafirmou o compromisso do FNDE e do MEC com uma educação pública mais eficiente, inclusiva e conectada às realidades locais. A articulação entre centros colaboradores, gestores e instâncias federais fortalece a rede de apoio à gestão escolar e contribui para o aprimoramento contínuo das políticas educacionais em todo o país.