Alerta: Brasil concentra 40% de todo o conteúdo antivacina do continente

No Dia Nacional da Vacinação, celebrado em 17 de outubro, o Saúde com Ciência faz um alerta: o Brasil é o país que concentra 40% de todo o conteúdo antivacina da América Latina e do Caribe, segundo levantamento do Laboratório DesinfoPop/FGV. A data é um lembrete da importância da vacinação para a proteção da vida das pessoas.

O estudo analisou mais de 80 milhões de mensagens em grupos do Telegram, de 18 países. O conteúdo aponta uma quantidade expressiva de conteúdos falsos sobre as vacinas e falsos danos causados pela vacinação que ajudam a diminuir a cobertura vacinal nos países, em especial no Brasil.

A desinformação sobre a segurança e eficácia das vacinas leva ao medo e desconfiança da população, contribuindo para a redução das coberturas vacinais e aumento do risco de reintrodução e disseminação de doenças na população. As vacinas são um dos produtos mais seguros e eficazes na prevenção de doenças e evitam, anualmente, mais de 3,5 milhões de mortes em todo o mundo

Principais narrativas

Segundo o estudo, as publicações antivacinas aumentaram mais de 680 vezes durante o período de 2019 a 2021, em que o mundo passava pela a pandemia de covid-19. Em 2025, as desinformações ainda circulam 122,5 vezes mais do que em 2019.

Quase 40% de todo o conteúdo antivacina da América Latina e do Caribe analisado circula em grupos brasileiros (é preciso considerar que o país é o mais populoso da região analisada). O país lidera o volume de mensagens e o número de usuários ativos em comunidades sobre vacinas. Só o Brasil já circulou mais de 580 mil conteúdos em suas comunidades próprias do aplicativo.

A pesquisa lista 175 danos falsos que foram atribuídos às vacinas e 80 substâncias vendidas como “antídotos” ou “desintoxicantes - detox” com a falsa promessa de desfazer os efeitos das vacinas, revelando um mercado lucrativo, impulsionado pela propagação do medo e desconfiança nas pessoas com a publicação e disseminação de desinformações nas redes sociais.

As principais Fake News associadas às vacinas foram: morte súbita, alteração do DNA, envenenamento, câncer e autismo. Já em relação ao “detox vacinal”, prática considerada de risco e ineficaz, as narrativas avaliadas recomendavam o uso de diversas substâncias e procedimentos, como: dióxido de cloro, ivermectina, zeólita, alho e práticas como o aterramento (ficar descalço no solo).

O Saúde com Ciência já publicou diversos artigos explicando as desinformações e mostrando, com base na ciência, que vacinas são seguras e eficazes.

Pandemia da covid-19

De acordo com o documento, a pandemia de covid-19 foi a porta de entrada para a explosão da desinformação sobre autismo no continente. Entre 2019 e 2024 (cinco anos), o volume de conteúdos enganosos sobre autismo cresceu 15.000% (mais de 150 vezes), com um aumento expressivo de 635% (7,35 vezes) apenas durante o período pandêmico (2020-2021).

Importância da vacinação

Você sabia que as vacinas estão entre os medicamentos mais seguros do mundo? Todas as vacinas têm a eficácia e a segurança comprovadas e validadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e seguem orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde para administração.

Os imunizantes só são incorporados ao Sistema Único de Saúde (SUS) após análise rigorosa que considera, entre outros critérios, segurança, eficácia e custo-efetividade, à luz das necessidades de saúde pública. Todos os produtos utilizados no país são submetidos a controle de qualidade pelo Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz).

Além disso, a segurança das vacinas e demais imunobiológicos é acompanhada de forma contínua e sistemática por meio da farmacovigilância pós-comercialização, realizada de maneira articulada entre os laboratórios produtores, o Programa Nacional de Imunizações (PNI), a Anvisa, o INCQS, as Secretarias de Saúde e os serviços e profissionais de saúde. Essa coordenação garante a proteção e a confiança da população brasileira nas ações de imunização.

Dia D nacional de multivacinação

O Ministério da Saúde realiza neste sábado (18), em parceria com estados e municípios, o Dia D nacional de multivacinação. O objetivo é atualizar a caderneta de crianças e adolescentes menores de 15 anos. A ação integra a Campanha Nacional de Multivacinação, estrelada pela apresentadora Xuxa Meneghel, a eterna rainha dos baixinhos, e tem como mensagem principal: “Vacinar é cuidar de quem você ama — Vacinar é a nossa força”.

Mais de 15 vacinas serão ofertadas gratuitamente, conforme o Calendário Nacional de Vacinação. Para atualizar a caderneta, basta que pais e responsáveis levem as crianças e adolescentes a uma Unidade Básica de Saúde (UBS). Ao todo, 22 milhões de doses foram distribuídas para atender as necessidades da população brasileira.