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RedeMar une unidades de conservação e centros de pesquisa do Instituto Chico Mendes para fortalecer proteção marinha
Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais - Foto: Rafael Munhoz
A conservação dos ecossistemas marinhos e costeiros brasileiros ganhou um novo instrumento de articulação com a criação da Rede Nacional de Conservação Marinha e Costeira (RedeMar), que reúne cerca de 85 Unidades de Conservação (UCs) costeiras e marinhas — incluindo áreas oceânicas mais afastadas, como os arquipélagos de São Pedro e São Paulo, Trindade e Martim Vaz — além de Centros de Pesquisa. Lançada em novembro de 2024 pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a iniciativa tem como etapa inicial a integração dos servidores que atuam nessas unidades de conservação e nos centros de pesquisa. Em um segundo momento, a RedeMar pretende ampliar sua articulação para envolver também pesquisadores, órgãos públicos e a sociedade civil em uma plataforma colaborativa voltada ao fortalecimento da proteção dos oceanos.
Segundo a diretora de Criação e Manejo de Unidades de Conservação (DIMAN) do ICMBio, Iara Vasco, a criação da RedeMar, no primeiro encontro de gestores realizado no Parque Nacional do Iguaçu (PR), em outubro de 2024, foi um marco para o Instituto. “A integração de esforços, conhecimentos e experiências para construção de uma cultura marinha e oceânica no ICMBio, durante a Década do Oceano estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU), é fundamental para atendermos adequadamente às especificidades desse ambiente tão diverso e complexo quanto os ecossistemas terrestres”, destacou.
A coordenadora da Coordenação-Geral de Criação, Planejamento e Avaliação (CGCAP), Kelen Leite, que acompanhou todo o processo de consolidação da RedeMar, ressaltou o caráter inovador da iniciativa. “A RedeMar nasceu de uma necessidade de um olhar para as especificidades da gestão ambiental marinha brasileira. Representa uma oportunidade de troca de experiências, formação de rede de apoio e espaço de discussão sobre os desafios e oportunidades da agenda. Estamos muito felizes de ver a rede cada vez ganhando mais corpo com o engajamento expressivo dos servidores que trabalham nas unidades e centros marinhos”, afirmou.
A estrutura da rede envolve grupos de trabalho, planos de ação estratégicos e instrumentos participativos, além do uso das mais modernas tecnologias, como drones, veículos remotos (ROVs) e plataformas digitais para monitoramento, fiscalização e divulgação das ações.
Em Tamandaré, o primeiro encontro oficial da rede
O primeiro encontro oficial da RedeMar foi realizado em agosto de 2025, em Tamandaré (PE) reunindo representantes do ICMBio, ministérios e instituições de pesquisa. O evento teve como objetivo fortalecer laços, discutir desafios e planejar ações conjuntas. Uma dinâmica de integração, intitulada “teia”, simbolizou a união dos participantes e destacou a importância da colaboração mútua.
O presidente do ICMBio, Mauro Pires, ressaltou que a RedeMar representa um avanço estratégico. “Nosso próximo passo é consolidar essa ligação e ampliar o impacto das ações de proteção e uso sustentável”, afirmou.
Entre os encaminhamentos, foi definida a elaboração de uma carta de demandas pelos membros do comitê. Também foi ressaltado o reconhecimento internacional de várias UCs marinhas e o papel de títulos de instituições como a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. (UNESCO) na legitimação da rede.
Oportunidades e desafios
As oportunidades identificadas incluem o alinhamento político e institucional favorável entre o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), o ICMBio, a Marinha do Brasil e outros órgãos; a disponibilidade de recursos de fundos ambientais e de pesquisa, como o Projeto Áreas Marinhas e Costeiras Protegidas (GEFMar) e o Fundo Azul; e parcerias com instituições de pesquisa e programas sociais, como Bolsa Verde e Seguro-Defeso.
Por outro lado, foram apontados desafios como atividades ilegais, poluição, consequência da mudança do clima, especulação imobiliária e dificuldades de comunicação sobre as UCs em questão.
Para Leonardo Tortoriello, chefe do Centro de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Marinha do Nordeste (CEPENE), a RedeMar/ICMBio fortalece a integração e amplia a efetividade da conservação marinha. “O trabalho em rede promove a troca de experiências, compartilha dados e resultados entre as unidades descentralizadas e a direção do Instituto, além de ampliar a percepção do ICMBio em relação à importância do mar como ecossistema fundamental para a preservação do planeta”, explicou.
Leonardo destacou ainda a importância da capacitação. “É preciso formar e qualificar servidores que atuam nas unidades de conservação e centros de pesquisa marinhos, considerando as especificidades do ambiente marinho, que envolvem desde ecologia e manejo até logística, navegação e instrumentação”.
O papel do CEPENE
O Centro, criado na década de 1980, já atua nesse campo com cursos de curta, média e longa duração voltados à conservação marinha. Além do público interno do ICMBio, também atende instituições parceiras como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Ministério Público Federal (MPF), Polícia Federal (PF), órgãos estaduais, municipais, Organizações Não Governamentais (ONGs) e associações comunitárias.
Segundo Leonardo, a proposta da Escola do Mar, vinculada ao CEPENE, vai ampliar ainda mais essas iniciativas de capacitação e integração. Com apoio do MMA, ministério ao qual o ICMBio está vinculado como autarquia, o grande objetivo da RedeMar é consolidar uma trama de atores comprometidos com a preservação e o uso sustentável do patrimônio marinho do país, promovendo uma gestão mais eficiente e participativa das áreas de conservação.


