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DNOCS fortalece segurança alimentar com ações em aquicultura, irrigação e capacitação
O acesso ao alimento, a produção de forma autônoma e segura e o uso sustentável da água estão entre os pilares históricos do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS). Essa atuação se alinha diretamente aos objetivos do Dia Mundial da Segurança Alimentar, celebrado em 7 de junho, data instituída pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para reforçar a importância de garantir alimentos seguros do campo à mesa.
Com presença consolidada no semiárido brasileiro, o DNOCS desenvolve há mais de um século ações voltadas ao fortalecimento da segurança hídrica e também alimentar em regiões afetadas pela seca. Uma das mais tradicionais é o programa de peixamento, que visa recompor populações de peixes em declínio nos açudes públicos e privados administrados pela Autarquia — atualmente cerca de 310 reservatórios.
A iniciativa tem impacto direto na oferta de proteína acessível, na geração de renda e no equilíbrio dos ecossistemas aquáticos, é o que explica Dalgoberto Coelho de Araújo, chefe da Divisão de Pesca e Piscicultura – DPA, “O peixamento é uma atividade que busca recuperar populações de peixes que vêm declinando por conta do esforço de pesca exercido pelo ser humano. Um dos papéis do DNOCS é justamente repor essas espécies, promover o equilíbrio ambiental e oferecer um recurso alimentar que também gera renda”.
Para manter um estoque significativo de espécies nos reservatórios, além de contar com espécies nativas do semiárido brasileiro, o DNOCS introduziu com sucesso espécies adaptadas como tilápia, tambaqui, pirarucu e carpa. O trabalho pode ser sentido nas comunidades e apresentado
em números. Em 2023, por exemplo, foram produzidos cerca de 15 milhões de alevinos. “Independente do cenário, sabemos que esse trabalho é essencial para melhorar a oferta de pescado e combater a insegurança alimentar, que ainda afeta milhões de brasileiros”, reforça Dalgoberto.
Além da piscicultura, o DNOCS também promove segurança alimentar por meio da agricultura irrigada. Atualmente, são 36 projetos em operação, somando mais de 72 mil hectares irrigados em oito estados do Nordeste. Um exemplo é o Perímetro Irrigado de Russas (CE), que em 2023 contou com mais de 2 mil hectares cultivados, beneficiando centenas de famílias com a produção local de frutas, hortaliças e grãos. Essas áreas representam mais do que renda e produção: são fonte de abastecimento alimentar e autonomia para milhares de pessoas.
Para garantir que o alimento chegue de forma segura à população, o DNOCS também investe em capacitação técnica e boas práticas de manejo. Cursos promovidos pelo Centro de Pesquisas em Aquicultura Rodolpho von Ihering, por exemplo, incluem o módulo de Tecnologia do Pescado, que cresceu em demanda e passou a ser ofertado de forma independente, com carga horária de até 40 horas.
A tecnologia do pescado envolve todas as etapas do processamento do peixe — da captura ao aproveitamento do produto. São ensinadas técnicas de dessensibilização com gelo, abate humanitário, descamação, evisceração, lavagem, filetagem e preparo de subprodutos como empanados, caldos, bolinhas e iscas. “A importância desse módulo está em viabilizar o beneficiamento do peixe em pequena escala, especialmente para pescadores e aquicultores locais. O DNOCS atua como facilitador para que essas tecnologias simples cheguem a quem mais precisa”, explica Alexandre Rodrigues da Silva Neto, chefe do Centro de Pesquisas.
Essas capacitações abordam ainda temas como higiene, conservação e segurança dos alimentos, sempre em conformidade com as diretrizes da FAO e da OMS. Como destacam as organizações, a cadeia da pesca e aquicultura tem papel crucial na nutrição global e deve operar com rigor técnico e sanitário para evitar doenças e reduzir perdas.
Importante lembrar que nos últimos anos, o Brasil avançou significativamente nesse tema. Segundo relatório das Nações Unidas, lançado em 2024, o país registrou uma redução de 85% na insegurança alimentar severa, passando de 17,2 milhões de pessoas em 2022 para 2,5 milhões em 2023. Apesar dos avanços, 8,4 milhões de brasileiros ainda convivem com a fome — o que reforça a importância de políticas públicas contínuas, como as desenvolvidas pelo DNOCS.
Segurança alimentar x segurança dos alimentos: qual a diferença?
Enquanto a segurança alimentar diz respeito ao direito de acesso a alimentos em quantidade e qualidade adequadas, a segurança dos alimentos se refere às práticas que asseguram que esses alimentos estejam livres de contaminações e sejam próprios para o consumo. O DNOCS atua nos dois eixos, promovendo tanto a produção quanto o conhecimento técnico necessário para que o alimento chegue com qualidade à mesa das famílias.
Saiba mais: o que é o Dia Mundial da Segurança Alimentar?
Celebrado em 7 de junho, o Dia Mundial da Segurança Alimentar foi criado pela FAO e pela OMS para conscientizar a sociedade sobre a importância de alimentos seguros e saudáveis. Em 2024, o tema global é “Food safety: prepare for the unexpected” ( "Segurança Alimentar: Prepare-se para o Inesperado), reforçando a necessidade de sistemas alimentares resilientes diante de riscos sanitários, ambientais e econômicos. No Brasil, o direito à alimentação é garantido pela Constituição Federal, e políticas públicas como as do DNOCS são fundamentais para transformar esse direito em realidade.