A Hepatite C é um processo infeccioso e inflamatório causado pelo vírus C da hepatite e que pode se manifestar na forma aguda ou crônica, sendo esta segunda a forma mais comum. A hepatite crônica pelo HCV é uma infecção de caráter silencioso que evolui sorrateiramente e se caracteriza por um processo inflamatório persistente no fígado. Aproximadamente 70% (55-85%) dos casos agudos se tornam crônicos e, entre os casos crônicos, o risco de desenvolvimento de cirrose varia entre 15% a 30% em 20 anos (OMS, 2024).
O risco de desenvolvimento de carcinoma hepatocelular (CHC) em pacientes infectados pelo HCV aumenta de 15 a 20 vezes, com a incidência anual de CHC estimada em 1% a 4% em pacientes cirróticos ao longo de um período de 30 anos (Axley et al, 2018). O risco anual de descompensação hepática é de 3% a 6%. Após um primeiro episódio de descompensação hepática, o risco de óbito, nos 12 meses seguintes, é de 15% a 20% (WESTBROOK DUSHEIKO, 2014).
Transmissão
- Contato com sangue contaminado por meio da reutilização ou não esterilização correta de dispositivos médicos e odontológicos.
- Compartilhamento de agulhas, seringas, cachimbos e outros equipamentos para uso de drogas.
- Compartilhamento de objetos de uso pessoal como lâminas de barbear e depilar, escovas de dentes, lixas, tesouras e alicates.
- Transmissão de mãe para o filho durante a gestação ou parto (menos comum).
- Uso de materiais não esterilizados para manicure e pedicure.
- Reutilização de materiais para tatuagem e inserção de piercings;
- Procedimentos invasivos (ex.: hemodiálise, cirurgias, transfusão) sem os devidos cuidados de biossegurança;
- Uso de sangue e seus derivados contaminados;
- Relações sexuais sem o uso de preservativos (menos comum);
A hepatite C não é transmitida pelo leite materno, comida, água ou contato casual, como abraçar, beijar e compartilhar alimentos ou bebidas com uma pessoa infectada.
Sinais e Sintomas
Aproximadamente 80% das pessoas com hepatite C não apresentam sintomas. Para os 20% sintomáticos, o período entre a infecção e o início dos sintomas varia de 2 a 12 semanas. Os sintomas incluem principalmente febre, fadiga, náusea, vômito, diarreia, dor abdominal, urina escura, fezes claras e icterícia (pele e olhos amarelados). Como os sintomas são geralmente leves e inespecíficos, o diagnóstico da hepatite C aguda pode passar despercebido. Assim, a testagem espontânea da população é imprescindível no combate à hepatite C. (Liu & Kao, 2023)
Diagnóstico
Habitualmente, a hepatite C é descoberta em sua fase crônica. Normalmente, o diagnóstico ocorre após teste rápido de rotina ou por doação de sangue. Esse fato reitera a importância da realização dos testes rápidos ou sorológicos, que apontam a presença dos anticorpos anti-HCV. Se o teste de anti-HCV for positivo, é necessário realizar um exame de carga viral (HCV-RNA) para confirmar a infecção ativa pelo vírus. Após esses exames o paciente poderá iniciar seu acompanhamento e tratamento, ofertado gratuitamente pelo SUS, com medicamentos capazes de curar a infecção e impedir a progressão da doença.
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Tratamento
O tratamento da hepatite C é feito com os chamados antivirais de ação direta (DAA), que apresentam taxas de cura de mais 95% e são realizados, geralmente, por 12 ou 24 semanas. Os DAA revolucionaram o tratamento da hepatite C, e possibilitam a cura da infecção na maioria dos casos.
Pessoas com infecção pelo vírus da hepatite C (HCV) podem receber o tratamento pelo SUS. O médico, tanto da rede pública quanto da suplementar, poderá prescrever o tratamento seguindo as orientações do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Hepatite C e Coinfecções. Pacientes em fase inicial da infecção podem ser tratados nas unidades básicas de saúde, sem a necessidade de consulta na rede especializada para dar início ao tratamento.

