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Açude Mendobim: uma obra que mudou o sertão potiguar
Esta edição do Nossas Histórias remonta ao ano de 1954. No sertão potiguar, o calor já castigava a terra e o povo, mas havia esperança. Ainda sem orçamento aprovado, sem cadastro fundiário e sequer com as indenizações concluídas, homens e máquinas do 5º Distrito de Obras do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) deram início à construção do que viria a ser uma das mais importantes barragens do Rio Grande do Norte: o Açude Mendobim.
Localizado a apenas 11 km da cidade de Açu, no leito do rio Paraú, afluente do rio Piranhas, o açude nasceu com o objetivo de controlar as cheias que historicamente afligiam a região, garantir água para a agricultura, abastecimento humano e promover novas oportunidades por meio da irrigação e da piscicultura.
Mas a jornada até a conclusão da obra foi longa e repleta de mudanças. Em 1956, o engenheiro Mário Brandi Pereira inspecionou o local e sugeriu modificações fundamentais nas fundações da barragem, no talude de montante, na tomada d’água e até na localização do vertedouro. Parte das recomendações foi acolhida pela equipe técnica do DNOCS, dando origem a um novo projeto, autorizado oficialmente em setembro de 1959.
Em 1961, o então chefe do 5º Distrito, engenheiro João Batista Marques de Sousa, ainda vislumbrava melhorias. Sugeriu uma ampliação da estrutura e uma nova localização para o vertedouro, de modo a aproveitar a topografia da região, uma garganta natural à esquerda do boqueirão. Embora a proposta fosse tecnicamente promissora, as prioridades do país e a limitação de recursos acabaram adiando o projeto.
Foi somente em 1963 que os trabalhos foram retomados com força. O projeto passou por uma última revisão: manteve-se o local da barragem proposto no segundo estudo, mas houve alterações no maciço e na posição do vertedouro. Depois de quase uma década de esforços contínuos, com engenheiros, operários e gestores lidando com os desafios técnicos, logísticos e climáticos típicos do sertão, o Açude Mendobim foi finalmente concluído em 1972.
Com uma barragem de 22,5 metros de altura, o açude é capaz de acumular mais de 76 milhões de metros cúbicos de água em uma área de 970 hectares. Sua bacia hidrográfica cobre 1.062,5 km². Além do controle de cheias, sua vazão regularizada de 4,22 m³/s garante água para abastecimento humano e irrigação de até 1.642 hectares de terras férteis. Um marco na história do sertão, assim como muitas das obras do DNOCS, que segue trabalhando para garantir água, vida e desenvolvimento onde o clima impõe limites.
