Notícias
Conectando quatro Unidades de Conservação Federais, maior trilha sinalizada da América Latina é inaugurada na COP30
Ao conectar áreas protegidas, patrimônios históricos e comunidades tradicionais, a trilha se torna um modelo de integração Foto: Francio de Holanda/MMA
Um momento histórico para o turismo de base comunitária e para a conservação na Amazônia marcou a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30): a Trilha Amazônia Atlântica, agora oficialmente inaugurada, se torna a maior trilha sinalizada da América Latina, em contato direto com ecossistemas de florestas ombrófilas, campinas e manguezais ao longo de 468 quilômetros no estado do Pará.
O lançamento ocorreu nesta sexta-feira (14), no estande Conheça o Brasil, na Zona Verde da Conferência, em Belém (PA), com a presença de gestores federais, lideranças comunitárias, pesquisadores e representantes de órgãos ambientais.
A rota atravessa 13 áreas protegidas, incluindo quatro Unidades de Conservação federais geridas pelo ICMBio — as Reservas Extrativistas Marinhas Tracuateua, Caeté-Taperaçu, Araí-Peroba e Gurupi-Piriá.
“Além de fortalecer a conservação, a Trilha valoriza o protagonismo comunitário, incentiva a vivência intercultural e estimula a sociobioeconomia inclusiva com geração e distribuição de renda local, princípios centrais do Programa Natureza com as Pessoas, criado pelo ICMBio como mecanismo de implementação da política de visitação federal”, coloca a coordenadora-geral de Uso Público e Serviços Ambientais (CGEUP) do ICMBio, Carla Guaitanele
Ainda para Carla, essa iniciativa também representa para o Instituto a concretização da Política Pública da RedeTrilhas e da Política Nacional de Incentivo à Visitação em UCS. Para ela, a integração entre natureza, cultura e pessoas é o que dá sentido à visitação em áreas protegidas e reafirma o papel do ICMBio na promoção de um uso público qualificado, participativo e sustentável.
Além de seu valor cultural e turístico, a trilha funciona como um corredor ecológico que fortalece a movimentação da fauna entre áreas protegidas, com um traçado planejado para minimizar impactos ambientais e favorecer a regeneração da paisagem. O caminho permite uma imersão no cotidiano de coletores de caranguejo, pescadores artesanais, agricultores familiares e quilombolas.
Trabalho interministerial
Para o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e o Ministério do Turismo (Mtur), o momento simboliza o fortalecimento do turismo de base comunitária na Amazônia e o reconhecimento internacional de iniciativas que unem conservação e desenvolvimento territorial.
A secretária nacional de Biodiversidade, Florestas e Direitos dos Animais do MMA, Rita Mesquita, destacou que as trilhas de longo curso exercem papel central na proteção da sociobiodiversidade. "Cada trecho dessa rota expressa a relação das comunidades com o território e evidencia como iniciativas de base comunitária podem conservar paisagens e promover identidade cultural”, disse.
A ministra do Turismo em exercício, Ana Carla Lopes, reforçou o protagonismo das comunidades envolvidas. "A trilha nasceu da força do território e da dedicação das pessoas que nele vivem, consolidando um sonho construído ao longo de cinco anos e guiado por uma visão: trilhas conservam, não desmatam”, colocou.
O projeto é resultado da colaboração entre comunidades tradicionais, voluntários e instituições parceiras, incluindo MMA, MTur, Embratur, ICMBio, Ideflor-Bio, Conservação Internacional (CI) e a Rede Brasileira de Trilhas de Longo Curso e Conectividade.
Percurso, Experiência e Conectividade Ecológica
O trajeto da Trilha Amazônia Atlântica, que pode ser percorrido a pé, de bicicleta ou a cavalo, conecta o centro histórico de Belém a parques urbanos, trechos de mata, comunidades rurais e à centenária Estrada Belém–Bragança, avançando pelos Campos Naturais Bragantinos até alcançar o litoral amazônico, onde está a maior extensão contínua de manguezais do mundo. O percurso segue até o mirante da Serra do Piriá, em Viseu, na divisa com o Maranhão, oferecendo uma experiência que combina riqueza natural, diversidade cultural e história territorial.
Antes frequentada sobretudo por aventureiros e romeiros — incluindo devotos do Círio de Nazaré e das festas de São Benedito — a rota também se posiciona como atrativa para turistas nacionais e internacionais interessados em trilhas amazônicas, ampliando oportunidades para um público que antes se concentrava em destinos como Peru, Equador e Colômbia.
Com informações do MMA