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Parque Nacional do Superagui (PR) inaugura primeira trilha para ciclistas e caminhantes
A Trilha do Ararapira inaugura uma nova fase do uso público no Parque Nacional, conectando conservação, turismo sustentável e comunidades tradicionais no litoral do Paraná. Foto: Divulgação/Parna do Superagui
O Parque Nacional do Superagui, no litoral norte do Paraná, abriu um novo capítulo em sua história, ao inaugurar sua primeira trilha bimodal estruturada e aberta à visitação pública de forma permanente. A Trilha do Ararapira passa a integrar um dos três trechos que compõem a Travessia do Superagui. Esse percurso de aproximadamente 40 quilômetros permite cruzar toda a ilha de norte a sul e vice-versa.
A travessia completa é formada pelos trechos Trilha do Ararapira (15 km), Praia Deserta (21 km) e Trilha da Praia Deserta (3 km). Ela conecta praias isoladas, áreas de mata e comunidades tradicionais aproxima os visitantes dos saberes, histórias e modos de vida que integram a identidade do litoral paranaense, proporcionando uma vivência do território em diálogo com as comunidades que o habitam e cuidam dele.
A trilha atravessa trechos de mata densa, manguezais e áreas alagadas, possibilitando o contato com espécies emblemáticas da região, como o mico-leão-da-cara-preta, bandos de papagaios-de-cara-roxa e, na área de Ararapira, guarás que habitam os manguezais e se destacam pela plumagem vermelha. Podendo ser feita de forma autoguiada, os visitantes também poderão contratar condutores locais, uma forma adicional de fortalecer a economia comunitária.
“A Trilha é o primeiro atrativo turístico estruturado e sinalizado aberto à visitação pública desde a criação do Parque Nacional do Superagui, há 36 anos”, afirma Wagner Cardoso, analista ambiental do ICMBio e coordenador da iniciativa.
A iniciativa é coordenada pelo Núcleo de Gestão Integrada (NGI) Antonina–Guaraqueçaba do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), responsável pelo planejamento técnico e pela ampliação das oportunidades de uso público no Parque.
Financiado pelo Programa Biodiversidade Litoral do Paraná (BLP), o projeto conta com apoio da Grande Reserva Mata Atlântica, responsável pela criação das “pegadas” de sinalização adotadas pela Rede Brasileira de Trilhas.
Inauguração
A inauguração oficial da Trilha de Ararapira aconteceu no dia 13 de dezembro, na Vila de Ararapira. Ela foi marcada por uma programação especial que incluiu a realização da trilha, além de uma ação integrada com moradores e parceiros locais, celebrando a entrega do novo trajeto à população e aos visitantes. A solenidade reuniu autoridades, representantes de órgãos ambientais e membros da comunidade, reforçando o papel do turismo de base comunitária como estratégia de desenvolvimento sustentável.
“Vai ser um grande avanço do turismo aqui, não só da nossa comunidade, mas de toda a região de Guaraqueçaba, Cananéia e entorno. Todo mundo vai ganhar com isso, e a minha palavra é agradecimento”, afirmou Márcio José Muniz, morador de Ararapira e proprietário de uma das pousadas da comunidade
“O que vocês estão fazendo aqui é soma, está a comunidade, o município, a sociedade civil, a universidade e a iniciativa privada. Vamos gerar pertencimento, conservação e desenvolvimento, porque a trilha é linda, e o engajamento dos comunitários é muito bonito de ver”, comentou o diretor de Áreas Protegidas do Ministério do Meio Ambiente e Mudanças do Clima (MMA), Pedro da Cunha e Menezes.
Mais sobre a trilha
Localizada na porção norte da Ilha do Superagui, a Trilha do Ararapira nasce como marco para o turismo sustentável e de base comunitária no Parque. O percurso atravessa a comunidade de Barra do Ararapira e foi estruturado em dois trechos. Ele possui segmento inicial de três quilômetros, que reúne cinco pontes suspensas, outro de 11 quilômetros, onde foram instaladas duas pontes suspensas e uma passarela de 50 metros para atravessar trechos que ficam alagados. Esse trecho está totalmente sinalizada, seguindo o padrão adotado pela Rede Brasileira de Trilhas de Longo Curso e Conectividade (RedeTrilhas)
O percurso foi planejado para ser bimodal, utilizado tanto por caminhantes quanto por ciclistas. “A trilha estruturada permite que diversos perfis de visitantes conheçam as belezas cênicas e a rica biodiversidade do Parque, gerando um sentimento de pertencimento e valorização deste patrimônio natural protegido pela Unidade de Conservação (UC)", reforça o analista.
Do ponto de vista institucional, a inauguração da trilha assume um papel estratégico para a conservação. A coordenadora-geral de Uso Público do ICMBio, Carla Guaitaneli, destacou o caráter inspirador da iniciativa. “Isso aqui é muito mais do que abrir uma trilha. Faz com que pessoas do Brasil todo, de outras UCs passem a gostar mais e a defender nossas unidades. É algo muito forte, muito potente, e que inspira outras pessoas e outros territórios”, ressaltou.
História
A reabertura da trilha iniciou-se em 2019, após um pedido da comunidade da Barra de Ararapira ao ICMBio, motivado pelas dificuldades de navegação provocadas pelo rompimento de uma barra na Ilha do Cardoso.
“A comunidade queria a reabertura da trilha para facilitar o deslocamento a pé até Ararapira, situada na extremidade norte da Ilha do Superagui. Percebemos o potencial turístico dessa trilha e, em parceria com a comunidade, iniciamos o planejamento visando a sua estruturação e sinalização para viabilizar a visitação pública”, relata Wagner.
O Parque
Criado em 1989, com cerca de 34 mil hectares, o Parque Nacional do Superagui protege uma ampla diversidade de ecossistemas da Mata Atlântica e espécies ameaçadas. Localizado no coração do complexo estuarino-lagunar do Lagamar, o Parque é composto por grandes ilhas costeiras, com mais de 40 quilômetros de praias desertas, dunas, restingas, manguezais e florestas de planície,
Ampliado em 1997, ele integra a Reserva da Biosfera da Mata Atlântica e o Mosaico Lagamar, reconhecidos pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) por sua relevância ecológica.
Além do patrimônio natural, o Parque preserva modos de vida tradicionais de comunidades caiçaras que habitam a região há séculos.
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