Ibama destaca combate ao tráfico em conferência internacional

São Paulo/SP (06/11/2025) – O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) participou da maior conferência internacional dedicada ao combate ao crime organizado transnacional de vida silvestre, a United for Wildlife – Global Summit 2025. O chefe da Unidade Técnica do Ibama no Aeroporto de Guarulhos, Daniel Carvalho, representou o Instituto no evento, que se encerrou nesta quinta-feira (6), no Rio de Janeiro.

O representante do Ibama, Daniel Carvalho, apresentou um relato detalhado sobre os casos de combate ao tráfico de fauna e flora brasileiras, compartilhando experiências, estratégias operacionais e lições aprendidas pelo Instituto com uma audiência internacional composta por autoridades de diversos países.

A apresentação de Carvalho destacou a relevância estratégica das operações da Unidade Técnica, que funciona integralmente todos os dias da semana desde 2013. A unidade registra uma média anual de 300 autos de infração, resultando na aplicação de aproximadamente R$ 9 milhões em multas.

Servidores e diretores do Ibama ao lado da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva

Nos últimos cinco anos, a unidade fiscalizou uma média anual de 2 mil processos de exportação e 2,5 mil processos de importação, consolidando-se como um ponto estratégico de fiscalização de produtos e espécimes da biodiversidade brasileira no comércio exterior.

Carvalho abordou também os desafios atuais no combate ao tráfico de biodiversidade, enfatizando a necessidade contínua de ações em três pilares principais: aprimoramento da integração institucional dentro do Brasil, fortalecimento de treinamentos especializados para agentes de fiscalização e intensificação da troca de informações e inteligência em âmbito internacional.

A unidade no Aeroporto de Guarulhos é responsável pela fiscalização do comércio exterior de produtos e espécimes da biodiversidade em um dos maiores hubs aeroportuários da América Latina, sendo estratégica para o controle do tráfico internacional de fauna e flora. Atua de forma integrada com a Polícia Federal (PF), a Receita Federal (RFB) e outros órgãos do governo brasileiro em operações de combate ao crime ambiental transnacional.

Casos emblemáticos

Durante a apresentação, Carvalho citou quatro casos emblemáticos que ilustram a eficácia das estratégias de combate ao tráfico de vida silvestre. Tais estratégias são desenvolvidas por meio de cooperação interinstitucional com a Polícia Federal (PF), a Receita Federal do Brasil (RFB), o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e outras instituições do governo brasileiro.

Em operação de cooperação interinstitucional com autoridades chilenas, realizada por meio da Rede Latino-Americana de Fiscalização Ambiental (Redlafica), foram apreendidos quatro ovos de falcão-peregrino (Falco peregrinus) com um passageiro em trânsito internacional, cujo destino final eram os Emirados Árabes Unidos. Como resultado da operação, duas aves eclodiram e foram reintroduzidas na natureza em seu país de origem.

Outra atuação relevante foi uma operação conjunta entre o Ibama e a PF, que resultou na prisão de quatro passageiros estrangeiros e na apreensão de mais de 150 ovos férteis de espécies nativas brasileiras, incluindo psitacídeos, como papagaios e araras, e ramphastídeos, como tucanos.

Uma operação de fiscalização e investigação envolvendo o Ibama, a Receita Federal e a PF identificou e desarticulou uma rede de tráfico internacional de ovos de peixes ornamentais do tipo killifish (peixes anuais). O tráfico era realizado por via postal e tinha como destino 14 países em quatro continentes (Europa, Ásia, América do Norte e América do Sul), envolvendo 21 pessoas na cadeia criminosa, incluindo pesquisadores e aquaristas colecionadores.

Vale relembrar também a apreensão de aproximadamente 1,8 mil quilos de barbatanas de tubarão, com destino principal a Hong Kong. O tráfico das barbatanas foi impedido por meio de gerenciamento de risco e fiscalização aduaneira da Receita Federal. A ação conjunta entre as duas instituições abrangeu ainda apreensões de outros produtos da fauna marinha – como pepinos-do-mar, bexigas natatórias e cavalos-marinhos – e madeira serrada, como pau-brasil e jacarandá-da-Bahia, em operações de fiscalização tanto de cargas quanto de bagagens de passageiros.

A Conferência

O evento, realizado poucos dias antes da COP30 e da Cúpula de Líderes Mundiais em Belém, reuniu líderes governamentais, agências de aplicação da lei, setor privado e organizações de conservação de todo o mundo, reafirmando o compromisso brasileiro com a liderança ambiental global. Organizado pela The Royal Foundation, em parceria com a Interpol, o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) e a Polícia Federal do Brasil (PF), o Summit reuniu ministros do Meio Ambiente, chefes de agências de aplicação da lei, líderes empresariais e especialistas em conservação para discutir estratégias de combate ao crime ambiental transnacional.

A United for Wildlife é um programa da The Royal Foundation liderado pelo Príncipe de Gales, Príncipe William, que, ao longo de uma década, expandiu sua atuação para seis continentes, contando com uma rede global de mais de 400 parceiros. A rede já contribuiu para mais de 650 casos de aplicação da lei, 600 prisões e mais de 350 apreensões de produtos ilegais de vida silvestre, tendo treinado mais de 150 mil pessoas na detecção de crimes ambientais.

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