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SustentaBio fortalece economias da sociobiodiversidade em áreas protegidas da Amazônia
Oriundo de florestas nativas, o açaí é um produto de alta demanda e diversificação em mercados nacional e internacional - Foto: Divulgação/MIDR
O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), em parceria com o Fundo Vale e organizações da sociedade civil, vem implementando o SustentaBio – Aliança pelo Fortalecimento das Economias da Sociobiodiversidade em Áreas Protegidas, iniciativa que promove o uso sustentável da biodiversidade e o desenvolvimento socioprodutivo de povos e comunidades tradicionais na Amazônia.
O projeto mobiliza recursos da ordem de R$ 24 milhões, aportados pelo Fundo Vale até 2027, e já beneficia mais de 7 mil pessoas e cerca de 390 famílias, entre extrativistas e produtores comunitários. Entre as cadeias fortalecidas estão as da castanha-da-amazônia, pirarucu, açaí, madeira manejada, babaçu e óleos vegetais — produtos que carregam o valor da floresta em pé e sustentam modos de vida tradicionais.
Dione Torquato, secretário-geral do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), salienta a importância do projeto ao valorizar o aspecto social para o desenvolvimento do manejo. “Até é fácil falar da agenda socioambiental, da importância das UCs, por exemplo, no aspecto da conservação da biodiversidade, mas essas unidades às quais o SustentaBio está ancorado têm outro fator que para nós é muito relevante: valorizar o modo de vida das pessoas que estão lá debaixo das camadas de floresta por meio do manejo sustentável dos recursos naturais”, diz.
Criado a partir de um protocolo de intenções assinado em 2022 e de um acordo de parceria firmado em 2024, a aliança une esforços para dinamizar cadeias produtivas sustentáveis em 15 áreas protegidas, sendo 13 Unidades de Conservação (UCs) federais, que somam cerca de 10 milhões de hectares nos estados do Amazonas e do Pará.
Mais sobre o programa
O SustentaBio apoia sete iniciativas e busca romper paradigmas, reconhecendo as comunidades extrativistas como manejadoras de paisagens, promotoras de governança territorial e guardiãs da biodiversidade, indo além da simples produção de matérias-primas.
Integrando conservação, geração de renda e valorização cultural, o programa trabalha em estimular a permanência das populações tradicionais em seus territórios, a partir do fortalecimento de empreendimentos econômicos comunitários, com foco em melhorias logísticas, de infraestrutura e de qualificação técnica e administrativa, além de facilitar o acesso a mercados e políticas públicas.
Com a aliança, o ICMBio reforça o papel das Unidades de Conservação de Uso Sustentável como espaços de inovação e sustentabilidade, onde o conhecimento tradicional se une à ciência e à gestão pública para gerar impactos sociais, econômicos e ambientais positivos.
Iniciativa alinhada a demais políticas e compromissos
O projeto se alinha a outras iniciativas nacionais de conservação e clima, como o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm), a Política Nacional de Mudança do Clima (PNMC), o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). Além disso, no plano global, contribui diretamente para o cumprimento de oito dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas.
Celebração de resultados e fortalecimento de parcerias
A fim de celebrar os avanços da aliança e apresentar oficialmente o programa interno do ICMBio voltado à promoção integrada das economias da sociobiodiversidade, foi realizado um jantar de celebração do SustentaBio na última semana de outubro.
O encontro reuniu representantes de governos, da cooperação internacional, de bancos e fundos de financiamento da agenda socioambiental, além de empresas ligadas aos mercados da sociobioeconomia. Também estiveram presentes os parceiros de implementação do projeto, representantes da Vale e das diretorias do ICMBio responsáveis pela gestão das cadeias da sociobiodiversidade.
“Vivemos em um país que tem, por exemplo, 3 mil espécies de peixes, e isso não significa só encantamentos, mas também desafios — de manejar, de conhecer, de financiar toda essa diversidade. Então, estamos em uma grande construção coletiva, de nos colocarmos em questionamento da economia convencional, da sociedade, como vem se pondo a simplificação do mundo”, destacou Kátia Torres, diretora de Ações Socioambientais e Consolidação Territorial em UCs do ICMBio, na oportunidade.
“Estamos olhando também como fazer restauração ecológica inclusiva, olhando exatamente para as UCs, pensar uma restauração feita por pessoas que estão dentro dessas reservas. Por mais que ainda haja quem ache bioeconomia algo muito pequeno, o fortalecimento dessas associações mostra o potencial”, complementou Patrícia Daros, diretora de Operações do Fundo Vale, que fez questão de salientar o projeto com um bom exemplo de parceria entre instituições pública e privada.
O jantar contou com um menu exclusivo preparado pela chef Fabiana Pinheiro, embaixadora do pirarucu de manejo em Brasília, que apresentou pratos elaborados com produtos da sociobiodiversidade oriundos de UCs Amazônia e do Cerrado. Uma exposição fotográfica destacou as cadeias produtivas apoiadas pelo projeto, valorizando as comunidades e territórios que dão vida à iniciativa.
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