Gripe Aviária
A Influenza Aviária de Alta Patogenicidade - IAAP, conhecida popularmente como gripe aviária, é uma doença infecciosa causada pelo vírus Alphainfluenzavirus influenzae, que pode infectar aves e mamíferos, incluindo seres humanos em casos raros.
As aves aquáticas são os hospedeiros naturais do vírus da influenza aviária, muitas vezes carregando e transmitindo-o sem apresentar sintomas, funcionando como reservatórios importantes.
De 2022 a 2024, diversos países da América do Sul, apresentaram surtos de IAAP causada pelo subtipo de vírus Influenza A (H5N1).
No Brasil, o primeiro foco de IAAP foi detectado em maio de 2023 no Espírito Santo, e em seguida foram registrados focos nos estados da Bahia, Mato Grosso do Sul, Paraná Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Os animais mais sensíveis à infecção pelo vírus da gripe aviária são as aves domésticas (frangos, galinhas, perus e patos), as aves aquáticas (trinta-réis, maçaricos, gansos, marrecos, cisnes, patos selvagens etc.), e os mamíferos marinhos, especialmente os lobos e leões-marinhos.
A maioria dos focos foram registrados em aves silvestres, especialmente no litoral do país. Em outubro de 2023, foram registrados os primeiros casos de gripe aviária em mamíferos marinhos no Brasil. Estes animais vêm experimentando grandes perdas populacionais devido a essa doença e podem estar em grave sofrimento quando chegam às praias. Mesmo debilitados, eles podem ser muito reativos e, por serem grandes, existe o risco de ferirem pessoas e animais domésticos.
O vírus é transmitido através do contato com animais infectados, além de fezes, secreções respiratórias e superfícies contaminadas (água, solo, vestimentas, equipamentos), e pode sobreviver longos períodos em ambientes úmidos ou com acúmulos de matéria orgânica como guano.
Tendo em vista o potencial impacto da doença à biodiversidade, à economia e à saúde humana, ações de prevenção e enfrentamento de eventuais focos de IAAP são de extrema relevância.
Você que está em campo ou que trabalha em centros de triagem de animais silvestres, em qualquer lugar do Brasil, atente para os sinais sugestivos de gripe aviária, tanto nas aves silvestres quanto nas aves de criação de subsistência, presentes nas comunidades e assentamentos humanos, assim como nos mamíferos aquáticos.
Portanto, qualquer evidência de animais com sinais sugestivos de gripe aviária ou casos de mortalidade inexplicável devem ser notificados, o mais rápido possível, ao Serviço Veterinário Oficial local. A comunicação também pode ser feita via Sistema Brasileiro de Vigilância e Emergências Veterinárias - e-Sisbravet.
Caso o fato ocorra dentro de uma unidade de conservação federal, recomenda-se que um membro da equipe da unidade seja alertado, para que o gestor da área possa tomar as medidas necessárias para acompanhamento e redução do risco de contaminação.
Embora sejam eventos raros, a transmissão para humanos é possível e as consequências para a pessoa infectada podem ser bastante sérias.
Jamais toque em animais mortos ou doentes! Avise as autoridades para que estas tomem as providências.
Você pode ficar melhor informado assistindo aos vídeos para turistas de natureza, para pequenos criadores e para comunidades em áreas naturais ou em Unidades de Conservação Federais:
Pesquisadores que manipulam animais em áreas de concentração de aves aquáticas devem utilizar adequadamente equipamento de proteção individual (EPI) completo, recomendado para pessoas expostas a risco de contaminação por IAAP.
Já aqueles que manipulam aves em outros ambientes, devem usar o EPI mínimo: máscaras e luvas descartáveis, devendo estas últimas ser trocadas a cada animal manipulado. Mais informações sobre boas práticas de campo para pesquisadores podem ser encontradas aqui.
A atividade de observação de aves é benéfica à biodiversidade e à vigilância de ocorrências anormais durante esta emergência zoossanitária, desde que as boas práticas sejam seguidas atentamente.
A gripe aviária é uma doença de notificação obrigatória, ou seja, deve ser obrigatoriamente informada às autoridades sanitárias quando detectada por profissionais de saúde, laboratórios ou instituições. A notificação permite o monitoramento, a investigação epidemiológica e a adoção de medidas de controle e prevenção.
Um fato importante é que de acordo com as normas do Código Sanitário de Animais Terrestres da Organização Mundial de Saúde Animal, a detecção da infecção pelo vírus da IAAP em aves silvestres, de subsistência e mamíferos marinhos, não compromete a condição do Brasil como país livre de IAAP.
O estado de emergência zoossanitária no Brasil permanece vigente, conforme a Portaria MAPA nº 727, de 24 de outubro de 2024, que prorroga por mais 180 (cento e oitenta) dias, a contar do fim do prazo estabelecido pela Portaria MAPA nº 680, de 6 de maio de 2024.
Para auxiliar as autoridades locais nas tomadas de decisão, no contexto do enfrentamento da gripe aviária, em casos de ocorrência de mamíferos marinhos em praias, o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Aquáticos - CMA preparou o protocolo Orientações Técnicas para a Vigilância e Enfrentamento da Influenza Aviária em Mamíferos Aquáticos em Unidades de Conservação Federais.
Mais informações podem ser obtidas na Cartilha preparada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária ou clicando aqui. Em caso de dúvidas, contate o CEMAVE: cemave.sede@icmbio.gov.br / (71) 98193-3128 - atendimento somente por Whatsapp.
Para acompanhar os focos de IAAP em tempo real: