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Morada Nova: a semente da irrigação no Nordeste
Quando os primeiros colonos chegaram ao Setor 1 do Perímetro Irrigado Morada Nova, em 1970, traziam na bagagem mais do que enxadas e sonhos. Eles vinham de uma terra que já conheciam, agora transformada. Muitos haviam sido reassentados após a desapropriação realizada pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) no final da década de 1960, saindo da condição de trabalhadores arrendatários ou meeiros para se tornarem protagonistas de uma nova etapa do desenvolvimento agrícola do Ceará.

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À jusante do açude Banabuiú, a paisagem começou a mudar: matas nativas deram lugar a canais de irrigação, loteamentos agrícolas e toda a infraestrutura necessária para um novo modelo de produção e vida. O projeto não envolveu apenas obras hidráulicas, mas uma verdadeira reconfiguração do território: eletrificação, abastecimento d’água, saneamento, estradas, centros comunitários, escolas, postos de saúde e casas para os colonos.

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Inicialmente, o perímetro foi projetado para acomodar 587 colonos em uma área de 11 mil hectares. Destes, cerca de 3.737 hectares foram efetivamente irrigados. A maioria dos beneficiários era formada por antigos moradores da região, vazanteiros, pequenos proprietários e trabalhadores rurais que encontraram no perímetro uma oportunidade de estabilidade e autonomia produtiva.
A implantação do Perímetro Irrigado Morada Nova alterou profundamente a dinâmica econômica e social da região. O que antes era uma economia baseada na pecuária extensiva e na extração da carnaúba, passou a incluir a produção irrigada, diversificada e com maior valor agregado. Com isso, o projeto impulsionou o desenvolvimento de Morada Nova e Limoeiro do Norte, transformando o perfil produtivo local e regional.
Hoje, ao olharmos para essa história, vemos mais do que números e canais: vemos pessoas, comunidades e um novo jeito de viver e produzir no sertão cearense.