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Festival do Lobo-Guará celebra conservação, arte e ciência no Santuário do Caraça (MG)
Rogério Cunha de Paula é coordenador do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação dos Mamíferos Carnívoros - Foto: Camila Saldanha/ICMBio
Entre os dias 10 e 12 de outubro, o Santuário do Caraça, em Minas Gerais, foi sede do primeiro Festival do Lobo-Guará, evento que congregou ciência, arte e educação ambiental para celebrar a conservação do maior canídeo da América do Sul, símbolo do Cerrado brasileiro.
Organizado pelo Instituto Pró-Carnívoros, Centro Nacional de Pesquisa e Conservação dos Mamíferos Carnívoros (CENAP/ICMBio) e Santuário do Caraça, o festival reuniu pesquisadores, artistas, artesãos, estudantes e pessoas das comunidades locais em uma programação diversa que reafirmou as conexões entre cultura e natureza.
Segundo o coordenador do CENAP, Rogério Cunha de Paula, o evento representou uma oportunidade de aproximar a sociedade da agenda positiva de conservação do lobo-guará. “Um dos objetivos centrais do festival foi abordar a relação entre as pessoas e o lobo-guará, mostrando as diferentes perspectivas sobre a espécie, não apenas sob a ótica da ciência e da conservação, mas também por meio do encantamento trazido a todos nas diversas manifestações culturais. A arte desempenhou um papel fundamental nesse processo, inspirando e sensibilizando o público”, ressaltou.
Na trilha do lobo: ciência, educação e preservação
Palestras e debates sobre o estado atual da espécie e as estratégias e ações em diferentes regiões do país compuseram o primeiro dia de programação (10). Entre os palestrantes estiveram Rogério Cunha de Paula (CENAP/ICMBio), Ricardo Luiz Pires Boulhosa e Flávia Fiori (Instituto Pró-Carnívoros), Frederico Lemos e Fernanda Azevedo (UFCAT/PCMC), Gabrielle da Rosa (Parque Vida Cerrado) e Douglas Silva (Huperzia Ecologia e Conservação), que compartilharam experiências sobre convivência entre lobos e comunidades, reabilitação de filhotes e turismo sustentável como ferramenta de conservação.
As discussões também destacaram o Projeto Lobos do Caraça, iniciativa de monitoramento e pesquisa científica conduzida pelo Instituto Pró-Carnívoros e pelo CENAP/ICMBio, que desde 2023 acompanha o comportamento dos animais na região.
“O festival buscou apresentar essas iniciativas nas diversas localidades onde atuamos, como no oeste da Bahia, em Goiás, em São Paulo e em Minas Gerais. As ações se estenderam tanto a unidades de conservação (UCs), como o Parque Nacional da Serra da Canastra, quanto a reservas particulares, como o Santuário do Caraça”, explicou Cunha.
Também na sexta-feira, representantes do Parque Nacional da Serra do Cipó (MG) apresentaram, ao ar livre, o Cerrado e os caminhos percorridos pelos lobos. Momento seguido de contação de histórias para crianças de uma escola da região, que puderam aprender mais sobre a espécie e o bioma de forma lúdica.
O dia terminou com a tradicional observação dos animais em vida livre na atividade “A Hora do Lobo”, um dos momentos mais aguardados pelo público.
Encantamento e arte no Cerrado
Nos dias seguintes, 11 e 12 de outubro, o festival voltou-se para o encantamento e a arte inspirados no lobo-guará, destacando o potencial da cultura, nas diversas expressões de arte, para trabalhos em prol da sensibilização e conexão humana com a flora e a fauna.
Neste caminho, artistas e artesãos participaram de palestras, oficinas e intervenções criativas. Entre eles, Igor Izy, Gabriela Luiza e Cristiano Silva, que compartilharam suas experiências e promoveram atividades como pintura ao vivo e ilustração.
Uma Feira de Artes reuniu o trabalho de artistas locais com apresentações como a do Quinteto de Cordas da Câmara de Música de Santa Bárbara, em um recital com jovens estudantes de música da região. O dia findou com o espetáculo “Ser Naturaleza”, do grupo argentino Abrojo Teatro, sendo o lobo-guará um dos elementos da história contada por bonecos de fantoche e marionete com projeção de arte em areia.
O encerramento, no domingo (12), Dia do Lobo-Guará e Dia das Crianças, foi voltado ao público infantil. Um dos destaques foi a oficina de grafite, que resultou em um grande mural coletivo produzido pelos participantes, simbolizando o engajamento do público com a conservação do canídeo.
“Vermelho Sangue”: o lobo-guará nas telas
Compondo o grupo de representantes da arte, estiveram Rosane Svartman e Cláudia Sardinha, criadoras da série “Vermelho Sangue”, e os protagonistas Letícia Vieira e Pedro Alves.
Atualmente, a produção mais assistida da plataforma de streaming Globoplay, a série tem o lobo-guará como símbolo central de sua narrativa, e aborda temas como identidade, medo, coragem e convivência — elementos que dialogam diretamente com as reflexões trazidas pelo festival. O produto foi gravado no Parque Nacional da Serra da Canastra e no Santuário, e contou com consultoria do coordenador do CENAP sobre as especificidades da espécie.
As roteiristas participaram de um bate-papo com o público ao lado dos protagonistas, destacando como o audiovisual pode contribuir para o despertar de empatia sobre conservação. Durante o evento, a atriz recebeu o título de Madrinha dos Lobos-Guarás e o ator franco-brasileiro de Embaixador, com o objetivo de levar à Europa, onde reside, informações sobre a espécie.
Maior canídeo da América do Sul
De nome científico Chrysocyon brachyurus, o lobo-guará desempenha papel ecológico fundamental na dispersão de sementes e no equilíbrio dos ecossistemas. Apesar de amplamente distribuído no Brasil, enfrenta ameaças como a perda de habitat, atropelamentos e conflitos com atividades humanas. Por isso, integra o Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Canídeos Silvestres (PAN Canídeos), coordenado pelo CENAP/ICMBio, que busca promover a coexistência entre lobos e pessoas por meio de pesquisa, educação e políticas públicas.
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