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Açude Santa Inês: esperança contra a seca no sertão paraibano
No coração do sertão paraibano, entre serras secas e riachos sazonais, nasceu uma história de resiliência. A construção do Açude Santa Inês, no município de Conceição, na Paraíba, foi um grande passo na luta contra a seca que há séculos castiga o semiárido nordestino.
A cidade de Conceição está inserida no chamado “Polígono das Secas”, área do Nordeste onde a escassez hídrica não é apenas comum, mas crônica. Foi nesse cenário desafiador que, no início dos anos 1980, o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) iniciou uma nova empreitada que mudaria a realidade da região.
Em 1982, sob os cuidados do 2º Distrito de Engenharia Rural do DNOCS (2º DERUR), começou a ser erguida a barragem do Açude Santa Inês, com execução da Construtora EIT - Empresa Industrial e Técnica S.A. As obras foram concluídas em 1985, três anos de esforço contínuo que culminaram em uma vitória coletiva: a entrega de um reservatório capaz de acumular mais de 26 milhões de metros cúbicos de água, cobrindo uma área de 259 hectares.
Conforme a obra Barragens no Nordeste do Brasil, o açude se localiza no vale alimentado pelo riacho Santa Inês e seus afluentes, os riachos Matias e Oiticica, próximos à divisa entre os estados da Paraíba, Ceará e Pernambuco. A posição estratégica não apenas favorece o abastecimento da comunidade de Santa Inês, mas também impulsiona atividades econômicas como a pesca e a agricultura irrigada. Neste contexto, a possibilidade de irrigar até 522 hectares de terras se apresentou um verdadeiro oásis para agricultores que antes dependiam exclusivamente das chuvas incertas.
O livro ainda indica que o acesso ao local revela a importância dessa conquista. Partindo de João Pessoa, percorre-se a BR-230 até Patos, e depois a BR-361 até Conceição. Quem vem de Fortaleza passa pela BR-116 até Cajazeiras, e então segue pela PB-400. Longas distâncias que, para os sertanejos, são superadas pela certeza de que ali, no leito do riacho Santa Inês, resistir deixou de ser apenas um verbo, passou a ser realidade.
Quarenta anos depois do início de sua construção, o Açude Santa Inês permanece como símbolo da missão do DNOCS: levar desenvolvimento, dignidade e vida ao semiárido brasileiro. Ele é uma das muitas provas de que, com planejamento, engenharia e respeito ao povo nordestino, é possível vencer até mesmo os ciclos mais implacáveis da seca.
Curiosidades sobre a origem do município de Conceição:
De acordo com a prefeitura da cidade, Conceição é um município brasileiro do estado da Paraíba, localizado na Região Metropolitana do Vale do Piancó. Distante 482 km da Capital João Pessoa, limita-se com os municípios de Santa Inês (Sul); Bonito de Santa Fé (Norte); São José de Caiana, Diamante, Ibiara e Santana de Mangueira (Leste); Mauriti-CE, (Oeste).
Os habitantes primitivos da região onde se localiza o atual município foram os indígenas Coremas e Panatis, da tribo Cariris, que, ao longo do tempo, cederam lugar aos desbravadores. Referências históricas sobre o local onde teve início a Sede Municipal são encontrados no Registo nº 811, de 4 de julho de 1783, do Livro do Registro das Sesmarias, no Arquivo Público do Estado, em que o Alferes Nicolau Rodrigues dos Santos diz “ser possuidor de um sítio chamado Conceição nas Cabeceiras do rio Piancó, que descobriu em 1776, e o tem povoado e obtido água do riacho chamado Conceição que tem foz no riacho Lagoa Seca e este o Piancó, no lugar Poço do Cavalo, limitado do sítio de Maria Soares”.
Mais tarde, seu filho, Nicolau Rodrigues dos Santos Júnior, obtendo concessão de outras léguas, ampliou o patrimônio da família. No início do século XIX, João Rodrigues dos Santos, auxiliado por seus irmãos, doou vasta área de terra às margens do Piancó, onde, com a construção de casas e da capela de Nossa Senhora da Conceição, Padroeira do Município, se desenvolveu a povoação.