Socióloga chilena realiza pesquisa sobre escassez hídrica na biblioteca do DNOCS

A socióloga chilena Daniela Henriquez, doutoranda pelo Instituto Agro Montpellier, na França, visitou recentemente a biblioteca do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) para aprofundar sua pesquisa sobre escassez hídrica e governança das águas no Ceará. Sua pesquisa faz parte de uma tese de doutorado desenvolvida no laboratório G-EAU, especializado em estudos de água, que mantém parceria com a Funceme - Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos, no Ceará.

O trabalho de Daniela foca na governança das águas e na tomada de decisão para a distribuição dos recursos hídricos no estado. "O Ceará possui uma rede de açudes muito importante, muitos deles construídos pelo DNOCS. Meu interesse é entender como essas decisões são tomadas e a importância desses projetos no contexto da escassez hídrica", afirmou a pesquisadora, que vem da região norte do Chile, onde a escassez de água também é um problema recorrente.

Durante sua visita à biblioteca do DNOCS, Daniela encontrou documentos essenciais para sua tese, especialmente sobre o Perímetro Irrigado de Morada Nova, um dos primeiros projetos de irrigação do Ceará, que enfrentou graves impactos devido à seca. "Eu precisava de informações sobre o perímetro de Morada Nova e encontrei mais do que esperava. Esses dados são fundamentais para entender a relevância histórica e atual desse projeto", destacou.

Além de Morada Nova, a tese de Daniela também aborda as decisões da comissão gestora do Açude Patu e da bacia do Banabuiú. Ela acredita que sua pesquisa pode contribuir para o aprimoramento das políticas públicas de gestão hídrica no estado. "A seca não é um problema apenas do interior. Em Fortaleza, por exemplo, quando os reservatórios não são suficientes, a água vem do Jaguaribe. É um esforço constante para garantir o abastecimento, e estudos como este podem ajudar na conscientização e na tomada de melhores decisões", disse. 

Com previsão de conclusão para 2025, a socióloga está na fase final de entrevistas e começará a redigir sua tese em breve. Ela também ressaltou a importância de haver mais trabalhos acadêmicos voltados ao tema da gestão de recursos hídricos no semiárido brasileiro e elogiou o acolhimento recebido no DNOCS. "Tive total liberdade para acessar os documentos e recebi muita ajuda. Foi uma experiência muito positiva", concluiu.

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