Atividades de vacinação de alta qualidade (Avaq)
Sobre o Microplanejamento
As atividades de vacinação de alta qualidade (Avaq) são executadas por meio do Programa Nacional de Imunização (PNI) na Região das Américas, no programa de rotina e em campanhas de seguimento, intensificações e ações extramuros, e têm sido um sucesso há mais de 40 anos, sendo a principal responsável pela eliminação e controle de várias doenças preveníveis por vacinas, como varíola, poliomielite, rubéola, síndrome da rubéola congênita, sarampo e tétano neonatal.
No entanto, mesmo antes do início da pandemia de covid-19, o mundo já estava passando por um período de declínio nas coberturas vacinais. A Organização Mundial da Saúde (OMS) informou que, em 2019, somente 85% das crianças do mundo receberam a vacina DTP3. Estimativas publicadas recentemente no relatório 2021 de cobertura nacional de imunização mostraram que a taxa de cobertura de DTP3 diminuiu ainda mais, chegando a 80%.
Nesse contexto, o microplanejamento (MP) das atividades de vacinação tem garantido a alta qualidade destas atividades, seja no programa de rotina, seja em estratégias como campanhas, intensificações, varreduras, vacinação casa a casa, entre outras, partindo da aplicação de critérios e indicadores de eficácia, homogeneidade, oportunidade, simultaneidade e eficiência. O MP é um processo que vem sendo realizado por profissionais da imunização do nível local dos países da Região da Américas nas últimas duas décadas, no entanto, sem ser sistematizado ou documentado.
Como funcionam as ações
O microplanejamento (MP) parte do reconhecimento da realidade local, considerando as características sociodemográficas, econômicas, sociais e necessidades dos municípios e das suas menores divisões, como a área de abrangência de uma equipe da Estratégia Saúde da Família (ESF) e Unidade Básica de Saúde (UBS), fortalecendo a descentralização e a territorialização.
Ele deve ser desenvolvido por profissionais de saúde dos diferentes níveis de atenção que compõem o Sistema Único de Saúde (SUS) nas diversas áreas relacionadas com as imunizações, como o Programa de Imunização, Vigilância Epidemiológica (VE), Atenção Primária à Saúde (APS) e Saúde Indígena.
O Ministério da Saúde é responsável pela organização e implementação da metodologia, que inclui a formação de facilitadores nos níveis nacional, estadual e municipal, em ondas de formação, promovendo as atividades no formato presencial ou semipresencial e o seguimento da implementação do processo de MP.
Objetivo
O objetivo central do MP é assegurar a realização das Atividades de Vacinação de Alta Qualidade (AVAQ), recuperando e sustentando altas coberturas vacinais, tanto nos programas de rotina quanto em estratégias específicas. Dessa forma, contribui diretamente para a erradicação, eliminação e controle das doenças imunopreveníveis. O MP também reforça as funções essenciais e gerenciais do Programa Nacional de Imunizações (PNI) e promove o uso de ferramentas que sistematizam, organizam e orientam a execução das ações. Entre seus eixos principais, destacam-se:
- Identificação da população-alvo no nível local, permitindo o direcionamento das ações de vacinação, gestão de recursos e elaboração de planos específicos para cada território;
- Mobilização social e comunicação, ampliando o engajamento comunitário e fortalecendo a confiança nas vacinas;
- Gestão logística, assegurando vacinas, insumos e materiais adequados para a execução das ações;
- Monitoramento contínuo da cobertura vacinal, identificando áreas suscetíveis e orientando intervenções oportunas.
Etapas
O processo de MP é desenvolvido em etapas interdependentes, que organizam, executam e avaliam as ações de vacinação de forma sistemática e eficaz. Cada etapa gera produtos que orientam a tomada de decisão e o aprimoramento contínuo da estratégia:
Etapa 1: Análise da situação de saúde | Coleta, organização e interpretação de dados epidemiológicos, demográficos e operacionais, incluindo mapeamento de localidades, setorização do território e análise da capacidade instalada dos serviços.
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Etapa 2: Planejamento e programação | Cálculo das necessidades (vacinas, insumos e recursos humanos), definição de cronogramas e organização das equipes.
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Etapa 3: Seguimento e supervisão | Acompanhamento sistemático da execução das ações, com destaque para o Monitoramento Rápido de Vacinação (MRV), que permite identificar bolsões de suscetíveis e pendências de imunização.
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Etapa 4: Avaliação dos resultados | Comparação dos resultados alcançados com as metas estabelecidas, identificando avanços, desafios e lições aprendidas.
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Ações
A multivacinação
A equipe do Ministério da Saúde implementou a oficina de Microplanejamento nos estados, de forma que, ofertou o método para estados e seus municípios para o planejamento das ações de multivacinação. As ações ocorreram no 2º semestre de 2023 em seguimento ao processo do microplanejamento que antecedem e instrumentalizam a partir do método proposto para uma nova perspectiva de execução da Multivacinação.
Nova fase
Com base em um processo de escuta das equipes locais e na análise das experiências acumuladas em 21 oficinas realizadas entre 2023 e 2024 em todas as Unidades Federativas, o Manual do Microplanejamento para as AVAQ foi atualizado.
As mudanças incorporaram lições aprendidas e inovações metodológicas, como:
- Reordenação lógica dos conteúdos;
- Adequação da linguagem para maior clareza e aplicabilidade;
- Ampliação do olhar sobre populações vulnerabilizadas;
- Abordagem mais detalhada sobre comunicação de risco.
Essas atualizações conferem ao manual maior objetividade e alinhamento com os desafios atuais do campo da imunização. O novo documento prioriza a integração entre análise de dados, planejamento estratégico, vigilância de eventos adversos, comunicação social e mobilização comunitária, reforçando uma abordagem territorial, intersetorial e centrada nas pessoas.
Mais do que uma atualização técnica, trata-se de um convite à institucionalização do MP como prática contínua e estruturante da rotina dos serviços de saúde. O manual se apresenta como uma ferramenta viva, que dialoga com o cotidiano dos profissionais e contribui para transformar desafios em oportunidades, promovendo equidade, eficiência e confiança nas ações de vacinação.