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Projeto GEF Mar fortalece gestão participativa e anuncia novo ciclo com aporte de R$ 4,5 milhões pelo MMA
Seminário Final do Projeto GEF Mar apresenta resultados, fortalece articulações e planeja próximos passos da gestão participativa das áreas marinhas e costeiras protegidas. Foto: Mariana Oliveira/ICMBio
Servidores, colaboradores e lideranças de comunidades tradicionais de diversas regiões do país reuniram-se na sede do ICMBio, em Brasília/DF, no início do mês, dias 1º e 2 de dezembro, para o Seminário Final do Componente de Fortalecimento e Integração Comunitária do Projeto GEF Mar. O encontro marcou o encerramento do segundo ciclo de ações realizadas entre 2020 e 2024 e projetou os próximos passos para a gestão participativa das áreas marinhas e costeiras protegidas no Brasil.
Organizado pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Sociobiodiversidade Associada a Povos e Comunidades Tradicionais (CNPT/ICMBio), o evento teve como objetivo apresentar resultados, avaliar impactos e consolidar articulações para o próximo ciclo do GEF Mar. A Comissão Nacional de Fortalecimento das Reservas Extrativistas e Povos Tradicionais Extrativistas Costeiros e Marinhos (CONFREM) esteve presente, reforçando o protagonismo das comunidades pesqueiras na reinvindicação do componente, planejamento e execução das ações.
Investimento para novo ciclo
Durante o evento, o Departamento de Áreas Protegidas do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), anunciou um aporte de R$ 4,5 milhões destinado ao 3º ciclo de subprojetos no Projeto GEF Mar (2025-2027). Os recursos são direcionados a organizações comunitárias nos territórios marinhos e costeiros, ampliando a participação social na gestão das Unidades de Conservação (UCs) Federais.
O projeto, que contribuiu para o fortalecimento social e econômico de povos e comunidades tradicionais, mobilizou em seu 2º ciclo, por meio da atuação do CNPT/ICMBio, 17 Unidades de Conservação de dez estados, envolvendo aproximadamente 480 comunitários.
Entre os resultados alcançados nesta etapa estão 11 cursos, oficinas e intercâmbios em nível regional voltados à formação de lideranças, ao fortalecimento da identidade tradicional e à troca de experiências em turismo, pesca sustentável e organização comunitária. Para o próximo ciclo, o foco será fortalecer o empoderamento de mulheres e jovens, bem como potencializar a integração entre comunidades e a adaptação à mudança climática.
"É emocionante ver como esse projeto, conduzido com convivência e dedicação, trouxe resultados grandiosos e precisa continuar. O que vemos aqui não são apenas materiais, mas histórias, relações e o olhar das mulheres, que enfrentam dificuldades infinitamente maiores e ainda assim se destacam. O CNPT cumpre um papel fundamental ao fortalecer comunidades, aproximar o Instituto da vida real das pessoas e mostrar que uma UC não é apenas uma categoria legal — ela é vida, identidade, política no sentido mais sublime, colocou Mauro Pires, presidente do ICMBio.
O coordenador-geral da CONFREM, Flávio Lontro, explanou a importância dos trabalhos do Centro de Pesquisa do ICMBio para a Comissão. “Para nós é extremamente gratificante, porque a gente sempre compara o que era antes com o que está hoje. O papel do CNPT nessas atividades junto das comunidades, é fundamental. Ao trabalhar com a gente, vocês também estão fazendo pesquisa. Ter um CNPT forte para nós é muito importante", frisou
A programação também deu destaque à apresentação de experiências de integração comunitária em territórios tradicionais e UCs, como exemplos as Áreas de Proteção Ambiental da Baleia Franca (SC) e da Costa dos Corais (PE/AL).
Para a caiçara da Enseada da Baleia, Joyce Cardoso, que compõe a Articulação de Comunidades Tradicionais da Ilha do Cardoso, o encontro em Tubarão (SC) foi marcante como mulher. Ela conta que, durante o intercâmbio, percorreram vários territórios e ouviram muitas falas conduzidas por lideranças masculinas. Por isso, finalizar o processo sendo anfitriã na Enseada da Baleia — onde toda a organização foi feita pelas mulheres da própria comunidade — teve grande importância. Joyce destaca que, ao receber todos, pôde não apenas contar, mas mostrar que o território onde seus avós constituíram suas famílias já não existia mais, pois estava submerso. Para ela, a questão de gênero não é apenas uma pauta de mérito, mas um processo de reparação histórica.
Para a Coordenadora do CNPT Gabrielle Soeiro, o componente de Integração entre Comunidades do GEF Mar deixa como legado a estruturação de processos de governança mais equitativos, capazes de articular comunidades, Estado e parceiros em uma agenda comum de conservação marinha e costeira, pautada pela corresponsabilidade e pelo diálogo de saberes.
Gastronomia do mar e fandango caiçara celebram conquistas
O evento foi embalado pela apresentação de fandango caiçara do coletivo Manema e pelos sabores da gastronomia do mar pelas mãos das marisqueiras da Associação Mãe dos Extrativistas da Resex de Canavieiras (BA). Um momento de valorização da cultura tradicional, celebração dos resultados alcançados coletivamente e integração dos participantes.
Reconhecido como patrimônio cultural, o fandango caiçara esteve entre as manifestações culturais que permearam as trocas de experiências promovidas no âmbito do Projeto GEF Mar.
Caderno de Saberes valoriza modo de vida pesqueiro
Durante o Seminário, foi lançada o Caderno de Saberes do subprojeto Integra Pesca Artesanal Sul, reunindo relatos de pescadores artesanais e comunidades caiçaras do Sul e Sudeste. Desenvolvido de 2020 a 2024, o material foi coordenado pela CONFREM e pelo CNPT/ICMBio.
A analista ambiental Erika Ikemoto afirma que caderno de saberes nos convida para um mergulho nas histórias dessas comunidades. “Elas contam sobre seus conhecimentos da pesca e da culinária, mas não só isso. Nos deixam claro que se esses conhecimentos pulsam até hoje é porque essas comunidades resistem em seus territórios, lutando frente a tantas ameaças. Foi um trabalho de muitas mãos, no qual reunimos palavras e imagens que buscam fazer jus à força e a beleza dessas comunidades”, afirma.
A publicação registra experiências vividas em oficinas, cursos e intercâmbios realizados na região, envolvendo comunidades tradicionais do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo, com atuação direta junto a Unidades de Conservação como o Parque Nacional da Lagoa do Peixe (RS) e a APA Cananéia-Iguape-Peruíbe (SP). Diversas organizações colaboraram, como o Movimento de Pescadores Artesanais do Litoral do Paraná (Mopear) e o Fórum dos Pescadores e Pescadoras Artesanais das Baías Norte e Sul de Florianópolis.
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