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Filhote de peixe-boi é resgatado no rio Tapajós por agentes do ICMBio com apoio de comunitários e parceiros institucionais
- Foto: Leandro Alves
Um filhote de peixe-boi amazônico foi resgatado na comunidade Piquiatuba, às margens do rio Tapajós, no oeste do Pará, na última quinta-feira (29). O acionamento foi feito por comunitários da região, que encontraram o animal e seguiram o protocolo de primeiros cuidados, mantendo-o submerso em local seguro até a chegada da equipe técnica.
Este é o quarto resgate de peixe-boi realizado em unidades de conservação da região, a Floresta Nacional do Tapajós e a Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns, que compartilham o mesmo território hídrico. Os comunitários desempenham um papel essencial como os primeiros a entrar em contato com os animais, possibilitando respostas rápidas e eficientes.
O filhote resgatado recebeu o nome de Tião, em homenagem a Sebastião, morador da comunidade de Piquiatuba, que realizou o resgate. Essa é uma prática comum em ações de salvamento conduzidas na região: o nome do animal é escolhido pelos próprios comunitários, que também são responsáveis pelos primeiros cuidados — como manter o animal hidratado e, quando necessário, dar as primeiras mamadeiras — até a chegada da equipe técnica. Tião recebeu sua primeira alimentação artificial ainda na comunidade, em um esforço conjunto para garantir sua sobrevivência até o transporte.
A ação de resgate mobilizou servidores do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio)e contou com apoio do Zoológico da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), além de articulação com o Instituto Bicho d’Água — entidade especializada na reabilitação e reintrodução de peixes-boi — e apoio logístico das SEMAS e do GRAESP para transporte aéreo do animal até Castanhal, onde ele será acolhido em um recinto adaptado no Instituto Bicho d’Água e receberá todos os cuidados veterinários necessários até estar apto a uma possível reintrodução na natureza.
“É um filhote ainda em fase de amamentação. Estamos garantindo os cuidados emergenciais até que ele seja transferido para um centro de reabilitação”, afirmou Brena Cunha, Agente Temporária Ambiental do ICMBio. “O aparecimento recorrente desses filhotes órfãos acende um alerta e estamos intensificando a vigilância e o monitoramento na região para investigar possíveis causas, que vão desde pressões de caça até efeitos das mudanças climáticas ou patologias”.
As unidades de conservação vêm atuando em conjunto, com o apoio de moradores de comunidades tradicionais da região, para proteger a fauna aquática do rio Tapajós. “A Flona Tapajós e a Resex Tapajós-Arapiuns realizam ações integradas, inclusive o próprio resgate foi feito em cooperação. A articulação é fundamental para garantir uma resposta eficiente e com base técnica”, completou Brena.
A espécie
O peixe-boi-da-Amazônia (Trichechus inunguis) é uma espécie exclusivamente aquática e endêmica da Bacia Amazônica, ocorrendo em rios, lagos e áreas de várzea com vegetação abundante. É o único sirênio restrito a águas doces e apresenta uma série de particularidades biológicas que o tornam ainda mais vulnerável: gestação longa de cerca de 12 meses, intervalo de até três anos entre nascimentos e dependência prolongada do filhote com a mãe. Historicamente dizimada pela caça comercial e ainda sujeita à caça de subsistência, captura acidental e degradação de habitat, a espécie está atualmente classificada como "Vulnerável (VU)" no Sistema de Avaliação do Risco de Extinção da Biodiversidade (SALVE/ICMBio).
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